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Sesc Niterói apresenta exposição gratuita “Projeto Invasões”
Mostra de dupla baiana traça um paralelo entre a baía de Todos os Santos e a baía de Guanabara
Sesc Niterói apresenta exposição gratuita “Projeto Invasões”
Foto do autor Redação Redação
Por: Redação Data da Publicação: 09 de agosto de 2024FacebookTwitterInstagram
Fonte: Divulgação

A galeria de arte do Sesc Niterói abriga, a partir deste sábado (10), às 15h, a exposição “Projeto Invasões”. A mostra, que reúne vídeos, fotos e objetos, apresenta um conjunto de trabalhos produzidos entre 2017 e 2024 pela dupla baiana de artistas Lucas Feres e Lucas Lago, que tensionam a relação entre cidade, memória e poder.

A investigação dos artistas interdisciplinares enquadra a baía de Todos os Santos, em Salvador, como um território permeado por tensões e disputas, ao recorrer ao imaginário das invasões marítimas coloniais para agenciar as múltiplas camadas que compõem a região, discutindo as ressonâncias entre o projeto colonial e os atuais processos de especulação, cercamentos, esquecimentos e ocultamentos nessa paisagem.

Depois de uma primeira montagem em Salvador, em 2018, o projeto chega a Niterói, contemplado pelo edital Sesc Pulsar 2023/2024, estabelecendo um paralelo conceitual e geográfico entre a baía de Todos os Santos e a baía de Guanabara.

A visitação é gratuita e estará aberta até 9 de novembro, de terça-feira a sábado, das 10h às 16h.

Entre 2017 e 2018, a dupla de artistas realizou performance de invasão a três pontos da baía de Todos os Santos: a praia do Museu de Arte Moderna da Bahia, o complexo turístico Bahia Marina e o forte de São Marcelo. A escolha considerou o fato de que o acesso a cada um desses espaços estava completamente ou parcialmente vedado à população no momento da execução do trabalho. As invasões foram realizadas pela figura mítica da “santa vermelha”, fosse na forma encarnada no corpo de um dos artistas, bordada num estandarte ou ainda como uma escultura em gesso. Para esta montagem no Sesc Niterói, a dupla produziu obras inéditas que exploram a articulação entre as baías, a partir das narrativas de origem Tupinambá de ambas.

Segundo a curadoria da exposição, realizada pelos historiadores da arte Joyce Delfim e Nathan Gomes, os artistas inscrevem seus trabalhos no passado colonial das cidades de Salvador e Niterói através do uso do termo invasão (opondo-se à ideia de 'descoberta' ou 'encontro'). "Dessa forma, evidenciamos como diferentes camadas de tempo estão presentes nas paisagens da baía de Todos os Santos e da baía de Guanabara. O recurso ao imaginário cristão, tanto pela figura da santa vermelha quanto pelas procissões marítimas, ressalta como festividade, humor e ironia são conceitos operatórios utilizados no processo de investigação artística de Feres e Lago”, explica Joyce. "Ao mesmo tempo, apontamos para a permanência de estruturas de poder e formas de invasão colonial em territórios originalmente indígenas e nas periferias urbanas, por meio da especulação imobiliária. A curadoria busca abordar os trabalhos de forma a discutir as relações entre paisagem e poder, bem como as formas insubmissas de ocupação do espaço público”, complementa Nathan.

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