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Santos Dumont: pista reabre após 12h de óleo e caos para passageiros
Caos aéreo no Rio após falha em veículo de manutenção interditar pista por quase meio dia
Santos Dumont: pista reabre após 12h de óleo e caos para passageiros
Foto do autor Mauro Touguinhó Mauro Touguinhó
Por: Mauro Touguinhó Data da Publicação: 30 de setembro de 2025FacebookTwitterInstagram
Foto: Reprodução
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O Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, viveu nesta terça-feira (30) um dia de confusão e longas filas após um vazamento de óleo interditar a pista por quase 12 horas. A liberação para pousos e decolagens ocorreu apenas às 17h25, quando foi baixado o Notam (aviso aos aeronavegantes). Para amenizar os efeitos da paralisação, a Infraero decidiu estender, de forma excepcional, o horário de funcionamento do terminal, que normalmente opera das 6h às 23h.

Segundo a estatal, o vazamento de óleo hidráulico começou por volta de 3h da madrugada, no motor de um caminhão “desemborrachador” utilizado em manutenção preventiva da pista — procedimento de rotina previsto nos normativos da aviação civil. O veículo não transportava combustível; o óleo derramado era do próprio motor.

A pista foi interditada para retirada do caminhão e limpeza, realizada com desengraxante biodegradável e jatos de alta pressão dos carros contraincêndio. De acordo com a Infraero, a composição do pavimento exige higienização minuciosa para assegurar os níveis de atrito adequados para pousos e decolagens. “Todos os recursos disponíveis foram utilizados para liberação no menor prazo possível, atendendo aos critérios normativos. A segurança dos passageiros e das operações é prioridade da companhia”, afirmou em nota.

 

Filas enormes se formaram durante o dia após mais de 160 voos cancelados - Fotos: Mauro Touguinhó

 

Voos cancelados e filas

Ao longo do dia, 80 voos de chegada e 82 de partida foram cancelados. Outros 14 foram desviados para o Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, que registrou sobrecarga. Enquanto isso, o saguão do Santos Dumont se transformou em retrato do caos aéreo. Passageiros se queixaram da falta de informações claras e da desorganização no atendimento. 

 

José Pedro ficou na fila quase 12 horas e não conseguiu embarcar - Foto: Mauro Touguinhó

 

“Meu voo foi trocado três vezes hoje. Liguei na companhia, fiquei 45 minutos no telefone e mandaram eu vir para o guichê. Aqui ninguém resolve nada. É uma palhaçada”, disse o coordenador de RH José Pedro Android Santana, que tentava embarcar para São Paulo desde a manhã.

Raimunda Chagas dos Santos, que pretendia voltar ao Maranhão, aguardava desde as 3h. O voo, inicialmente previsto para as 6h, foi adiado várias vezes até ser cancelado. “Tenho malas cheias de comida que vão estragar. Estou com o pé inchado, o joelho ruim, e só deram R$ 50 para o almoço e R$ 70 para o jantar. Mas eu queria mesmo era viajar”, contou.

 

Raimunda Chagas estava ansiosa para voltar para o Maranhão, mas não conseguiu voo nesta terça-feira - Foto: Mauro Touguinhó

 

A médica Leandra Balduíno, de Ourinhos (SP), disse ter perdido o plantão no hospital onde trabalha. “Estamos há mais de cinco horas na fila, sem posição. É falta de respeito. Vou processar a companhia, porque não é culpa delas o óleo, mas é obrigação dar infraestrutura e assistência. Nem água ofereceram”, afirmou.

 

Leandra Balduíno perdeu o plantão e ficou horas aguardando atendimento da companhia aérea - Foto: Mauro Touguinhó

 

Procon no aeroporto

Equipes do Procon Carioca fiscalizaram os guichês das companhias e colheram relatos de passageiros. O secretário municipal de Defesa do Consumidor, João Pires, apontou falhas de comunicação. “O problema principal é a pista interditada, mas há também falta de informação clara. Passageiros querem saber se vão viajar hoje, se têm direito a hospedagem, e não recebem resposta. Isso agrava a tensão”, disse.

Segundo ele, as empresas devem custear alimentação a partir de duas horas de atraso e oferecer hospedagem em caso de remarcação para o dia seguinte, conforme prevê a Resolução 400 da Anac.

 

Procon atendeu passageiros e notificou companhias aéreas - Foto: Mauro Touguinhó

 

Companhias e Anac

As companhias aéreas afirmaram estar prestando assistência. A Azul informou que reacomodou clientes no Galeão, incluindo voos extras. A Latam disse que ofereceu remarcações sem custo e lamentou o transtorno. A Gol reportou 50 cancelamentos e nove voos alternados, além de 11 operações adicionais no Galeão.

A Anac informou que acompanha a situação e fiscaliza o cumprimento dos direitos dos passageiros. Entre eles estão alimentação, hospedagem e possibilidade de reembolso integral ou reacomodação, inclusive em voos de outras empresas.

Apesar da liberação da pista no fim da tarde, a normalização da malha aérea deve ocorrer de forma gradual. Passageiros ainda enfrentavam atrasos na noite de terça-feira.

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