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No artigo passado concluí dizendo que Jesus nos chama a ser discípulos missionários. Quem é e como deve ser o discípulo missionário de Jesus, que deu sua vida pelo Reino?
Em primeiro lugar, o discípulo-missionário nunca está sozinho. Ele vive numa comunidade eclesial missionária. Não há Igreja sem Cristo, como também não há Cristo sem Igreja. Foi para deixar bem claro isso, que Ele é a cabeça e nós somos os membros de um mesmo corpo, que Paulo escreveu a Carta aos Efésios. Viver numa comunidade é como viver numa família. Cada um ajuda o outro, escuta o outro, dialoga, anuncia, testemunha. Viver é isso: sair da casca do isolamento e buscar, em cada pequena face de um outro – escondida – a Face do Outro, a quem amamos mais que tudo na vida.
Ninguém há de pensar que isso se faça por própria conta, coragem e força. Quem assim fez, desistiu e fez desistir, o que é pior. Jesus não chamou qualquer um para qualquer coisa. Ele chamou os que quis escolher, para ficarem com Ele e para enviá-los ao mundo (Mc 3,13-14). O discípulo é alguém chamado.
E quem é chamado é chamado para algo. O discípulo é chamado para um tríplice múnus, mas que não se entenda a palavra múnus apenas como encargo e função. A palavra múnus lembra algo que nasce de dentro, da imposição do amor. O amor pede obras. O amor exige amar. Esses três ministérios, impostos pelas exigências do amor ao Senhor, são o Ministério da Palavra, o Ministério da Liturgia e o Ministério da Caridade. Tudo em letras maiúsculas, para que não se confunda a Palavra com qualquer palavra, a Liturgia com qualquer ensaio de culto e a Caridade com um amor qualquer. A Palavra é a de Deus. A Liturgia é para Deus. A Caridade é através de Deus. Sem isso, irmãos e irmãs, não passamos de cabaças ocas, sinos ruidosos e címbalos estridentes (1Cor 13). Só barulho. Nada mais.
Dom José Francisco Rezende é arcebispo da Arquidiocese de Niterói.
Foi ordenado sacerdote no dia 10 de novembro de 1979. Especializou-se em teologia espiritual pelo Pontifício Instituto Teresianum, de Roma (1987-1989). Em 2011, o Papa Bento XVI o nomeou arcebispo da Arquidiocese de Niterói. Dom José recebeu o pálio das mãos do próprio Papa.