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No dia 2 de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que um túnel submerso, ligando as cidades de Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo, seria feito.
Com extensão de 860 metros, a obra é estimada em R$ 5,8 bilhões e terá recursos da União e do Governo de São Paulo.
O anúncio do túnel paulista trouxe à tona outro projeto famoso de ligação submersa, que nunca saiu do papel: o trajeto Rio-Niterói.
A famosa Linha 3 do metrô ligaria a Praça XV, na capital, à Praça Araribioia, na Cidade Sorriso, e iria até Alcântara, em São Gonçalo.
A Tribuna entrou em contato com as prefeituras do Rio de Janeiro, de Niterói, e com o MetrôRio, para saber se havia algum avanço em relação à Linha 3.
A resposta recebida foi a mesma: o assunto deve ser tratado, exclusivamente, com o Governo do Estado.
Procurado, o Governo do Estado disse que havia respondido, na última quarta-feira (7), os questionamentos do Tribunal de Contas do Estado (TCE), sobre a Linha 3.
No fim do ano passado, o governo iniciou movimentos para a contratação de estudos de viabilidade.
A reportagem entrou em contato com o TCE-RJ, que informou que o que estava sendo analisado era “a concorrência pública que tem como objeto a contratação de estudos de viabilidade visando à implantação de trechos metroviários utilizando Modelagem de Informação da Construção (BIM)”.
O número do processo é 119.679-7/2023 e pode ser acessado neste link.
O deputado estadual Vitor Júnior, do PDT, também foi procurado, mas não retornou, até o fechamento desta matéria.
Ele encabeça o projeto envolvendo a Linha 3, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ).
Entenda a história
A ideia de uma ligação submersa entre Rio e Niterói existe desde os tempos do Império.
Segundo documentos da Biblioteca Nacional, em 1875, um projeto chamado “Rio de Janeiro & Nitheroy Tubular Railway” chegou a ser planejado, com plantas e orçamento.
O intuito era fazer uma linha férrea sob a Baía de Guanabara. Porém, já naquela época, não havia recursos para avançar com a empreitada.
Quase 100 anos depois, em 1968, saiu o plano original do metrô do Rio.
Nele, a ligação até São Gonçalo estava prevista, fazendo parte da Linha 2, que ligaria o Estácio às estações Catumbi, Praça da Cruz Vermelha, Avenida Chile, Carioca 2 e Praça XV, seguindo o trajeto citado anteriormente neste texto.
Entre 1987 e 1988, a Linha 2 chegou a ganhar forma, com a extinção do plano da estação Catumbi, mas com o início das escavações entre o Estácio e a Praça da Cruz Vermelha.
Porém, as obras nunca foram concluídas.
No entanto, a plataforma da Carioca 2 existe e está fechada ao público, e o buraco pra a construção da estação Praça da Cruz Vermelha chegou a ser escavado, mas foi erguido um prédio no local, na primeira década do século XXI.
Inclusive, em 2000, segundo uma reportagem de O Globo, um estudo do BNDES mostrou que a construção da Linha 3 seria viável, beneficiando 750 mil passageiros por dia.
Entretanto, em 2009, por suspeita de sobrepreço, o Tribunal de Contas da União suspendeu o projeto.
Na última expansão do metrô, para a Olimpíada de 2016, no Rio, uma matéria de 2014, também de O Globo, mostrou que a Linha 3 foi orçada, em 2011, em R$ 3 bilhões.
Para efeito de comparação, a Linha 4, que foi feita e chegou à Barra da Tijuca, custou R$ 8,8 bilhões.