Assinante
Entrar
Cadastre-se
Um caso absurdo envolveu uma professora de Rio Bonito há pouco mais de uma semana. Graduada em matemática, Samara de Araújo Oliveira, de 23 anos, nascida e criada em Rio Bonito, foi presa enquanto dava aulas numa escola da cidade.
O motivo da prisão foi uma acusação de um crime ocorrido em 2010 - ou seja, quando ela tinha 10 anos de idade -, numa cidade de três mil habitantes no interior da Paraíba, estado que a professora nunca visitou.
O crime aconteceu no município de São Francisco/PB. Na ocasião, um funcionário do Mercadinho Vieira, que funcionava como representante da Caixa Econômica Federal foi enganado por criminosos e obrigado a fazer oito transferências de R$ 1 mil reais cada.
Treze anos depois, o Ministério Público e a Justiça da Paraíba expediram mandado de prisão contra Samara, e não notaram que ela era apenas uma criança na altura do caso, e sequer poderia ter sido presa, por ser inimputável perante a lei, por conta da idade.
Com o erro, ela ficou presa por oito dias no Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, na Zona Norte do Rio.
Como aconteceu o crime
Em 2010, o funcionário de uma mercearia recebeu uma ligação de um desconhecido que o ameaçou de morte, dizendo que duas pessoas de moto estavam o vigiando.
Caso ele não cumprisse o determinado pelos criminosos, ele seria assassinado. O funcionário enviou oito transferências de mil reais para sete contras diferentes. Nas investigações, foi descoberto que tudo era um golpe, e que não havia ninguém em frente ao mercado.
Sigilos bancários foram quebrados, e quatro donos de contas foram identificados: todos eram do Rio de Janeiro.
Duas mulheres foram condenadas a cinco anos e quatro anos e cinco meses de prisão, e estão em regime semiaberto por bom comportamento.
Restavam apenas Ricardo Campos dos Santos e Samara, que não foram localizados. Em nova tentativa de encontrar o paradeiro deles, o Ministério Público da Paraíba resolveu realizar uma nova procura. A prisão de Samara de Araújo Oliveira - que possui o mesmo nome à criminosa - foi decretada em janeiro. A prisão aconteceu no último dia 23 de novembro.
O pai da jovem, Simario Araujo, passou todos esses dias em frente ao presídio, dormindo em seu próprio carro.
Apenas na quarta-feira (29), a família conseguiu provar ao juízo da Paraíba o erro, e o juiz Rosio Lima de Melo, da 6ª Vara Mista da cidade de Sousa, decediu expedir o alvará de soltura.
"Verifico que merece prosperar a argumentação quanto à ocorrência de equívoco na exordial acusatória, na qual consta apenas a identificação por CPF, sem qualquer menção à data de nascimento da acusada", escreveu em sua sentença.
Porém, o alvará atrasou e só chegou apenas na manhã de sexta-feira (1°).
O pai, desesperado, chegou até a pagar R$ 200 à uma advogada que conheceu na porta do Oscar Stevenson para que ela entregasse um bilhete avisando à filha que o alvará de soltura já foi conseguido. Samara possui ansiedade.
Ao ser solta, de tão abalada, sequer conseguiu conversar com os presentes.