O novo normal é totalmente anormal
O novo normal é totalmente anormal
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Por: Luiz Antonio Mello Data da Publicação: 04 de Novembro de 2023FacebookTwitterInstagram
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1 - FELICIDADE

Se a felicidade é uma sensação podemos prolongar essa sensação?

Perguntar ofende, mas fazer o que?

Talvez fosse melhor mergulhar na alienação.

Ri melhor quem ri sempre.

No mundo não há lugar para amarguras.

Vide os cafajestes, sempre risonhos, cabelos ao vento.

Futebol, churrasco, cerveja.

Há tempos percebi que um dos meus problemas existenciais é a ausência de fanatismo, num país que adora seitas.

Se eu fosse adorador de futebol e menos consumidor de livros (que Lula, o caudilho e o
capitão, o pé frio, como bons
fascistas, desprezam), bastava
uma camisa do clube, 10 cervejas em dia de jogo numa roda de desconhecidos e não haveria problema algum?

Além do mais...posso falar?

Além do mais acho que todos os
resultados são negociados, vendidos e comprados.

Recentemente levantaram o rabo dessa lebre, mas ficou só nisso. No rabo.

A felicidade é um bem etéreo, pessoal e intransferível.

Será que podemos realimentar essa sensação importando música, sexo, cinema, livros?

Podemos realimentar mais ainda bloqueando pensamentos ruins, recusando surfar nas ondas de esgoto do negativismo?

Podemos ser felizes por decreto pessoal?

Pode ser que sim.

Mas a sensação de felicidade é real e quase palpável, como bola de futebol, água do mar, uma cona morna, molhada, jorrando cio, uma boa cena de cinema.

Arribemos, então.

2 - O NOVO NORMAL
A humanidade fez muito tricô
sobre o tal novo normal, uma nova
era que viria após a pandemia.

Muitos achavam que a paulada da covid 19 ia ensinar que devemos ser mais solidários, mais pacíficos, mais pacientes, mais amorosos, menos sovinas.

Literalmente esqueceram de
combinar com os russos.

Comemorando o liberou geral da Organização Mundial de Saúde, a Rússia invadiu a Ucrânia.

O capitão cleptogolpista de direita, de biografia acatingada, que desgovernou o Brasil, acompanhado do filho Carlos, foi a Rússia.

Teve uma misteriosa reunião, em 16 de fevereiro de 2022, com o gangster que responde pela alcunha de Vladimir Putin, proprietário daquelas terras.

A energia do capitão é tão trevosa e de má sorte (não pronuncio a palavra aza....do) que
oito dias depois a Rússia invadiu a Ucrânia.

A Ucrânia é governada por um
oportunista e, dizem, moleque que
era artista de programa de auditório.

Volodymyr Zelensky viu na
invasão a esperada chance de se
tornar rico, famoso e poderoso, nessa ordem.

Sempre de camiseta verde oliva fez (e faz) sucessivas lives (estou de saco cheio de lives, qualquer uma, não aguento mais) se lamuriando.

Uma lamúria que lembra gemido de ema.

Desde o começo Zelensky só pede canhões, fuzis, bombas e aviões de combate para acabar com a guerra.

O cara nos chama de babaca com a calma de um monge tibetano porque, até segunda desordem, jogar gasolina em fogo - penso
- aumenta o incêndio.

Além do mais, seja uso pardo, seja urso polar, é tudo urso. 

Ou, seja ucraniano, seja russo, é tudo soviético.

O mundo conheceu, então, o seu novo normal. Totalmente anormal.

Foi quando entrou em cena um
outro personagem, que adora Putin.

Cleptofascista de esquerda,
caudilho de carteirinha, o atual presidente nitidamente adora a Rússia, a ponto de fugir do sonso Zelensky que quer conversar com ele.

Nosso presidente sabe que o ator
ucraniano quer armas e grana.

Ainda sobre o novo normal, as
milícias do Rio - cheias de comendas
dadas no passado pelo capitão trevoso e pé frio e sua filharada - assumiram o controle do estado do Rio.

A inauguração da nova fase foi
aquela covarde execução dos médicos paulistas, seguidas do incêndio de quase 40 ônibus na zona deles (a Zona Oeste, Barra, Recreio etc).

Na sequência, policiais do estado foram presos traficando cocaína, armas e maconha para uma facção criminosa (parece ficção)
e, no resto do planeta, como se
Rússia e Ucrânia fossem café pequeno, os terroristas do Hamas invadiram Israel.

Matança geral.

Duas guerras em andamento.

Morte, destruição, fome, miséria.

Esse é o novo normal. Totalmente anormal.

Mas, copiando Zózimo Barroso do Amaral, enquanto houver Itaipu, há esperança.

3 - PRIMAVERA
Eu vi um bem-te-vi sobrevoar a cracolândia da avenida Amaral Peixoto. Voo baixo.

Bem-te-vi é um passarinho de papo amarelo, mede um palmo e, dizem, sobrevive em lugares onde não existe o mico
baiano, que dizimou com os pássaros em toda a Zona Sul de Niterói, ao longo dos anos.

Não sobrou nem pardal e rolinha.

Na carteira de identidade, o micro baiano aparece como callithrix jacchus, espécie originária do Nordeste que chegou aqui através do tráfico de animais, nos anos 1980.

Cresceram e se multiplicaram por duas razões: a) desprezo do poder público; b) comida que muita gente dava (e dá) para eles.

Talvez o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) possa responder se há solução para o problema.

O tal bem-te-vi da Amaral Peixoto, que achei que iria virar iguaria, sobreviveu porque completou o voo até a Praça Arariboia.

Algo comparado a um Spitfire*, em 1944 dar um voo rasante sobre a Faixa de Gaza de
hoje e sair inteirinho do outro lado.
*Avião monomotor de caça, desenvolvido e fabricado na Inglaterra pela Supermarine, de 1938 a 1948 que detonou o poder aéreo da Luftwaffe dos nazistas.

4 - BANGLADESH
Na padaria que frequento,
um leitor me abordou elogiando
a comparação que fiz da Rua da
Praia (rua Visconde de Rio Branco, Centro de Niterói) com Bangladesh, país localizado no sul da Ásia, a leste da Índia, no Golfo
de Bengala, cuja miséria quase
absoluta levou George Harrison
a fazer aquele show beneficente
em Nova Iorque, em dezembro
de 1971.

São 170 milhões de habitantes adensados em 148 mil quilômetros quadrados.

O leitor errou.

Bangladesh está muito melhor do que a
Rio Branco.

Sobre o show, sumiram com o dinheiro.

George Harrison ficou fulo da vida.

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