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Denúncias e muitas reclamações marcaram reunião do Conselho Comunitário de Segurança de Niterói, realizado na manhã desta quarta-feira (8).
Repleta de expectativas, a reunião contou com participação massiva da sociedade civil, além das autoridades que costumeiramente participam.
A pauta principal foi a questão dos roubos, furtos e arrombamentos praticados por dependentes químicos. As denúncias foram feitas principalmente por comerciantes, e representantes de associações de moradores.
Clima quente
O coordenador do Segurança Presente, Major Clímaco, demonstrou descontentamento com críticas sobre a polícia em ocasiões, que, segundo ele, não são de cuidado do Segurança Presente, e sim, da Prefeitura, como por exemplo, fiscalização de ferros-velhos.
Em resposta, o vereador Fabianno Gonçalves (Cidadania) declarou que quem detém o poder da força é o governo do Estado, logo, a polícia também tem responsabilidade.
Foi quando uma gritaria tomou conta do salão, e o presidente da mesa teve que pedir para os moradores presentes silenciarem.
Em outro momento, enquanto o presidente do Conselho Comunitário de Segurança, Francis Leonardo, discorria sobre a importância do boletim de ocorrência, um comerciante, que não quis ser identificado, demonstrou descrença.
Numerou problemas de atendimento quando realizou sua denúncia, e além disso, disse que perdeu um dia de trabalho, e não perderia novamente para fazer outro boletim.
As autoridades argumentaram que apenas com o boletim de ocorrência é que podem ser identificadas as manchas criminais, e feito o policiamento nos locais onde há denúncias.
Críticas à legislação
Moradores queixaram-se do fato de muitos dependentes químicos até serem presos por furto, porém, serem soltos após audiência de custódia.
Fato corroborado pelo Major Teixeira, representante do 12° BPM.
"A legislação dificulta nosso trabalho. A internação compulsória não é permitida. Pegamos morador de rua com portão alumínio, mas ele é solto logo depois", disse o militar.
Outras discussões
Uma moradora de Icaraí que não se identificou declarou que o bairro está em estado de degradação.
"Estamos sendo violentados diariamente. Para andar na Gavião Peixoto temos que tapar o nariz. Não sabemos se eles estão armados", reclamou.
O presidente do conselho, Francis Leonardo, argumentou que o maior problema não são moradores de rua, e sim dependentes químicos que realizam furtos.
Fato confrontado por um comerciante de Icaraí, que disse que os moradores de rua "se instalam" em frente ao comércio.
"O problema não é apenas o dependente químico. Eu quero abrir o meu comércio, mas não consigo, pois eles são agressivos. Afastam os clientes", declarou.
Perguntada sobre as atribuições de sua pasta, a subsecretária de assistência social, Danielle Murtha, declarou que existe um decreto federal, que define as atribuições de cada órgão público.
"Quem gera emprego não é a secretaria de assistência social. Não é uma atribuição nossa. Aliás, quem comete delito não deveria nem ser abordado pela assistência social, é um caso de outra esfera", disse Danielle.
Salários atrasados
O coordenador da Operação Segurança Presente em Niterói, Major Clímaco, disse que já são quase dois meses de salários atrasados no seu núcleo. Agentes civis possuem segunda renda, por isso estão trabalhando. Porém, já chegou ao ponto de ter gente sem comida em casa. Os policiais estão recebendo até cestas básicas da população.
Novidades na 79° DP
O novo delegado da 79° DP, Marcos Montez, Charitas, declarou que irá criar um canal de denúncias anônimas por WhatsApp, para quem quiser realizar uma denúncia, mas não se identificar.
"Estou na 79° DP há aproximadamente uma semana. Nossos índices são relativamente bons porém isso não nos tira o desafio de melhorar a sensação de segurança. Deixo as portas da De delegacia abertas para qualquer morador", declarou Montez.
Já Daniel Rosa, o novo delegado da 77° DP (Icaraí), relatou que os tipos de crimes que ocorrem na delegacia de Icaraí são bem semelhantes aos que acontecem na Zona Sul do Rio.
Números gerais
Major Teixeira, representante do 12° BPM, considera positivos os números de criminalidade em Niterói e em Maricá.
Na comparação de outubro de 2023 para outubro de 2022, houve diminuição em todos os principais índices oficiais. Na letalidade violenta -38% (16 para 10); roubo de veículo -68% (63 para 20); roubo de rua -37% (166 para 104); roubo de carga -80% (5 para 1); roubo a estabelecimento comercial -14% (7 para 6).
Estiveram presentes o presidente do conselho, Francis Leonardo; a subsecretária de assistência social e economia solidária de Niterói, Danielle Murtha; o inspetor geral da Guarda Municipal, Paulo Brito; o coordenador do Segurança Presente, Major Clímaco; o delegado Marcos Montez, da 79 DP; o delgado Daniel Rosa, da 77 DP; além de representantes da Polícia Rodoviária Federal e de outras delegacias.