Pinball: Mania dos anos 70 e 80 vira livro de niteroiense e bomba nos EUA
Marco Antônio Rodrigues escreveu o livro ‘O jogo de Deus’, sobre Pinball, e terá divulgação na maior feira do tema
Pinball: Mania dos anos 70 e 80 vira livro de niteroiense e bomba nos EUA
Foto do autor João Eduardo Dutra João Eduardo Dutra
Por: João Eduardo Dutra Data da Publicação: 16 de Outubro de 2023FacebookTwitterInstagram
Fonte: Divulgação

Pinball. Uma premissa simples, mas que marcou a infância e adolescência de muitos. Um jogo eletromecânico onde o jogador manipula duas ou mais 'palhetas' de modo a evitar que uma ou mais bolas de metal caiam no espaço existente na parte inferior da área de jogo.

O jogo que tem raízes no século XVIII serviu de inspiração em hits famosos, como “Pinball Wizard”, da banda The Who, destaque no filme "Tommy" (1975) com a antológica versão de Elton John.

Veja:

                                   

“Desde que eu era um garotinho. Eu joguei a bola prateada. De Soho até Brighton. Eu devo ter jogado em todos. Mas nunca vi nada como ele. Em fliperama nenhum. Aquele garoto surdo, mudo e cego. Sem dúvida joga pinball pra valer”, diz a letra da canção de 1969, escrita pelo guitarrista, cantor e compositor do The Who, o britânico Pete Townshend.

A máquina histórica também serviu de inspiração para o escritor, Marco Antônio Rodrigues, de Niterói, que escreveu o livro “O jogo de Deus”.

“Eu vivi essa época da década de 80, tinha muito fliperama nas ruas. As máquinas, mesmo com a tecnologia inferior a de hoje, já encantavam e dominavam os salões. Aqueles barulhinhos, aquelas luzes, aquilo era o canto da sereia, seduz a gente. Na década de 80 havia vários fliperamas nas ruas, nas esquinas. Hoje não tem mais. No Rio tem um clube grande, que inclusive está completando esse ano 20 anos, o Rio Pinball Clube”, disse Marco.

Foi essa nostalgia que fez o técnico de segurança do trabalho se aventurar a escrever o seu segundo livro. O primeiro foi uma coletânea de crônicas reflexivas chamada “Perspicácia, o Aprendiz da Vida”. Marco procurou mais livros sobre o tema, mas só achou na categoria técnica, mostrando a funcionalidade da máquina ou histórica, mostrando como ela surgiu.

“Meu livro (O Jogo de Deus) é um conto de fantasia, onde tudo acontece numa mágica mesa de pinball. Então foge um pouco desse padrão. A inspiração veio daí. Mas ele traz algumas mensagens em relação à situação ambiental, à situação que o planeta vem passando de diversas formas, com a violência, a agressão ao meio ambiente, em algum momento chega a esse ponto do livro. Na verdade, o livro ele vai buscando mensagens, informações do passado lado de trás, ele fala da peste negra, aí vem voltando, mas isso tudo é através da máquina. A máquina, quando não é fantasia, a gente faz o que a gente quer, a máquina vai se transformando de acordo com onde as bolas batem”, diz o escritor.

A princípio, Marco escreveu o conto superficialmente, sem maiores pretensões, em 2016, mas a ideia continuou em sua cabeça. Ao descobrir que nos Estados Unidos esse nicho ainda era muito forte decidiu apostar em seu livro e traduzi-lo para o inglês em 2019.

A aposta deu certo.

“O Mike Burge (dono da Fortway Pinball) comprou 100 livros e depois de muito tempo perdido nesse universo de divulgação, eu me deparei com a imagem de Robert Berk, a lenda do pinball americano e fundador da Pinball Expo (grande feira de pinball nos Estados Unidos)”, conta Marco Antônio.

O escritor entrou em contato com Robert Berk e contou um pouco da trajetória de seu livro. O interesse foi instantâneo. Berk perguntou se havia versão inglês e pediu uma mostra do conto para Marco Antônio.

“Eu tinha 50 livros em casa, para minha surpresa, ele me encomendou 300. Eu tive que mandar fazer na gráfica”, diz o escritor.

Essa interação foi no início do ano. Recentemente, Marco descobriu o motivo da compra em larga escala. Do dia 18 a 21 de outubro, a 39ª edição da Pinball Expo vai acontecer em Illinois, nos Estados Unidos, e Robert Berk pretende distribuir e divulgar o livro do Niteroiense nesse evento, que é amplamente conhecido como o mais importante sobre o tema do mundo.

A feira foi criada em 1985 por Berk com a ajuda de Bill Kurtz e Mike Pacak, em Chicago. O fundador começou um questionário, perguntando se seria uma boa ideia um evento voltado ao pinball, em que a resposta foi sim de boa parte dos leitores da “Silverball Quarterly”.

Embora houvesse uma máquina de pinball United Baby Face de 1948 em seu porão, foi durante as férias anuais da família para visitar sua tia na Flórida quando um muito jovem Rob Berk ficou completamente cativado pelas maravilhas da bola de prata.

“Meu pai, por qualquer motivo, sempre fazia questão de levar as crianças ao fliperama. Acho que ele gostava de pinball, então foi a maneira dele de me apresentar o jogo. E isso se tornou nosso ritual. Na verdade, havia uma livraria chamada Alfies, na Alton Road, em Miami Beach, que tinha dois jogos de pinball e jogávamos por horas.” Conta Robert Berk.

A conexão e o fascínio se intensificaram quando o pai de Berk adicionou um D. Gottlieb Texan, fabricado em 1960 e o último jogo de trilhos de madeira para 4 jogadores da empresa, ao porão da família.

A vida de Rob Berk mudaria completamente quando ele começou a faculdade na Kent State University em 1972 e descobriu, como ele se lembra, “...uma sala cheia de máquinas de pinball até onde a vista alcançava, e isso realmente me levou ao ponto em que eu decidi que queria colecionar máquinas de pinball da década de 1960.”

O primeiro jogo que ele comprou foi um Williams Post Time de 1969, que também desencadeou seu caso de amor por máquinas de pinball adicionais. Sua coleção cresceu para mais de 750 máquinas de pinball, abrangendo todas as épocas, com seu jogo eletromecânico favorito ainda sendo o primeiro Post Time e para máquinas mais modernas, ele conta com Medieval Madness de Williams no topo da lista.

Esse ano, que comemora 39 anos de existência, a feira tem uma previsão de ter 500 máquinas todas liberadas para uso.

“Uma coisa eu tenho certeza, 300 não vai dar nem para a saída, mas eu como autor estou felicíssimo por ele distribuir os meus 300, mas vai ter um número muito maior do que isso lá.” Disse Marco ao ser perguntado sobre a distribuição de seu livro no evento.

Marco Antonio espera que a divulgação de seu livro na feira alavanque seu trabalho e já começa a pensar em uma sequência para a trama ou quem sabe até uma produção cinematográfica. “Sonhar não custa nada, né”, diz o autor.

“As pessoas me questionam muito se o livro é religioso porque tem o nome de Deus. O livro não é religioso, é um livro de fantasia, mas em alguns momentos a gente cita alguma coisa de religiosidade, mas assim, não é um livro religioso. Então, quem está jogando é o suposto Deus. Eu digo suposto porque não ficou nada claro, ficou tudo subentendido só através de atos e palavras que ele era o Deus, até porque no final ele fala, cara, se você jogar aqui você vai ser Deus, porque o nome da máquina, o nome da máquina que ele está jogando é o jogo de Deus.” Finaliza o escritor.

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