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O Golpe militar de 64 e a tentativa de um novo golpe
O Golpe militar de 64 e a tentativa de um novo golpe
Foto do autor Mário Sousa Mário Sousa
Por: Mário Sousa Data da Publicação: 30 de março de 2024FacebookTwitterInstagram

Há 60 anos, ocorreu o golpe militar no Brasil que acabou com a democracia, envolvendo o país num cenário de escuridão, com perversidade, censura, prisões, torturas e assassinatos. 

 Há famílias que não sabem até hoje do paradeiro de seus parentes, foram anos tenebrosos de terror e covardia. Apesar disto, há uma tentativa de naturalizar e desqualificar o golpe, como se não tivesse ocorrido perseguições, torturas, corrupção, violência sexual, censura, covardia, derramamento de sangue e  sumiço de corpos. 

Em muitas repartições públicas, sindicatos, universidades, grupos culturais, os famosos "dedo duro" denunciavam funcionários, sindicalistas, professores e alunos universitários, artistas dentre muitos outros. E, como tudo era censura, a população raramente ficava sabendo das atrocidades e da larga escala de corrupção do governo militar ditatorial. 

A violência cometida se assemelhava ao Nazismo e aos tempos da Inquisição, com os processos de torturas: choques elétricos nos órgãos genitais e nos ouvidos;  mergulhos forçados em tanques de óleo e barris de água gelada, com mãos algemadas e de cabeça para baixo; introdução de objetos nas partes íntimas; suplício do “torniquete”, aperto dos testículos entre duas pequenas tábuas. 

Censura nas artes, com teatros  fechados, textos e músicas proibidas  e artistas presos. Nas redações dos veículos de Comunicação, nada era editado sem passar por um “censor” de plantão nas redações. Nas repartições, nos sindicatos, nas faculdades, o terror diário da chegada dos policiais ou suspeitos de estarem a serviço dos ditadores. 

Não há ditadura, assim como não há guerra, que não seja perversa. A ditadura militar iniciada em 1964 foi um golpe contra a Democracia que derrubou o presidente João Goulart. Durou 21 anos, com censura à Imprensa, partidos políticos fechados, criação do SNI (Serviço Nacional de Informação) para perseguir, fichar e prender quem fizesse oposição ao regime militar. 

Em Niterói, na época capital do Estado do Rio de Janeiro, ocorreram os mesmos horrores como em todo país. Governadores, prefeitos, deputados, juristas, professores, jornalistas, artistas, sindicalistas e diversos outros profissionais, foram detonados de seus cargos, presos, perseguidos,  torturados e a imprensa amordaçada. 

A cidade de Niterói, que comemora tantas datas históricas, se envergonha de ter utilizado o estádio Caio Martins como sede de uma das prisões dos chamados “subversivos”, acusados pelo poder militar. 

Três décadas se passaram para a tentativa de um novo golpe, com Bolsonaro no poder,  com as invasões, depredações, baderna e atos violentos em Brasília. Houve um freio aos ímpetos criminosos que agiam contra a Democracia. 

Muitos dos golpistas já foram autuados e presos e segue, em curso, as ações do Supremo Tribunal Federal e da Polícia Federal para enquadrar judicialmente os autores intelectuais, as lideranças e empresários que fomentaram e financiaram a invasão dos patrimônios públicos num total desrespeito ao estado democrático, a Constituição e ao resultado das urnas. 

A Democracia foi restabelecida, mas é preciso estar sempre alerta para golpistas ,que defendem a volta da barbárie e da Ditadura!. 

 

Mário Sousa é jornalista  e escritor 

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