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ENTREVISTA: MARCUS LACERDA. REPORTAGEM E TRANSCRIÇÃO: SAULO ANDRADE A ANDERSON CARVALHO
O advogado, economista e deputado federal Marcelo Cid Heráclito Queiroz (Progressistas) – de 39 anos - já foi vereador, deputado estadual, secretário municipal e estadual. A história dele na política começou no movimento estudantil da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio, onde presidiu o centro acadêmico. Uma das principais bandeiras do deputado federal - eleito em 2022 - é a causa animal: o que pode ser observado por quem acompanha as propagandas eleitorais do candidato a prefeito do Rio, nestas eleições: seja em desenhos animados, em imagens de campanha, ou quando Queiroz aparece, segurando um cão ou um gato.
“Sou o cara que mais ama animal no estado. Defendo muito isso no Legislativo. Idealizei o maior programa de castração gratuita do mundo, com mais de 500 mil; além de 72 clínicas conveniadas e seis castramóveis”, enumera, ressaltando que pretende aumentar a pena para quem pratica maus-tratos a animais.
Nesta entrevista – parte de uma série de sabatinas com candidatos a prefeito da capital e do Leste Fluminense, realizadas por A Tribuna -, o advogado conta um pouco sobre suas propostas para o Rio, caso venha a ser eleito em outubro, na Cidade Maravilhosa. Confira.
Saúde
Ao se referir à área da Saúde, o deputado carioca – que é transplantado renal - destaca que já vivenciou, na pele, problemas como, por exemplo, o seu próprio tratamento de câncer. Ele quer mudar e realidade do dia a dia de quem está na fila do Sisreg (Sistema de Regulação) da Secretaria Municipal de saúde. “A fila é mais conhecida que o próprio serviço. São mais de 300 mil, nela”, critica o deputado, que quer valorizar os médicos e implantar a telemedicina na gestão pública.
Mobilidade urbana
Queiroz avalia mal o modelo e a insistência em se investir, no Rio, no modelo rodoviário: o que classifica como um “erro estratégico”. “Na época de Juscelino Kubitschec, optou-se pelo transporte rodoviário. O Rio continua na década de 1950, com um modal rodoviário, que não é de massa. O BRT não atinge o objetivo do transporte público”, observa.
Ele cita ainda que, na prática, o BRT Transbrasil, que vai apenas do Centro da cidade a Deodoro, precisa ser complementado, a partir de um “trem suspenso”:
“Quem é prefeito do Rio precisa pensar de forma macro. É importante haver uma interlocução com as cidades limítrofes: um trem de Deodoro a Santa Cruz, levando passageiros para Itaguaí e Mangaratiba. É transporte de qualidade, que não atrapalhe o trânsito”.
Cidade partida
Na avaliação de Queiróz, é preciso mudar o foco de um projeto que falhou: o Porto Maravilha, que “não foi entregue como esperado”. “O Centro, que era pujante, está largado. Não há uma alma viva passando por aquelas ruas. O Rio precisa criar emprego perto das casas das pessoas. Investir menos em transporte e mais em emprego, ao lado da moradia da população”, almeja.
Secretarias inchadas
O deputado reivindica a volta da Secretaria Municipal de Administração e critica o fato de, hoje, o governo contar com 29 secretarias e 32 funcionários com status de secretário:
“É muita coisa. Hoje, o que se vê, é muito morador de rua. O secretário de Assistência Social é quem deveria cuidar disso, mas quem o faz é o de Saúde, do grupo político de Eduardo Paes”.
Mudanças climáticas
Se eleito prefeito, Marcelo Queiróz pretende implementar um “projeto ambicioso” para fiscalizar e minimizar os impactos das mudanças climáticas no Rio: plantar mais árvores nos morros.
“Fui secretário de Meio Ambiente. Temos que plantar árvores nas áreas de floresta, na Zona Oeste. Quem anda por Bangu e Campo Grande se depara com morros carecas que poderiam ser grandes florestas”.
Outra possível iniciativa de um virtual governo dele é a mudança de procedimento, em relação aos licenciamentos ambientais. “Na Secretaria de Meio Ambiente, não se deve permitir construir aberrações. Eduardo Paes transferiu a tarefa para o Desenvolvimento Econômico. Arrisca-se acontecer o que houve no Sul. No Rio, já estão ocorrendo alagamentos constantes”, destacou, lembrando ainda que, atualmente, o que o atual prefeito faz, no que diz respeito ao clima, não basta:
“Quando ocorrem os alagamentos, ele dá muita entrevista, mas resolve muito pouco. Proponho ações concretas, como o projeto de hortas cariocas. Importante também desenvolver a frota de ônibus elétricos”.
Transparência e avaliação popular
De acordo com o prefeitável, o governo deve ser avaliado pela própria população - e não pela gestão. “É o filho quem deve avaliar as merendas das escolas. O cara que vai à Clínica da Família, quando é mal atendido, a prefeitura, hoje, não sabe da existência dele”, criticou, ressaltando que o processo de transparência deve ser aberto para todos.
Funcionalismo
Uma das principais bandeiras de campanha do candidato é a valorização do funcionalismo. Recentemente, ele criticou, em suas redes, o fato de os servidores públicos receberem apenas R$ 12 para se alimentarem, na hora do almoço. “Não dá para comer nada. É uma realidade difícil. O salário se desvalorizou em 20%, em relação à inflação”, protestou, acrescentando que, além do servidor público, os funcionários das OSs (organizações sociais) também devem ter seus salários divulgados:
“Isso vale para quem é concursado e também para as OSs, que gerenciam alguns hospitais e Clínicas da Família. Hoje, burla-se o princípio básico da Constituição (transparência). É preciso valorizar os bons funcionários e tirar os ruins”.
Habitação
Marcelo Queiróz ressalta que, depois dos programas “Favela Bairro” e “Rio-Cidade”, do ex-prefeito e atual vereador César Maia (PSD), nunca mais foi feito algo, em termos de política habitacional no município:
“A favela mais antiga do Rio não conta com um programa de urbanização. A cidade vive um período de marasmo. Precisamos de um novo caminho, pensando no futuro, que seja desvinculado das olimpíadas de 2016. O grande problema é a falta de casa para as pessoas”.
Segurança
O economista promete não ficar de “braços cruzados”, na pauta da Segurança Pública.
Ele destaca a importância de se realizar reuniões periódicas da prefeitura com os governos federal e estadual, na tentativa de resolver o problema. “O Rio precisa contribuir com o – programa - Segurança Presente. Quem discute se a Guarda Municipal deve ou não ser armada, nunca visitou uma inspetoria. Os guardas têm de bancar tudo do próprio bolso. Proponho um sistema de câmeras em toda a cidade”, detalhou.
Carnaval
Há muitos anos militando no Carnaval, Marcelo Queiróz é crítico do atual modelo da gestão para a festa popular. “Dá para se fazer algo melhor, na Intendente Magalhães, no Campinho. As escolas de samba são molas mestras de projetos sociais. Muitas quadras estão vazias e deveriam ser aproveitadas como pontos turísticos, com projetos sociais, durante o ano todo”, concluiu, lamentando o fato de haver poucas oportunidades – como a ofertada por A Tribuna - para se debater a cidade, no atual período eleitoral:
“A cidade está economicamente esvaziada. Só foram três debates, até agora”.