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Um dos principais pontos turísticos da cidade, o Forte Gragoatá poderá ser aberto ao público em breve. A ideia é que o espaço faça parte da rota de visitação dos sítios históricos do munícipio, que inclui a Fortaleza de Santa Cruz, Forte Imbuhí e o Grupo Monte Bastione. A proposta foi conversada em uma reunião, no próprio Forte, entre o presidente da Niterói Empresa de Turismo e Lazer (Neltur), André Bento, e o Assistente do Comandante da Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército (AD/1), Capitão Henri.
Na reunião, foi destacada a história e a importância dos fortes para a cultura e o turismo da cidade. Além disso, foram pontuadas algumas das necessidades de infraestrutura no local para que o espaço tenha maior acessibilidade aos turistas como a ampliação de placas indicativas no roteiro.
O presidente da Neltur ressaltou a importância de incluir o Forte Gragoatá no roteiro turístico da cidade, não só pelo seu valor histórico, mas por ser um patrimônio que faz parte da cultura, da memória e da transformação de Niterói. Bento disse ainda que as necessidades de infraestrutura do Forte Gragoatá serão levadas ao prefeito de Niterói, Axel Grael, e falou da importância da capacitação de estagiários para atuarem no Forte numa conexão com o Museu de Arte Contemporânea (MAC) e outros equipamentos.
“A aproximação entre a Prefeitura de Niterói, a Neltur e o Exército prometem impactar o turismo na cidade, através dos Sítios Históricos como a Fortaleza de Santa Cruz, o Forte Gragoatá, Forte do Pico, Forte São Luís e Monte Bastione”, afirmou.
Etimologia
O nome do bairro é uma referência a uma planta típica da região, o gragoatá ("Bromelia balansae"). A antiga praia de São Domingos, um extenso areal hoje cortado, ficou assim conhecida por uma primitiva capela alí erguida em 1652, sob a invocação de São Domingos, atual Igreja Matriz de São Domingos.
O Forte de Gragoatá foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 24/05/1938. Há controvérsia sobre a data de sua construção. O certo é que em 17 de novembro de 1698, uma Carta Régia mandava pagar as obras ali realizadas por Pedro Gomes de Barros, obras que teriam sido malfeitas, a ponto de, em 1701, o vice-rei ter mandado proceder contra os empreiteiros por “falsificação das obras que haviam feito”.
Salvador Mata e Silva afirma ser este o segundo Forte mais antigo de Niterói, após a Bateria de Nossa Senhora da Guia, que remonta ao final do século XVI; os arquivos relativos ao tombamento, no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, registram que um forte já existia em 1660, quando vários oficiais se dirigiram à Coroa Portuguesa, solicitando a sua conservação e reparação;
Com a Revolta da Armada, o Forte de Gragoatá, ocupado por um batalhão de estudantes da antiga Escola Politécnica e das escolas militares, sob o comando tenente Edgard Francisconi Gordilho, tomou a defesa do governo, e manteve o fogo de sua artilharia sobre os rebeldes.
Na madrugada de 9 de fevereiro de 1894, os revoltosos desembarcaram na ponta da Armação, em Niterói, na tentativa de assalto ao Forte de Gragoatá, onde o Batalhão Acadêmico, sob o comando do capitão Agostinho Ramindo Gomes de Castro, com o apoio da Fortaleza de Villegaignon e da Fortaleza da Ilha das Cobras, resistia ao fogo do Encouraçado Tiradentes e do Cruzador República.
Com o fim da revolta (13 de abril de 1894), dois dias após, o Forte de Gragoatá foi visitado pelo presidente Marechal Floriano Peixoto, que, em homenagem, mudou o seu nome para Forte Batalhão Acadêmico.
Desarmado no início do século XX, desde 1936 a comunidade local mobilizou-se para utilizar as instalações do Forte como espaço cultural e de lazer. Nesse ano, o grupamento de escoteiros da Boa Viagem, sob a orientação do almirante Benjamim Sodré, retirou das águas fronteiras um velho canhão colonial de alma lisa, carcomido pela ferrugem, além de um obuseiro datado de 1861, contemporâneo da reforma de 1863. Dois anos mais tarde, em 1938, procedeu-se o tombamento pelo Patrimônio Histórico e Artístico Cultural.
Por iniciativa do interventor federal, Almirante Ernani do Amaral Peixoto (1937-1945), o Ministério da Guerra cedeu o imóvel ao governo do Estado do Rio de Janeiro, para que nele fosse abrigado o Monumento e Museu da Fundação da República, criado em 26 de agosto de 1941.
Com a mesma finalidade, a Prefeitura Municipal de Niterói (gestão Barros Júnior), promoveu, em 1943, obras de melhoria do entorno, construindo um jardim público, com bancos e replantio de flores e gramados, atendendo ao anseio da comunidade. O prosseguimento das obras, bem como o projeto do Museu não foram concretizados em função do ingresso do Brasil na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Em 1952, sendo governador do estado do Rio de Janeiro, Ernani do Amaral Peixoto (1951-1954), o imóvel abrigou a seção fluminense da Colônia de Pintores do Brasil, por iniciativa do artista-plástico Levino Fânzeres (1884-1956), instituição por ele fundada para o ensino livre de pintura, numa experiência de curta duração.
Ao final da década de 1950, o imóvel reverteu ao Ministério da Guerra, passando a abrigar a 3ª Brigada de Artilharia de Costa, tendo sediado a 2ª Brigada de Infantaria Motorizada (Brigada Arariboia) até a sua transferência.