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Ao contrário do que se diz, no carnaval as pessoas não colocam máscaras; no carnaval elas tiram as máscaras. Fazem isso jocosamente, quem sabe, por ser essa a única forma possível de cada um suportar a visão daquilo que é. Sem máscaras, porém jocosamente.
Certa vez alguém me perguntou, brincando: Então, para os 4 dias de carnaval são precisos 40 dias de Quaresma? Evidentemente, ri da brincadeira, primeiro, por não serem apenas 4 dias de carnaval: em vários lugares o carnaval começa antes e não termina na terça-feira. Em segundo, porque o tempo da Quaresma tem a finalidade de ser um tempo de preparação para a Páscoa, não de chorar qualquer leite derramado. Ele olha para o futuro, não para o passado.
Na Quaresma, também tiramos as máscaras. Aliás, esse é o grande convite da Quaresma: tirar as máscaras para ser-se naquilo que é, sem medo. Na Quaresma, o que se impõe é a questão da verdade.
A verdade é uma luz.
Muitos de nós buscam a verdade como os olhos buscam a luz, dia e noite, sem descanso, levados pela busca do absoluto. A verdade não é uma questão teórica. A questão da verdade não é senão a da origem, do sentido e do objetivo da vida humana. Ela fundamenta a existência, dando-lhe a razão de ser. Desde o relato da Criação, a verdade é aquilo que tira o homem do barro, para fazê-lo único, irrepetível, pessoal. O barro é impessoal. A verdade resgata o homem da impessoalidade de uma massa inerte para transformá-lo em pessoa. Ela confere humanidade porque confere pessoalidade, procura o sentido de cada um, lá, onde estão as suas raízes, no chão em que estão plantadas.
Que a busca pela luz da verdade jamais se apague em nossas vidas.
(Voltaremos ao tema)