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Um dia após o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, anunciar lançamento de centro de referência para o acolhimento e tratamento a pessoas com autismo, além de programa com redes de serviços para o seguimento, A TRIBUNA ouviu vereadores da situação e da oposição sobre o anúncio. Os primeiros elogiaram a iniciativa, enquanto os outros, viram com reserva e preferiram aguardar o envio da mensagem executiva em agosto.
O vereador Anderson Pipico (PT), integrante da base governista, vê a iniciativa como necessária. “O Cais é um centro de atendimento de pessoas com transtorno do espectro autista. Então, no que diz respeito ao transtorno do espectro autista, tanto o autista quanto os seus familiares, que são familiares atípicos, vão ser acolhidos nesse equipamento, que eu acho muito importante. É fundamental que esse centro seja feito de forma permanente, porque há demanda, há necessidade, ela é permanente”, disse.
A vereadora Fernanda Louback (PL) que teve aprovado na Câmara Municipal, por unanimidade, um projeto de lei que instituía direitos multidisciplinares à saúde para a proteção da pessoa com transtorno do espectro autista, com assinatura de outros 11 vereadores e essa semana, vetado pelo prefeito Rodrigo Neves, considerou o anúncio da iniciativa um movimento oportunista.
“É impossível não enxergar nesse anúncio um movimento tardio e oportunista, feito às pressas, após a grande comoção causada pelo veto ao nosso projeto de lei”, disse a vereadora, que considerou o programa um “plano genérico, sem calendário, sem detalhamento técnico, e que ainda não existe juridicamente”.
“A sociedade merece mais do que anúncios. Merece políticas públicas consistentes e permanentes. As famílias atípicas estão cansadas de promessas. O projeto de lei que apresentamos foi construído com base em escuta ativa dessas famílias, profissionais da área e especialistas em políticas públicas para o autismo. A construção de um centro é importante, mas não resolve o problema da rede inteira”, afirmou.
Ela acrescentou que vai lutar pela derrubada do veto ao seu projeto. “Ele confere segurança jurídica à política, dá respaldo ao atendimento e estabelece diretrizes que o Executivo deve cumprir”, explicou.
Michel Saad (Podemos) também vai aguardar o envio da mensagem do governo. “As famílias atípicas não podem ficar só na promessa. Vamos lutar para derrubar o veto ao projeto de Fernanda, pois acrescenta à iniciativa do prefeito”, disse.
Segundo a prefeitura, o Centro de Avaliação e Inclusão Social funcionará no Centro da cidade e a expectativa é de receber, inicialmente, cerca de 1.300 crianças e adolescentes. O programa integra uma política de assistência integral a pessoas com autismo, com oferta de uma rede de serviços de saúde, além de assistência social.