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Doença de causa desconhecida e incurável, o Alzheimer é a forma mais comum de demência e afeta, principalmente, idosos com mais de 65 anos. Identificada inicialmente pela perda de memória, pessoas acometidas pela doença têm, a partir do diagnóstico, uma sobrevida média que oscila entre oito e dez anos, segundo o Ministério da Saúde.
Em um Relatório sobre Demência, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que mais de 55 milhões de pessoas no mundo possuem algum tipo dessa doença, sendo mais de 60% dessas pessoas habitantes de países de baixa e média renda. A previsão é de que esse número ultrapasse mais de 130 milhões no ano de 2050.
Em entrevista ao site da Universidade Federal Fluminense (UFF), as professoras Adriana Melibeu, vice-coordenadora do Programa de Pós-graduação em Neurociências e chefe do Laboratório de Neurobiologia do Desenvolvimento, e Alessandra Camacho, da Escola de Enfermagem, tiraram dúvidas sobre a doença. As pesquisadoras explicam as características, os desafios enfrentados pelos pacientes e quais avanços científicos ocorreram nos últimos anos para o tratamento.
O que é o Alzheimer?
“Em uma linguagem simplificada, a doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva, ou seja, vai se desenvolvendo gradualmente. Ela se manifesta principalmente pela deterioração cognitiva, que é a capacidade de aprender e processar informações que desenvolvemos ao longo da vida. Esse declínio se dá, sobretudo, na memória, o que é uma das características mais evidentes da doença, a perda da memória”, disse Alessandra.
Qual a diferença entre o Alzheimer e a demência?
“Nenhuma. O Alzheimer é o principal tipo de demência. Entendemos a demência como um conjunto de condições que afetam a cognição do paciente, incluindo memória e capacidade de raciocínio. Nesse sentido, o Alzheimer é uma forma de demência”, explicou Adriana.
Quais são os sintomas do Alzheimer?
“Os primeiros sintomas do Alzheimer incluem perda de memória, geralmente de acontecimentos recentes, e confusão. O paciente começa a se perder em situações cotidianas, pode ter dificuldade em pagar contas ou realizar tarefas simples. Esse comprometimento inicial da memória recente é um dos sinais que a família também percebe, e a progressão da doença se dá gradualmente”, detalhou Adriana.
Como é realizado o diagnóstico do Alzheimer?
“O diagnóstico é realizado de várias formas, começando com o relato e o histórico do paciente, geralmente trazido pela família. Eles costumam observar esquecimentos frequentes, dificuldade em retornar para casa após sair, problemas em dirigir ou realizar tarefas que antes eram simples. Esse histórico familiar e o relato são importantes, e, além disso, o médico, que pode ser um psiquiatra, neuropsiquiatra ou geriatra, realiza exames específicos para avaliar o estado mental e descartar outras condições”, informou Alessandra.
Qual o tratamento para o Alzheimer?
“Não há cura, então uma vez diagnosticado, o tratamento envolve tanto medicamentos quanto atividades para melhorar a qualidade de vida. Atividades físicas, terapias em grupo e ocupacionais são essenciais, assim como envolver o paciente em tarefas que ele gostava de fazer antes dos sintomas da doença, como jardinagem ou música. A rotina é igualmente importante: mudanças frequentes de ambiente podem gerar confusão e ansiedade, então, manter um dia a dia estruturado ajuda a reduzir esses desconfortos e melhora o bem-estar do paciente”, declarou Adriana.
Quais são as formas de prevenção da doença de Alzheimer?
“Não há uma forma específica de prevenção para o Alzheimer, mas estudos indicam que manter a mente ativa e uma vida social saudável pode ajudar a reduzir o risco ou retardar o aparecimento dos sintomas. Recomenda-se ler, estudar, fazer exercícios de aritmética — aqueles exercícios simples de fazer aquelas continhas para compra, alguns jogos de inteligência que jogamos com a família numa brincadeira —, e participar de atividades em grupo. Manter hábitos saudáveis, como não fumar, evitar o consumo excessivo de álcool, adotar uma alimentação equilibrada e praticar atividades físicas com acompanhamento médico e nutricional, são práticas que beneficiam todos, especialmente na chegada da terceira idade”, afirmou Alessandra.
A entrevista completa pode ser lida neste link.