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No dia 8 de fevereiro de 2019, o Flamengo sofreu a pior derrota de sua história, mesmo sem o time entrar em campo.
Naquela madrugada, um incêndio tomou conta do alojamento das categorias de base da equipe e vitimou dez adolescentes, atletas do Rubro-Negro.
Desde então, aos 10 minutos de toda partida em casa, a torcida do Flamengo canta uma música em homenagem aos “garotos do Ninho”.
A tragédia aconteceu na madrugada entre os dias 7 e 8 de fevereiro de 2019, no alojamento das categorias de base, que ficava em contêineres.
Na época, a Prefeitura do Rio de Janeiro informou que o local não tinha alvará para funcionar como alojamento.
De acordo com os peritos, o incêndio começou em um aparelho de ar condicionado e se alastrou rapidamente por causa do revestimento dos contêineres, que era altamente inflamável. Dezesseis atletas sobreviveram à tragédia, três ficaram feridos e 10, infelizmente, faleceram.
Athila Paixão, de 14 anos, Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, de 14 anos, Bernardo Pisetta, de 14 anos, Christian Esmério, de 15 anos, Gedson Santos, de 14 anos, Jorge Eduardo Santos, de 15 anos, Pablo Henrique da Silva, de 14 anos, Rykelmo de Souza Vianna, de 16 anos, Samuel Thomas Rosa, de 15 anos, e Vitor Isaías, de 15 anos, foram as vítimas fatais da tragédia.
O goleiro Dyogo Alves e o volante Ryan Lukas, sobreviventes da tragédia, atuaram na equipe profissional do Flamengo no Campeonato Carioca deste ano.
Na semana em que a maior tragédia da história do Flamengo completa seis anos, o caso voltou ao noticiário por motivos diferentes, seja pelo pouco de paz que os familiares podem receber, ou pela angústia de mais de dois mil dias sem respostas sobre quem são os responsáveis pelo incêndio.
Após seis anos, o Flamengo chegou a um acordo para a indenização com a família de Christian Esmério, a única família que ainda não tinha sua situação resolvida.
Os valores da indenização não foram divulgados por estarem protegidos por cláusula de confidencialidade.
“O Flamengo entende que não há dinheiro no mundo que possa aplacar a dor pela perda de um filho ou de um irmão.
"Desta forma, terminar o processo e permitir à família a compensação financeira, mediante a celebração do acordo, era prioridade máxima da atual Administração do Flamengo”, disse o clube.
Porém, também nesta semana, a Justiça do Rio acatou o pedido do Ministério Público e extinguiu a possibilidade de punição do ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, réu no caso.
A medida é justificada pela prescrição da denúncia do MP, feita em janeiro de 2021, e pela idade avançada do ex-dirigente, a prescrição cai de oito para quatro anos.
Bandeira de Mello foi presidente do Flamengo entre 2013 e 2018. Apesar de não ser o mandatário em exercício na época do incêndio, Eduardo foi acusado pelo fato das decisões envolvendo o alojamento dos meninos do Ninho terem sido tomadas em seu mandato.
O ex-presidente do Flamengo publicou uma nota em que expressou surpresa com a decisão da justiça de extinguir sua punibilidade no processo. Bandeira de Mello gostaria de provar sua inocência no caso, e não que a denúncia prescrevesse.
"Foi com surpresa que recebi a notícia do incomum pedido de reconhecimento de prescrição feito pela Promotoria. Afinal, estávamos há mais de 100 dias aguardando que eles apresentassem suas alegações finais e permitissem o julgamento do caso.
"Agora, o órgão que me acusou não parece interessado em uma decisão do Judiciário. Após mais de 4 anos de processo, todas as provas produzidas apontam a minha inocência.
"Após 6 anos de dor, entendo que todos merecemos uma resposta que possa aplacar, ainda que minimamente, esse imenso sofrimento". Disse o ex-presidente.
O processo tem outros réus que seguirão respondendo na Justiça pela tragédia, mas seis anos depois, ninguém foi condenado ou responsabilizado pelo incêndio que vitimou os dez garotos do Ninho.
Neste dia 8 de fevereiro, pela manhã, será realizado um culto ecumênico no Ninho do Urubu, em evento fechado para familiares, funcionários e diretoria.
Na parte da tarde, o Flamengo entrará em campo contra o Fluminense prestando uma homenagem aos meninos do Ninho.
O time entrará em campo com um patch especial na camisa, exibindo a mensagem “Nossos 10!”. Além disso, os torcedores poderão participar da homenagem com uma exibição no telão do Maracanã.