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Um estudo revelou os impactos econômicos que as doenças advindas do tabagismo causam no país. Segundo a pesquisa “Carga da doença e econômica atribuível ao tabagismo no Brasil e potencial impacto do aumento de preços por meio de impostos”, o Brasil gastou R$ 153,5 bilhões em 2022 com despesas médicas e em perda de produtividade provocadas pelas consequências do uso do tabaco. Tal valor representa 1,55% do Produto Interno Bruto (PIB) da nação.
Além disso, a pesquisa ainda mostra que, todos os anos, 603 mil pessoas morrem no mundo vítimas do tabagismo passivo. Destas, 168.840 (28%) são crianças. O estudo foi desenvolvido ao longo de dois anos sob a coordenação da Secretaria Executiva da Comissão Nacional para a Implementação da Convenção-Quadro sobre o Controle do Uso do Tabaco e de seus Protocolos (Conicq), exercida pelo INCA. No Brasil, o Dia Mundial Sem Tabaco é promovido pelo Instituto, Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
O estudo defende maior tributação dos produtos do tabaco – e os debates em torno da Reforma Tributária seriam uma oportunidade para isso. A arrecadação de impostos federais com a indústria do tabaco não chegou a R$ 9 bilhões. O documento propõe ainda responsabilização da indústria do tabaco em conformidade com as políticas e práticas jurídicas brasileiras para tratar da compensação das perdas oriundas da venda dos seus produtos.
Dois dos autores do estudo, Ariel Bardach e Agustín Casarini, ambos do Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria (IECS), de Buenos Aires, na Argentina, apresentaram um cenário com um aumento de 50% no preço do produto e a consequente redução do consumo: o custo direto que seria poupado com assistência à saúde é estimado em R$ 64 bilhões; além disso, quase 114 mil casos de doenças cardíacas, 97 mil de Acidente Vascular Cerebral e 270 mil de doenças pulmonares seriam evitados.
Por meio de uma linguagem jovem, a campanha deste ano, cujo tema é “Proteger as Crianças contra a Interferência da Indústria do Tabaco”, visa a promover uma mudança de comportamento, além de blindar novas gerações dos perigos do uso do tabaco, alertando sobre as táticas da indústria para atrair crianças e adolescentes, com interesse em garantir e ampliar seu mercado consumidor. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o tabagismo uma doença pediátrica, pois a maioria dos fumantes se torna dependente até os 19 anos.
Ao apresentar o tema da campanha, Luisete Bandeira, consultora da Opas, lembrou que o custo anual das doenças relacionadas ao tabaco no Brasil é de R$ 125 bilhões, dos quais R$ 50 bilhões são diretos para o SUS. Por isso, o objetivo da campanha é “expor e sensibilizar sobre as táticas da indústria para criar novos mercados para produtos de tabaco e nicotina, focadas em crianças e jovens”. A consultora também disse que é possível auxiliar na abordagem de outros fatores de risco para o câncer, dada a similaridade de táticas das indústrias, como álcool e produtos alimentícios ultraprocessados.