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A manhã e parte da tarde desta quarta-feira (27) foram apocalípticas, em Niterói. A Universidade Federal Fluminense (UFF) inteira ficou sem aula; todo o funcionalismo público da prefeitura e da Câmara Municipal foram dispensados do trabalho presencial. Estes são alguns dos transtornos causados pelas constantes faltas de luz, provocados pela concessionária de energia elétrica Enel, que presta serviços no município.
Na Casa legislativa niteroiense, por exemplo, a previsão de volta de energia – prometida pela Enel – era às 19h, mas acabou voltando à tarde, às 15h30: o presidente da Câmara, Milton Carlos Lopes, o Cal (PP), foi obrigado a liberar os servidores. É neste mesmo parlamento que está sendo tocada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga possíveis irregularidades cometidas pela empresa prestadora de serviços de energia elétrica em Niterói.
Presidente da CPI, o vereador Leonardo Giordano (PC do B), em tom de prestação de contas, ressalta que se reuniu, recentemente, com 70 síndicos de condomínios da cidade, num dos encontros que o colegiado vem realizando, “por área”: cada uma, relatando problemas vivenciados com a Enel.
A primeira a ser ouvida foi a Prefeitura de Niterói. Depois, vieram as associações do movimento popular; o governo federal; além de órgãos de controle, como o Ministério Público (MP).
“A situação, que aconteceu hoje, em Niterói, prova que precisamos seguir cobrando, batendo, reclamando e fazendo movimentos, para isso não passar em belas nuvens. Precisamos ter retornos. É necessário que não façamos apenas CPI, mas também chamar o MP, diferentes esferas de governos e a Agência Nacional de Energia Elétrica. Afinal, é uma empresa grande e difícil de ser enfrentada”, queixou-se Giordano.
Fato é que, por conta da má prestação de serviços de energia elétrica, a Enel vem causando transtornos aos moradores da cidade e a quem trabalha e quer produzir em Niterói.
“Eu saí de casa por volta de 11h e, depois, retornei às 14h30. Faltou luz. O filtro do meu aquário, toda vez que desliga e tenho que ligá-lo novamente, preciso completá-lo com água. Ele estava rodando no seco. De manhã cedo, no meu trabalho, às 11h45, também faltou luz, mas, por sorte, a minha cliente já estava saindo”, relata a fisioterapeuta Shenia Minner.
Mas não foi apenas no Centro e na Zona Sul de Niterói que faltou luz. Morador de Piratininga, o engenheiro aposentado Alécio Lima Ferreira reclama que a rua onde mora ficou sem energia, "de 6h as 14 h".
"O problema aqui é que esses apagões são muito frequentes, sempre que chove e venta. O tempo de reparo é sempre de muitas horas", reclama Alécio.
‘A culpa é da chuva’, diz Enel
Mais cedo, em nota, a Enel culpou as fortes chuvas que ocorreram em Niterói, durante a madrugada de ontem: o que provocou um desarme em Icaraí, por volta das 4h, interrompendo o fornecimento de energia elétrica em Gragoatá, no Centro – sede da Câmara Municipal e da prefeitura - e em Icaraí.
A população só começou a sentir que a luz voltou e foi se firmando por volta das 12h.
A concessionária disse ainda que suas equipes atuaram no conserto da rede elétrica e está investigando as causas do desarme.
Vale lembrar que, uma das principais reivindicações dos moradores de Niterói, em audiências públicas anteriores, realizadas pela CPI, devia-se ao fato de que a Enel precisa aproveitar seus lucros para investir numa infraestrutura de equipamentos devidamente preparada para resistir às chuvas, que são fenômenos naturais, em alguns meses do ano.
Questionada sobre se o Fórum de Niterói, localizado na Avenida Amaral Peixoto, também teve o trabalho prejudicado, a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro informou que faltou energia, "conforme ocorreu em outros edifícios e regiões da cidade de Niterói". Mas que ela retornou e os trabalhos seguiram normalmente.
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