Passageiros reclamam de longo tempo de espera nas barcas
Dois dias após o incidente que adernou as barcas, o tempo é este mesmo, de hora em hora
Passageiros reclamam de longo tempo de espera nas barcas
Foto do autor Gabriel Ferreira Gabriel Ferreira
Por: Gabriel Ferreira Data da Publicação: 03 de Novembro de 2023FacebookTwitterInstagram
Foto: Gabriel Ferreira

A prorrogação da concessão da CCR Barcas pelo governo do Estado, que vai durar até fevereiro de 2025, os usuários ficaram indignados.

Com autorização da Agetransp -  Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro, o intervalo entre as embarcações nesta sexta-feira (que não é feriado) foi de uma hora.

Em nota, a CCR Barcas informou que trabalha com efetivo reduzido porque a quantidade de passageiros em “pós feriado” é bem menor.

No entanto, a estação Araribóia esteve cheia na manhã desta sexta-feira e muitos passageiros reclamaram indignados.

A reportagem de A TRIBUNA fez um itinerário da Praça Araribóia, em Niterói, até a Praça XV, no centro do Rio, e acompanhou a revolta da população.

Na ida, as 9h30, a espera foi de 45 minutos. Durante a viagem, problemas que são comuns no dia a dia do passageiro como bancos envergados e embarcações sem ar-condicionado.

Letícia Souza, que é estudante, reclamou da demora e do calor. “É absurdo, além das barcas estarem funcionando em horário especial mesmo em dia útil ainda temos que enfrentar uma embarcação lotada e sem ar-condicionado, mesmo com esse calor”, conta.

Já o advogado Carlos André Augusto desabafou dizendo que “é um absurdo termos que esperar diariamente cerca de 30 a 40 minutos para pegar uma barca, é um serviço que não oferece qualidade nenhuma, as embarcações na maioria das vezes são velhas e nos horários de pico vem com uma lotação gigantesca de pessoas”, disse.

Na volta, sentido Praça XV – Niterói, os passageiros reclamavam dos mesmos problemas: superlotação, a longa espera e a precariedade do transporte, além de embarcações lentas e quentes.

O estudante Israel Bueno Leal disse que “o serviço das barcas já foi melhor. Os intervalos entre as viagens, principalmente em horários de pico (7h as 9h e 17 as 18h) tem deixado filas gigantescas, que geram tumulto ao embarcar. Fora o valor da passagem que é aumentado mesmo o serviço continuando a mesma coisa - ou pior”, relatou.

A coreógrafa Marcela Batista disse que se atrasou para o seu compromisso devido à longa espera de travessia. “Finalmente essa catraca foi liberada. Parece que o dono da CCR não sabe que o povo tem vida, o povo tem coisas para fazer. Estou aqui atrasada e só agora que eu vou conseguir embarcar. E olha que ainda eu vou fazer outros itinerários. É muito ruim depender desse transporte público do Rio de Janeiro”, ressaltou.

Barca adernada

Os problemas nas barcas não são novos, mas por pouco não ocorreu uma tragédia no início da noite desta quarta-feira (1º), quando a embarcação Neves V adernou ao chegar na cidade de Niterói.

Segundo passageiros, a água estaria entrando pelo lado esquerdo da embarcação. Nas redes sociais, houve quem estranhasse a rapidez entre uma viagem e outra. “ O comandante fez um trajeto Rio-Niterói em 10 minutos, isso porque a barca começou a afundar. Precisamos ser puxados pela mão. Fiquei com dó de uma senhora que estava desesperada. Ela estava gritando para irmos para o lado direito da barca”, relatou a internauta Manu Victória, por meio das redes sociais.

Nova concessão

A CCR Barcas continuará à frente do transporte aquaviário por mais 12 meses, até o dia 11 de fevereiro de 2025. Na última quarta-feira (1º), Secretaria Estadual de Transportes e Mobilidade Urbana, enviou um ofício a empresa declarando a prorrogação.

A informação confirmada tanto pela CCR quanto pela Secretaria de Transportes. A nova licitação não deve seguir os moldes de uma concessão. O novo modelo seguirá um estudo da UFRJ, que não dá nenhuma informação a respeito.

O que se sabe, é que o novo concessionário seja contratado por até seis anos para prestar o serviço, enquanto o Estado ficaria responsável pela bilhetagem e novos investimentos no transporte aquaviário.

Inicialmente, a empresa seria renumerada, principalmente por milha navegada. Além disso, estava previsto que a CCR recebesse 5% da receita das tarifas e 55% das tarifas acessórias como lojas e publicidade. A Secretaria de Transportes disse que o edital seria publicado em setembro, o que até hoje não aconteceu.

O que dizem as autoridades envolvidas

Em nota, a Secretaria Estadual de Transportes e Mobilidade Urbana informou que a continuidade da prestação do serviço de transporte aquaviário pelo chamado "período complementar adicional" é de até 12 meses, a contar de fevereiro de 2024, e já estava prevista no Termo de Acordo.

Em nota a SETRAM informou que mantém constante diálogo com a CCR Barcas e tem contribuído de forma intensa com as obrigações assumidas no Termo de Acordo que trata do encerramento da concessão e do processo de transição, com o objetivo de não prejudicar a operação neste período interino.

Sobre a nova modelagem, a proposta foi apresentada ao secretário de Transporte e Mobilidade Urbana e ao governador. Após a aprovação, o novo modelo foi apresentado para o Ministério Público, para técnicos do Tribunal de Contas do Estado e para o Presidente do TCE e, atualmente, encontra-se em fase estudos internos. Tão logo a Procuradoria Geral do Estado aprove a revisão do material, a licitação será publicada.

Já a CCR Barcas, concessionária que administra o transporte aquaviário, disse que recebeu, na última quarta-feira (01/11), ofício da Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana (Setram) solicitando, com base em acordo homologado judicialmente, a permanência da concessionária na prestação do serviço pelo período complementar de 12 meses, ou seja, até 11/02/2025.  A concessionária reafirma ainda seu compromisso em seguir prestando um serviço de qualidade para seus clientes.

Relacionadas