Pela primeira vez em 12 meses, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou deflação no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país. No mês de agosto de 2025, o índice caiu 0,11%, ficando 0,37 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de 0,26% de julho.

Como dito, essa não só é a primeira deflação de 2025, como a primeira desde agosto de 2024, quando o índice caiu 0,02%. Além disso, essa queda foi a maior desde setembro de 2022, quando registrou redução de 0,29%. Ou seja, o resultado atual é a maior deflação do país em quase três anos.

No ano, o IPCA acumula alta de 3,15% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 5,13%, abaixo dos 5,23% dos 12 meses imediatamente anteriores, mas ainda acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, será cumprida se ficar entre 1,5% e 4,5%.

Para o resultado de deflação, a variação e o impacto negativo mais intensos vieram do grupo Habitação (-0,90% e -0,14 p.p.), devido à queda na energia elétrica residencial (-4,21%, advinda no Bônus Itaipu, subitem que exerceu o impacto mais intenso no índice (-0,17 p.p.). Também tiveram quedas em agosto Alimentação e bebidas (-0,46% e -0,10 p.p.) e Transportes (-0,27% e -0,06 p.p.), grupos de maior peso no IPCA juntamente com Habitação.

“Somados, esses três grupos foram responsáveis por -0,30 p.p. de impacto no índice geral. Sem eles, o resultado do IPCA de agosto ficaria em 0,43%”, informou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.

Além deles, Comunicação e Artigos de residência também tiveram deflação (ambos com -0,09% de variação e 0,00 p.p. de impacto) e os demais grupos registraram variações e impactos positivos: Educação (0,75% e 0,05 p.p.), Saúde e cuidados pessoais (0,54% e 0,07 p.p.), Vestuário (0,72% e 0,03 p.p.) e Despesas pessoais (0,40% e 0,04 p.p.).

Acompanhando a média brasileira, o Rio de Janeiro também registrou deflação de 0,34% em agosto, com a terceira maior queda dos locais pesquisados. No acumulado do ano, a inflação do Rio é de 2,35%, enquanto a dos últimos 12 meses é de 4,63%.

O IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, enquanto o INPC, as famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, residentes nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju. O próximo resultado do IPCA, referente a setembro, será divulgado no dia 9 de outubro.