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Segundo esporte mais popular do mundo faz parte da tradição niteroiense
Clube mais antigo de Niterói teve raízes no esporte bretão, mas não o que você está pensando...
Segundo esporte mais popular do mundo faz parte da tradição niteroiense
Foto do autor João Eduardo Dutra João Eduardo Dutra
Por: João Eduardo Dutra Data da Publicação: 18 de novembro de 2023FacebookTwitterInstagram

AUTORES: JOÃO EDUARDO DUTRA E PEDRO MENEZES

Você sabe qual o segundo esporte mais popular do mundo? Basquete, volêi e tênis são respostas que podem vir à cabeça. Porém, a resposta pode surpreender. Esse posto pertence ao críquete. Com cerca de 2,6 bilhões de fãs no mundo, o esporte está atrás apenas no futebol no ranking mundial.

A maior parte desses torcedores está no "subcontinente indiano" (Índia, Paquistão, Bangladesh, Afeganistão, entre outros), até porque, o esporte foi criado na Inglaterra e popularizado nas colônias inglesas, como Austrália e ilhas do Caribe. Diferente do futebol, o críquete costuma ser ignorado nos países onde não é popular.

Mas a tendência é que isso mude com entrada do esporte nas Olimpíadas. O críquete é uma das cinco modalidades que entrarão nos jogos de 2028, em Los Angeles. Diferente do flag football, lacrosse e beisebol, os Estados Unidos não são uma potência no esporte, o que leva a crer que  sua adesão não foi um lobby do país sede, e sim, uma tentativa de atrair os bilhões de fãs para a maior competição de esportes do mundo.

O jornalista da ESPN, Ubiratan Leal, concorda com essa noção e acredita que além de tardia, a adesão tem grande chance de ser mantida no quadro olímpico após 2028, o que é difícil de imaginar para algumas das outras modalidades.

Como funciona o esporte

Semelhante ao jogo "taco", popular nas ruas do Brasil, no críquete jogam onze atletas de cada lado. As ações principais acontecem no centro do campo, onde o arremessador "duela" com o rebatedor.

Enquanto o arremessador tenta acertar o "wicket" (um conjunto de três varetas fincadas no chão), o rebatedor tenta afastar a bolinha para longe. Quanto mais longe a bolinha vai, maior as chances de pontuação.

Nas Olimpíadas, será praticada a versão mais curta do esporte, a T20, em que partidas duram cerca de três horas, diferente do tradicional one-day, onde os jogos podem chegar a oito horas.

Cenário no Brasil

Rio Cricket

No Brasil,  há cerca de cinco mil praticantes. O grande polo do críquete em solo nacional está na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais. Felipe Lima de Melo, do Canal Criquetistas, explica que houve um crescimento significativo de praticantes no país.

"O trabalho com a comunidade em Poços de Caldas é nosso maior triunfo, inclusive gerando jogadores para as seleções de base e principal. E junto da divulgação na internet e do engajamento nas comunidades estrangeiras, há um crescimento significativo se compararmos a 10 anos atrás", explica. O trabalho possui auxílio do clube Caldense e do governo local.

Além disso, hoje o Brasil consegue montar seleções masculinas e femininas, de adultos e divisões de base com uma facilidade maior do que em épocas passadas.

Felipe também cita que há equipes organizadas também em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, Além do trabalho em Santaluz, no interior da Bahia. 

Ubira afirma  que o esporte, apesar de não ser popular por aqui, faz parte da tradição do país.

"Lá no passado, muitos clubes de futebol do Brasil tinham um departamento de críquete. O Vitória da Bahia foi criado como um clube de críquete. Tem o Rio Cricket no Rio de Janeiro, um clube que tem esse nome até hoje", expõe.

Rio Cricket - um clube niteroiense

O clube citado por Ubiratan é um velho conhecido da Cidade Sorriso. Com mais de 150 anos de fundação, o Rio Cricket chegou em Niterói há 126 anos. Essencial na história do esporte do país, lá foi realizada a primeira partida de futebol no estado do Rio de Janeiro.

Liderados um grupo de ingleses e descendentes, não hesitaram em atravessar a Baía de Guanabara para fixar em “Nichteroy” as fundações de seu projeto de clube, um espaço onde poderiam praticar o críquete e o tênis de grama, e ainda encontrar amigos para um chá ou whisky.

O Rio Cricket Associação Atlética ainda hoje mantém o frescor de uma agremiação que soube renovar-se com o tempo, sem perder os ideais dos fundadores e sem esquecer a força da tradição.

Depois de ser forçado a abrir mão de parte de seu terreno; e de experimentar a transição da administração dos ingleses para a dos brasileiros (que resultou inclusive na tradução de seu nome), o clube continua ostentando no coração da cidade o verde de seu campo – outrora cenário de longas partidas de críquete.

Hoje, o Rio Cricket é o terceiro clube destinado à prática de esportes mais antigo em funcionamento em Niterói, atrás apenas do Grupo de Regatas Gragoatá e do Clube de Regatas Icaraí, ambos fundados em 1895.

Os ingleses já não são maioria e o cricket não é mais jogado, mas o legado dos fundadores continua vivo: o whisky deu lugar à cerveja e os sócios brasileiros dão a vida por outro esporte bretão, o futebol. 

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