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No Rio de Janeiro, os 2.953 tiroteios em 2023 deixaram 962 mortos e 884 feridos. É o que apontam dados do Instituto Fogo Cruzado.
Os números indicam uma queda de 18% nos tiroteios, de 3% nos mortos e de 13% nos feridos em comparação com 2022. Apesar disso, este foi o ano onde os tiros pareceram mais certeiros em toda série histórica do Instituto Fogo Cruzado. Dos 2.953 tiroteios mapeados, houve vítimas em 41% deles. Para efeito de comparação, esta taxa em 2022 foi de 36% e em 2021 de 29%.
Não caiu também a participação da polícia nos tiroteios. 34% dos tiroteios registrados em 2023 aconteceram durante ações policiais — em 2022, foram 35%. São quase três tiroteios por dia durante operações policiais no Grande Rio, em média. Esses tiroteios atingiram 977 pessoas ao longo do ano.
Além disso, em outubro, a Zona Oeste do Rio de Janeiro viveu um dia de terror e caos quando 35 ônibus, estações de BRT e uma composição dos trens urbanos foram queimados como resposta à morte de uma das lideranças da milícia, em uma operação policial. Enquanto as demais regiões do Grande Rio tiveram queda nos tiroteios, a Zona Oeste da capital viu o número de tiroteios crescer 53%, o número de mortos dobrar (+104%) e o de feridos subir 40% em comparação com 2022.
2023 também foi o pior ano para os mais jovens. Ao menos 25 crianças foram baleadas na região metropolitana do Rio de Janeiro, se igualando ao ano de 2018, quando a mesma quantidade de crianças foi baleada no Grande Rio, no ano da Intervenção Federal. Apesar disso, 2023 foi o ano mais letal da série histórica. Enquanto em 2018, quatro crianças foram mortas, em 2023 foram 10 vítimas fatais da violência armada.
Embora 2023 tenha começado com grandes expectativas, o relatório anual do Instituto Fogo Cruzado mostrou a inércia dos governos em apresentar um plano de segurança pública eficaz para combater a violência, que possa ser acompanhado e cobrado pela sociedade.
No Rio, o Programa Cidade Integrada do governo estadual do Rio completou um ano sem mudanças na violência nos locais de atuação. No Jacarezinho, o domínio do tráfico segue inalterado, na Muzema, a ocupação policial que faz parte do Programa não impediu a tomada da região pelo Comando Vermelho.