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Reflexões de um folião acanhado
Reflexões de um folião acanhado
Foto do autor Luiz Antonio Mello Luiz Antonio Mello
Por: Luiz Antonio Mello Data da Publicação: 03 de fevereiro de 2024FacebookTwitterInstagram

Algumas pessoas perguntam sobre a veracidade do que escrevo aqui. Respondo que tem de tudo; realidade pura, ficção delirante; muita verdade, mas, certeza absoluta, nada de canalhice, princípio ativo da mentira.

Quando, há quase 35 anos, escrevi em algum lugar que a corrupção ia acabar com o planeta, não estava dando uma de visionário, apenas abrindo espaço para minha provável sensatez.

Hoje, o Brasil brilha como segundo colocado mundial no consumo de cocaína. Cerca de seis milhões de brasileiros provam cocaína alguma vez na vida em cada ano que passa, e 3 milhões usaram a droga no último ano.

Significa que o Brasil é o segundo consumidor mundial da substância e seus derivados, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

A segunda edição do Relatório Nacional de Álcool e Drogas, elaborado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostrou que 5,6 milhões de adultos e 442 mil menores, que têm entre 14 e 17 anos, admitiram ter consumido cocaína na forma de produtos derivados como crack, óxi e merla.

O tráfico, seja de drogas, de pessoas, qualquer tráfico, é a mãe de todas as corrupções, capaz de derrubar governos, arruinar famílias, destruir Estados.

Isso é real.

Já uma crônica que publiquei há tempos, chamada “Tempero da Somália” é totalmente híbrida. A pensão existiu em uma época, o japonês em outra, mas o seu apelido não era Tijolo e sim Rola de Pombo. Na verdade, ele era um quase japa que veio de São Paulo, mas trabalhava num restaurante nas imediações de Benfica, Rio.

“Tempero da Somália”, a pensão, foi inspirada em um comedouro a quilo onde, no desespero, de vez em quando almoçava. 

O lugar era quente pra cacete, o que altera o humor das pessoas, empilhadas umas sobre as outras disputando milímetros. E como mais 90% dos comensais tinham quase 100 anos berrava-se muito. Quase todos surdos. A minha audição, de tanta música gritante, começou a patinar mas até hoje não me disseram que falo alto. Ainda.

O sujeito que anda de bicicleta latindo existe. 

Recentemente eu o vi numa rua de Icaraí (Niterói) latindo loucamente, suando e tomando uma chuva de cusparadas de passageiros de ônibus. Lembro dos tempos em que tinha um Gurgel (jipe) dos anos 80, branco, conversível. 

Quando andava sem a capota, os passageiros de ônibus jogavam tudo em cima de mim, tangerina, jornais embolados, pilha usada, cigarro aceso e chovia cuspe. Humor brasileiro.

Na crônica “Tempero da Somália” morre gente. Pura ficção. A pensão que cito na zona portuária existiu naqueles morrotes que cercam a região que era a mais promíscua da Praça Mauá, Rio, e lá em cima existia a pensão Pinguim, baratíssima, quente pra caramba e o dono, que não era japonês, dizia que era alérgico a vento justificando a falta de ventiladores. 

Ou seja, está tudo conectado, mas vem de épocas totalmente distintas.

No caso de “Mente Caótica”, que escrevi e publiquei, é tudo verdade. Claro, em alguns momentos carreguei nas tintas para ficar mais interessante, mas rigorosamente todos os fatos que narro aconteceram, já que todo mundo tem história bizarra para contar. Afinal quem nunca achou uma casca de banana na bolsa em uma sala de espera de hospital?

Quem sabe um dia desses, conto essa.

O Carnaval vem aí.

Que beleza!

 

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