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Diante da demissão de Carlos Lupi do cargo de ministro da Previdência Social, a bancada do PDT na Câmara dos Deputados anunciou nesta terça-feira, 06, abandonar oficialmente a base aliada do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, adotando a partir de agora uma postura de independência no Congresso Nacional.
Para a bancada pedetista, a demissão de Lupi foi um gesto de desrespeito, mesmo com a substituição dele pelo número 2 da pasta, o secretário-executivo Wolney Queiroz (PDT-PE). Diante do escândalo de fraudes nas aposentadorias, no INSS, que estão sendo investigadas pela Polícia Federal, o então ministro resolveu deixar o cargo na última sexta-feira, 02.
Segundo o líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), a decisão de deixar a base governista foi unânime. “A bancada compreendeu que, diante da forma como foi conduzida a saída de Lupi, não havia mais condições políticas de manter o alinhamento automático com o Planalto”, declarou o parlamentar.
A sigla, contudo, não irá integrar a oposição, juntando-se ao PL. Vai continuar defendendo pautas identitárias que dialogam com o governo, mas, votando com liberdade. A bancada conta com 17 deputados federais. O partido fazia parte do governo desde o início, em 2023, após apoiar Lula no segundo turno da eleição presidencial de 2022. No primeiro turno, o candidato foi Ciro Gomes, que ficou apenas em 4º lugar.
Nesta terça-feira, 06, Lupi se reuniu com a bancada do partido e defendeu seu legado no ministério. Ele destacou os esforços para combater as irregularidades no INSS e negou qualquer envolvimento com as fraudes. Ressaltou que nada foi encontrado contra ele.
Já a bancada da sigla no Senado divulgou comunicado nesta terça-feira, 06, afirmando que continuará na base governista. O líder da legenda, senador Weverton Rocha (MA) assinou o texto. “A bancada do Senado respeita a posição da bancada na Câmara dos Deputados e, embora tenha um posicionamento diferente, reitera que o partido segue unido em defesa dos ideais trabalhistas", disse o parlamentar.
Em conversa com jornalistas nesta terça-feira, 06, Ciro criticou a escolha de Wolney Queiroz para comandar o ministério, defendeu Lupi e responsabilizou as gestões dos ex-presidentes Michel Temer e Jair Bolsonaro, além da atual, de Lula, pelos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do INSS.
“Começou com o Temer, passou para o Bolsonaro, na faixa de R$ 200 milhões, R$ 300 milhões por ano. No Governo Lula, passou para R$ 3 bilhões por ano”, afirmou Ciro. Sobre Lupi, disse que ele é um “homem sério”.
Agora, a legenda estuda lançar uma candidatura própria para as eleições presidenciais em 2026, diante da relação estremecida com o governo. Embora no final das eleições de 2022 Ciro tenha afirmado que não disputaria mais a presidência, é o nome mais forte do PDT.