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Mais um passo importante para tornar o Fluminense em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) foi dado na noite desta segunda-feira (8). Em reunião, uma proposta foi apresentada ao Conselho Deliberativo do Clube e publicada no Portal da Transparência. Os termos da proposta foram entregues pelo sócio da Lazuli Partners e LZ Sports, Carlos de Barros, que representa o fundo de investidores.
A reunião que durou quase cinco horas no Salão Nobre da sede das Laranjeiras foi transmitida ao vivo no canal do YouTube do clube, a FluTV. A proposta já está disponível no Portal da Transparência do Fluminense, podendo ser acessada neste link: bit.ly/PropostaSAF.
Além da apresentação da proposta, os conselheiros puderam se manifestar e fazer perguntas para o presidente Mário Bittencourt, o vice-presidente Mattheus Montenegro e para o sócio da Lazuli Partners e LZ Sports, Carlos de Barros.
A proposta foi entregue na tarde desta segunda-feira (8), em reunião que contou ainda com a presença do sócio responsável pela área de Fusões e Aquisições do BTG Pactual, Alessandro Farkuh.
A proposta
A SAF do Fluminense, caso aprovada, terá 40 investidores milionários, torcedores do clube, adquirindo cotas da empresa que comandará o futebol. Os cotistas foram reunidos pela Lazuli Partners, uma gestora de investimentos, cuja subsidiária LZ Sports é a responsável pela proposta.
O plano definido pela proposta é dividido em seis pontos: Visão de longo prazo e identidade tricolor; Xerém como centro global de excelência; Departamento de futebol de alta performance; Marca, mídia e engajamento com a torcida em escala global; Monetização total; e Governança, profissionalismo e disciplina financeira.
A proposta diz que, após análise dos ativos e dos resultados do Fluminense, e o plano de negócios da BTG Pactual, foi atribuído o valor pré-investimento ao clube de R$ 1,131 bilhão. Esse valor é considerado o “Preço da SAF”.
Porém, a proposta diz que a S.A.F. também se responsabilizará pelo pagamento do endividamento remanescente da Associação, incluindo dívidas de natureza fiscal, cível e trabalhista. Assim, assumindo a dívida líquida do Fluminense em 31 de dezembro de 2024, de R$ 871 milhões, o valor líquido do capital total do Fluminense, ou seja, o Preço da SAF deduzido do Endividamento Líquido 2024 é de R$ 260 milhões.
O aporte financeiro da SAF será de R$ 500 milhões, com um investimento previsto de R$ 6,4 bilhões nos primeiros dez anos. Ou seja, o valor total da transação pode passar dos R$ 6,9 bilhões, levando em conta o capital a ser aportado pelo investidor mais o montante de investimentos previstos para serem realizados no plano de negócios da SAF.
O aporte financeiro será pago em duas partes, R$ 250 milhões na data do fechamento da transação e o restante em até dois anos após a conclusão da negociação.
Já esses mais de R$ 6,4 bilhões de investimentos nos próximos dez anos serão divididos, prioritariamente, em R$ 4,6 bilhões na folha salarial do elenco profissional e da comissão técnica; R$ 1,1 bilhão em aquisições de direitos federativos de atletas profissionais; R$ 359 milhões em desenvolvimento e formação de jogadores; R$ 84 milhões em melhorias na estrutura física dos centros de treinamento e Xerém; e R$ 143 milhões em royalties para a Associação.
Ainda de acordo com o plano, o Investidor da SAF vai adquirir cerca de 65,8% das ações do capital total e votante do clube, enquanto a Associação ficará com os 34,2% restantes. Essa divisão da “Equity da SAF” seria a menor entre as principais do Brasil, com a maioria dos investidores ficando com, no mínimo, 70% das ações. Porém, o investidor poderá acionar uma opção de compra de até 90% das ações, até o final de 2030.
Porém, só a previsão de distribuição de dividendos após o investimento previsto de R$ 6,4 bilhões for concluído. Além disso, o contrato contará com uma cláusula de lockup de cinco anos, que proíbe revenda de ações nesse período.
O Conselho de Administração da SAF será composto, inicialmente, por oito membros, sendo seis nomeados pelo investidor e dois pela associação, para mandatos de dois anos. Caberá ao Investidor o direito de indicar o Presidente do Conselho de Administração.
Já a Diretoria da SAF será composta pelo Diretor-Presidente (CEO da SAF), Diretor de Futebol, Diretor Financeiro, Diretor Jurídico, e Diretor Comercial.
Próximos passos
O CEO da SAF ainda não está definido, mas Carlos Barros afirmou ver com bons olhos o nome de Mário Bittencourt, atual presidente do Fluminense. Com a proposta em mãos, agora serão criadas comissões para debater as especificidades do contrato. Além disso, o Conselho Deliberativo vai votar a venda do controle.
Caso a venda seja aprovada pelo Conselho, a decisão passa para os sócios, que definirão em Assembleia Geral Extraordinária. A votação entre os sócios ocorrerá somente depois da eleição presidencial no clube, que acontece entre a segunda quinzena de novembro e a primeira de dezembro deste ano.
A previsão é que a conclusão de todo o processo, em caso de aprovação, ocorra entre dezembro e fevereiro.