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Na próxima sexta-feira celebramos a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus e o dia de oração pela santificação do Clero. A devoção ao Coração de Jesus é uma das expressões mais difundidas da piedade eclesial. É uma devoção que alcança a todos, simples e eruditos, na medida de sua compreensão e na medida do seu amor ao Amor.
A grande novidade dessa devoção sempre será Cristo, e o Coração de Cristo.
Uma novidade ainda não descoberta, ainda sequer percebida por muitos. É ela o amor de Deus revelado em Cristo Jesus. É o mesmo Amor que amamos, sim. Mas que só Deus sabe amar.
Implicado com o silêncio de Jesus, o tosco Pilatos lhe pergunta: “Quem é você?” (Jo 19,8). Inconformado com o silêncio de Jesus, na cruz e já morto, um soldado lhe abre o lado com a lança, e imediatamente sai sangue e água (Jo 19,34). Pergunte! Não seria aquela a nossa mesma questão? O tosco Pilatos e o tosco soldado, amedrontados diante de um silêncio, não estavam, cada um a seu modo, fazendo a mesma pergunta, a mesma que ousamos fazer: Quem é você? De onde você vem?
Nós já sabemos a resposta. Toda vez que esse coração aberto pela lança do soldado lança sobre mim a mesma água e o mesmo sangue, eu me sinto renascer. O lado aberto é a minha plenitude: “Da sua plenitude todos nós recebemos graça em cima de graça” (Jo 1,16). Você ainda acha que precisa mais?
Muita coisa passou e passará. Seja o que for, onde for, como for, enquanto houver universo, sempre haverá um coração cheio de amor. É o Coração Dele que o universo inteiro busca, muitas vezes sem o saber.
O mesmo Amor andou em nossa Terra, respirou nosso ar, banhou-se em nossos rios. De tudo o que surgiu da primeira explosão, o Amor escolheu esse ponto azul perdido num canto de galáxia. Aqui ele se mostrou. Ele escolheu o nosso coração. Para ser o Seu Coração. E de um músculo cardíaco que bate na mesma arritmia humana e na mesma pulsação dos astros, Ele nos amou.
O Amor se curvou e nos amou. O Amor nos ama.
Dom José Francisco Rezende é arcebispo da Arquidiocese de Niterói.
Foi ordenado sacerdote no dia 10 de novembro de 1979. Especializou-se em teologia espiritual pelo Pontifício Instituto Teresianum, de Roma (1987-1989). Em 2011, o Papa Bento XVI o nomeou arcebispo da Arquidiocese de Niterói. Dom José recebeu o pálio das mãos do próprio Papa.