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A Justiça do Rio condenou Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha, por ajudar os assassinos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes a se desfazerem do carro GM Cobalt usado no crime. A decisão é do juiz Renan de Freitas Ongaratto, da 39ª Vara Criminal e foi a primeira condenação na investigação do atentado.
Orelha era dono de um ferro-velho e está preso desde o fim de fevereiro. Ele foi condenado a cinco anos de prisão pelo crime de atrapalhar a investigação que envolva organização criminosa.
A denúncia foi feita pela força-tarefa do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em agosto de 2023. De acordo com o inquérito, Orelha destruiu o carro em um desmanche no Morro da Pedreira, na Zona Norte do Rio.
Nas alegações finais, a promotora de Justiça Fabíola Tardin Costa, representante do Ministério Público durante toda a instrução criminal, destacou que a conduta praticada pelo réu não é incomum no mundo da milícia.
“Deve ser destacado que as estatísticas demonstram que aproximadamente 90% das execuções em crimes premeditados pela milícia carioca são realizadas com este modus operandi, ou seja, com utilização de veículo, seja moto ou automóvel, exatamente em virtude da rapidez proporcionada na fuga, sendo, portanto, elemento fundamental para o êxito do resultado visado que o carro não seja nunca mais localizado.”
Segundo o Ministério Público, Orelha era conhecido de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, presos como executores do crime. De acordo com a delação premiada de Élcio, o dono de ferro-velho foi acionado pelo ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, também preso, para se livrar do veículo.
O juiz afirma que Orelha “tinha consciência da gravidade das infrações penais que estavam sendo investigadas”. Ongaratto destaca que “a destruição do carro embaraçou as investigações daqueles homicídios, impossibilitando a realização de perícia criminal no veículo” e contribuindo para o atraso na identificação dos executores e mandantes do crime.
De acordo com o magistrado, Orelha agiu com dolo ao embaraçar as investigações. Ongaratto enfatiza que foi comprovado que Orelha tinha conhecimento de que o veículo que destruiu havia sido usado nos homicídios. Ele também ressalta que Edilson tinha uma relação de confiança com Maxwell e Ronnie Lessa, o que contribuiu para a execução da ação de destruir o veículo.
Durante a delação, Élcio disse que Orelha tinha uma agência de automóveis e foi dono de um ferro-velho. Assim, ele tinha contato com pessoas que possuem peças de carros. Segundo o depoimento, dois dias depois do assassinato, Ronnie e Élcio levaram Orelha até o local onde estava o veículo, em uma praça na Avenida dos Italianos, em Rocha Miranda.
O ex-PM contou também que Orelha tinha "pavor" de Ronnie Lessa e, durante a conversa, estava desesperado para ir embora. Élcio contou aos investigadores que depois desse encontro ficou sabendo por meio do Suel de que o carro usado no crime foi para o "Morro da Pedreira", onde havia um desmanche de carro.