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Símbolo mais nobre da cultura de Niterói, o centenário Theatro Municipal João Caetano está tendo que conviver com uma infestação de cupins.
Imagens de parte do equipamento público em má condições circulam na internet e mostram paredes, portas e até cortinas caindo aos pedaços.
Até o camarote do prefeito está interditado.
O Theatro Municipal é administrado pela Prefeitura de Niterói, através da Fundação de Artes de Niterói (FAN), e é um símbolo da cultura na cidade sorriso há mais de um século.
Em contato com A TRIBUNA, a Prefeitura afirmou que a FAN realiza a descupinização global anualmente de todos os edifícios que administra, entre eles o Theatro Municipal.
Segundo a nota, o processo de dedetização completo foi feito em janeiro de 2023, enquanto um parcial foi realizado em outubro do ano passado, para o controle pontual.
Ainda segundo a resposta da Prefeitura, a FAN deu início ao procedimento de descupinização completa do Theatro Municipal e da Sala Carlos Couto, que deve acontecer em até 45 dias.
Confira a resposta completa da Prefeitura abaixo:
“A Fundação de Artes de Niterói (FAN) realiza a descupinização global anualmente de todos os edifícios que administra, incluindo o Theatro Municipal. O equipamento recebeu a descupinização completa em janeiro de 2023. Em outubro, após identificados pequenos focos de uma nova espécie de cupim no local, foi realizada descupinização pontual para controle dos insetos. A FAN deu início ao procedimento para descupinização completa do Theatro Municipal e da Sala Carlos Couto, o que deverá acontecer em até 45 dias.”
Restauração
Criado em 1827, o ator, diretor e empresário João Caetano adquiriu o teatro em 1842, a título de concessão, e o rebatizou como Teatro Santa Tereza, em homenagem à futura imperatriz brasileira Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias.
João Caetano ficou à frente do teatro, restaurou a casa e desenvolveu diversas atividades culturais, até seu falecimento, em 1863.
Em 1900, a Câmara Municipal de Niterói deu ao espaço o nome de Theatro Municipal João Caetano, em homenagem ao vanguardista da arte na cidade. O prédio foi tombado como patrimônio histórico pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC) em 1990.
Destruído pelo desleixo do poder público, em 1991 a Prefeitura de Niterói iniciou uma completa obra de restauração para a recuperação da riqueza arquitetônica e patrimonial do teatro.
A tarefa ficou a cargo do pintor e restaurador Cláudio Valério Teixeira (1949-2021), que dirigiu o projeto de restauração. Foi um dos trabalhos mais completos de restauração na história do patrimônio cultural brasileiro, recebendo inúmeros prêmios nacionais e internacionais.
O minucioso projeto de recuperação teve como desafio o respeito aos aspectos históricos - que remetem ao final do século passado -, conservando a originalidade da época, e, ao mesmo tempo, a modernização da estrutura, sem interferir na arquitetura original, no seu conceito e estilo.
Um outro grave problema fiou justamente combater os cupins, vencidos por especialistas que recomendaram uma descupinização obrigatória pelo menos uma vez por ano.
O restauro terminou somente em 1995, tamanha a complexidade e atenção com o empreendimento.
No dia 19 de dezembro de 1995, o teatro foi devolvido à população com uma infraestrutura acústica de alta qualidade, ar-condicionado central, porta corta-fogo, equipamentos de som, coxia e camarins reformados, além de um projeto assinado pelo designer de iluminação Peter Gasper — o mesmo que concebeu o projeto para as luzes comemorativas dos 80 anos do Cristo Redentor. A pedido de Valério, o conceituado paisagista Roberto Burle Marx assumiu a missão de pintar o pano de boca do teatro.