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Neste sábado, os fluminenses de nascença ou adoção, relembrarão o "Dia de Finados do RJ" estabelecido quando os guanabarinos atravessaram a Baia de Guanabara para o sepultamento político-administrativo do Estado do Rio de Janeiro, com a transferência de todos poderes estaduais para aquela cidade Cidade-Estado, que havia perdido a condição de capital federal e Distrito Federal, com a inauguração de Brasília, em 1960.
O "Decreto da Fusão" baixado pelo Presidente-General se revelou no entanto, uma incorporação do amplo território fluminense (44 mil km2) pelos que passaram a governar a cidade de 1,1 mil2, a partir do Palácio Guanabara ou do Palácio da Cidade. O funcional Palácio do Ingá foi esvaziado. Foram abandonados o valioso conjunto de imóveis integrantes do Patrimônio do Estado do Rio, como os prédios da Assembleia Legislativa (hoje, Câmara de Niterói|) os Tribunais da Justiça do Estado do Rio, do TRE e do Palácio das Secretarias. O Palácio do Ingá, foi declarado como Museu Histórico do Estado.
Igual situação coube aos prédios do Proderj, do DER, do IASERJ e o conjunto de três históricos prédios do Palácio da Princesa (depois Secretaria da Fazenda), fatiado com um bloco operado pelo Banco Itaú, outro pelo Restaurante Popular e do meio, abandonado e com partes internas em ruínas.
CÔNSUL DOS EUA FEZ A REVELAÇÃO NA SEDE DE A TRIBUNA
O governo militar já programara a fusão GB-RJ em 1970 e os passos mais concretos ficaram para quatro anos adiante, quando já estavam em andamento as ações para a obra da Ponte Rio-Niterói. Em 12 de julho de 1974 foi constituída a Comissão de Juristas, presidida por Clóvis Ramalhete, a quem coube elaborar a minuta da Lei Complementar número 20.
A construção da Ponte sobre a Baia de Guanabara já era um plano secreto para facilitar a decretação da fusão dos Estados do Rio e da Guanabara.
Bem informado, o vice-cônsul dos EUA, Daniel Anton Stress, em agosto de 1973, buscou traduzir a repercussão popular da opinião pública, em visita à redação de " A Tribuna". Era o indicio da fusão. fato detalhado quando da retribuição da visita do jornalista, ao gabinete do vice-Cônsul. em seu gabinete na Avenida Presidente Wilson, no Rio.
Mas A Tribuna publicou bombástica entrevista do então deputado federal e ex-prefeito de Niterói, denunciando: "GB quer tomar conta da Baixada Fluminense", passando a incorporar 1,3 km2 dos municípios de Nova Iguaçu, Caxias, Nilópolis e São João do Meriti"
Os governadores eram Chagas Freitas (Guanabara) e Raymundo Padilha (Estado do Rio) com mandatos até 15 de março de 1975, data escolhida para a fusão com a nomeação de apenas um governador, missão destinada ao Almirante Floriano Peixoto de Faria Lima.
OS GOVERNANTES OMISSOS
Já se passaram 50 anos da anexação do Estado do Rio, promovida com o sonho de se formar um "grande estado", mais um ato que empobreceu o velho Estado e fortaleceu a Guanabara, que passou a contar com receitas municipais e estaduais, podendo realizar grandes obras.
O ponto de equilíbrio foi a nomeação do Almirante Faria Lima para governador do Estado, sabendo dialogar com todos, empenhado e disposto em se revelar um bom administrador, a começar pela escolha do engenheiro Ronaldo Fabrício para Prefeito de Niterói.
Ele sucedeu o desgaste que foi o governo do ex-deputado federal Raymundo Padilha (1971/1976).
Nenhum dos sucessores de Faria Lima, apesar da era da abertura política, se empenhou em montar o centro do Poder no Palácio do Ingá, compartilhar ou permitir à Prefeitura dar vida aos prédios deixados em desuso.
Foram 17 os ocupantes do Palácio do Guanabara, sendo três considerados fluminenses, como os campistas Anthony Garotinho e sua esposa, Rosinha Garotinho, e Luiz Pezão (ex-prefeito de Piraí).
Os demais governadores foram Chagas Freitas, o gaúcho Leonel Brizola (1983/87 e 1991/1994), substituído pelo ex-deputado federal Moreira Franco, natural do Piauí e genro do ex-Governador Amaral Peixoto (20 anos de poder). Na lista estão também Sérgio Cabral, Wilson Witzel e o atual governador Cláudio Castro. Com a renúncia de Brizola assumiu o vice, advogado Nilo Batista e, a seguir, governaram Marcelo Alencar, Anthony Garotinho, Benedita da Silva, Rosinha Garotinho e, após 2007: Sérgio Cabral, Luiz Pezão , Wilson Witzel e seu vice, Cláudio Castro que a seguir conseguiu se eleger.