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Nos últimos meses, alguns chefes de tráfico de diferentes estados foram presos no Rio de Janeiro.
Em novembro, o líder de uma das maiores facções criminosas atuantes no Ceará, de nome Rogério Gomes de Oliveira, apelidado 'Cego' ou 'Coroa', foi preso pela Polícia Civil em Copacabana, Zona Sul do Rio.
Ele foi encontrado com sua mulher e dois comparsas: Maria Daniele Costa de Vasconcelos, Lindoberto Gomes da Silva e João Rogério de Lima, também integrantes da facção em questão.
Na última terça-feira (10) a Polícia Federal prendeu em um apartamento em Copacabana, o líder de uma facção que atua na região da Serra Gaúcha, o definindo como “um dos criminosos mais procurados pelas forças de segurança na região”, e condenado a 30 anos de reclusão.
Esses casos, nos levam a pensar, o que criminosos de outros estados estão fazendo no Rio de Janeiro?
O professor Robson Rodrigues, do Laboratório de Análise da Violência da UERJ afirma que é necessária a investigação para cravar o motivo dessas visitas ao Rio de Janeiro, porém, revela que não é incomum criminosos desfrutarem do dinheiro ganho em atividades ilícitas em locais que eles considerem atrativos.
Afinal, o dinheiro ganho de forma ilegal, precisa ser gasto de alguma forma, explica.
"Quem lucra com atividades criminosas precisa gozar, afinal de contas, não estão fazendo crime por ideário político por uma questão ideológica, mas para auferir lucros. Esse lucro vai ser gasto onde eles não seriam detectados como conhecidos. Na Região dos Lagos, por exemplo, muitas vezes se tinha a prisão de traficantes da capital", disse o especialista, em entrevista para A TRIBUNA.
O acadêmico ainda se mostrou reticente à hipóteses, como por exemplo, a possibilidade dos negócios desses criminosos estarem sendo expandidos para cá.
"Especular sem investigação que estão tentando estender os negócios para cá seria uma hipótese muito reduzida e até precipitada. Quando criminosos do Rio de Janeiro eram presos na Região dos Lagos, muitas vezes se dizia precipitadamente que o crime estava se expandindo para lá, quando na realidade muitos estavam aproveitando os ganhos ilícitos", afirmou Robson Rodrigues.
Por fim, o professor acrescenta que a única forma de acabar com essas dúvidas, é com investigação, porém há um problema estrutural nas polícias do Rio de Janeiro, que esbarra até na falta de efetivo.
"É um problema estruturante da segurança pública. Falha da investigação. Quando você não investiga bem, você abre uma oportunidade de especulações das mais variadas possíveis. Nas regiões turísticas, muito provavelmente também vão ter criminosos do 'colarinho branco', que atuam na lavagem dinheiro, atravessadores de armas, entre outros", finalizou.