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Um sentimento que nos impulsiona e nos leva ao encontro dos outros é o desejo de que haja paz dentro do coração das pessoas, dentro dos lares, das culturas e das sociedades, nas ruas, nos bairros, nas cidades. Um desejo de que, onde quer que as pessoas se deem as mãos e se ponham a construir um lugar melhor para se viver, o mapa deste caminho seja norteado pelas setas que indiquem a direção da paz, e da construção sobre a rocha firme da convivência, sempre em nome da paz.
Não há maior sentimento do que aquele que nos traz a proximidade de uma convivência onde a paz seja possível. Não há maior necessidade do que o desejar, todos os dias, que a paz seja viável. Não pode haver maior desejo do que a necessidade da paz. Todas as manhãs, de todos os dias, em todos os cantos do planeta, quando um ministro consagrado sobe ao altar, é esse o desejo por ele expresso, em todas as línguas do mundo: “A paz esteja convosco!” Esse desejo vem de longe, de outras eras, de outros lugares do mundo.
Nas palavras da Sagrada Escritura encontramos o sentido e as motivações para buscarmos uma cultura de paz, como dom de Deus e tarefa humana.
Shalom: esse é o primeiro nome da paz. Mas shalom não é apenas um nome, uma palavra ou um conceito. Shalom é o próprio desejo de que a paz, a verdade e a justiça sejam os pilares do mundo e os organizadores internos das pessoas em suas relações. Nada será possível onde não for, por primeiro, possível a paz. Sonho nenhum poderá ser sonhado, vida alguma, vivida, se antes, não forem construídas e reconstruídas as pontes da paz. “O fruto da justiça será a paz” (Is 32,17); “... E vossa amargura se transformará em paz...” (Is 38,19); “Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz...” (Is 52,7). Isaías é o grande anunciador da paz no mundo todo!
Nosso desejo deve ser o de construir e reconstruir as pontes da paz. A paz é forte. Mas as pontes são frágeis. Por serem construídas do mesmo material de que são feitos os sentimentos e as realizações humanas, as pontes de paz carregam em si mesmas fragilidades que tanto nos ameaçam, nos destroem e nos expõem. Vamos construir pontes de paz!
Dom José Francisco Rezende é arcebispo da Arquidiocese de Niterói.
Foi ordenado sacerdote no dia 10 de novembro de 1979. Especializou-se em teologia espiritual pelo Pontifício Instituto Teresianum, de Roma (1987-1989). Em 2011, o Papa Bento XVI o nomeou arcebispo da Arquidiocese de Niterói. Dom José recebeu o pálio das mãos do próprio Papa.