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Hoje, 22 de novembro, Niterói completa 449 anos de fundação. A TRIBUNA colheu alguns pontos dessa história, marcada por constantes mudanças.
- O nome "Niterói" tem origem no termo em língua tupi antiga Nheterõîa, palavra essa que designava até mesmo a Baía da Guanabara ou o Rio de Janeiro. "Niterói" (anteriormente escrito "Nictheroy" ou "Nitheroy") era o nome indígena do porto da cidade do Rio de Janeiro por volta de 1554. Em 1834, o antigo topônimo indígena "Niterói" foi adotado como novo nome da até então "Vila Real da Praia Grande", quando esta se tornou a capital da Província do Rio de Janeiro. Existem várias explicações sobre o significado do termo na língua tupi:
"Porto sinuoso". "Rio verdadeiro frio", pela junção dos termos 'y (rio), eté (verdadeiro) e ro'y (frio).
- O atual território brasileiro já era habitado desde pelo menos 10 mil A.C. por povos provenientes de outros continentes, possivelmente, da Ásia e da Oceania. Por volta do ano 1000, a maior parte do litoral brasileiro, inclusive a região da atual cidade de Niterói, foi invadida por povos tupis procedentes da Amazônia que expulsaram as tribos locais tapuias para o interior do continente.
- No ano de 1555, o navegador francês Villegagnon instituiu a colônia francesa da França Antártica na atual ilha de Villegagnon, na Baía de Guanabara. A região da baía era evitada pelos portugueses por causa da resistência dos nativos locais, os tamoios. Villegagnon convenceu a Corte Francesa das vantagens de se manter uma colônia permanente no local, de onde a França poderia tentar o controle de comércio com as Índias. Villegagnon planejava construir, no continente, a cidade de Henriville, em homenagem ao rei Henrique IV de França.
O comércio com as Índias dava-se de maneira regular e próspera, tornando a Coroa Francesa confiante no sucesso de sua colônia no Brasil. Villegagnon recorreu ao rei francês e pediu um reforço de 4 000 homens e centenas de mulheres para os franceses se casarem. O soberano decidiu, então, enviar a Henriville um grupo grande de calvinistas, de forma a amenizar os conflitos religiosos que aconteciam naquela época na França.
- Passado algum tempo, os calvinistas regressaram à França e Villegagnon passou a poder contar com apenas oitenta homens. Diante das acusações de perseguição aos calvinistas e má administração, o navegador francês teve de voltar à França para explicar-se, deixando, em seu lugar, Bois-le-Compte, seu sobrinho. Aproveitando-se da ausência de Villegagnon, Mem de Sá, governador-geral do Brasil, resolveu invadir a Guanabara e tomar posse da região, no ano de 1560.
Com uma expulsão quase que total dos franceses de Henriville, o interior da atual Niterói foi ocupado rapidamente pelos fugitivos. Assim, Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá, que continuara com o comando da guerra, recorreu à ajuda do cacique temiminó Arariboia (nome tupi que significa "cobra-papagaio". Arariboia havia sido expulso pelos tamoios de sua terra natal, a ilha de Paranapuã (a atual Ilha do Governador, na Baía de Guanabara), o que o fez aceitar o pedido do governador, com a esperança de reconquistar a ilha-mãe. Na época, Arariboia estava com sua tribo na Capitania do Espírito Santo, de onde expulsara holandeses.
- Com o fim da guerra, em 1567, Arariboia recebeu o nome cristão de "Martim Afonso". Mas Estácio de Sá resolveu ocupar a ilha de Paranapuã, tornando-a a Ilha do Governador. Para manter a segurança na Baía de Guanabara, Estácio de Sá insistiu a Arariboia para não voltar para o Espírito Santo e o concedeu-lhe o poder de escolher qualquer uma das regiões da Guanabara para viver. Sem titubear, o cacique tupi teria apontado para o outro lado da baía e disse que queria aquela região de águas escondidas.
O local era conhecido como "BandAlém" e foi para lá que Arariboia levou sua tribo, para a vila de "São Lourenço do Índios". Essa informação não é confirmada pelo pesquisador Rafael Freitas da Silva. Já o Dicionário Aurélio relata que a região onde foi fundada a cidade era habitada, na época, pelos índios cariis. Como monumento de fundação, foi construída a Igreja de São Lourenço dos Índios, até hoje considerada como marco histórico da cidade.
- De 1600 a 1800, Niterói se manteve numa grande linha de estabilidade. A Vila Real da Praia Grande esteve centralizada no atual Centro, abrangendo uma área que hoje corresponde ao Centro, ao Bairro de Fátima, ao bairro de São Lourenço e a Gragoatá.
- A primeira eleição de vereadores e juiz de paz aconteceu em 11 de janeiro de 1829. Com base na então nova lei orgânica, a câmara foi constituída de sete vereadores tendo, como presidente, Marcolino Antonio Leite, o vereador mais votado. No ano de 1834, a cidade do Rio de Janeiro, então a capital da Província do Rio de Janeiro, separou-se dessa província para constituir o Município Neutro, sede do Império Brasileiro. Um Ato Adicional realizado no mesmo ano determinou a nomeação da Vila Real da Praia Grande como nova capital da província do Rio de Janeiro.
- No ano seguinte, 1835, a vila Real da Praia Grande passou a se chamar Nictcheroy.
- A condição de capital trouxe uma série de desenvolvimentos urbanos, como a barca a vapor, iluminação pública a óleo de baleia, lampiões a gás, abastecimento de água e novos meios de transporte (bondes elétricos, estradas de ferro, companhia de navegação) para ligar a cidade ao interior da província. Nove anos depois, o imperador dom Pedro I concedeu, à cidade de Niterói, o título de Imperial Cidade. A nomeação era dada a alguns centros urbanos mais importantes no Brasil do período imperial, conferindo-lhes certa autonomia e poder regional.
No final do século XIX, por volta de 1885, foram fundados alguns sistemas de bonde, o que possibilitou a expansão da cidade ao longo do litoral para lugares como Ponta d'Areia, Icaraí e Itaipu. A Revolta da Armada em 1893 prejudicou as atividades produtivas e forçou a transferência da capital provincial para Petrópolis, bem como levou à fragmentação do território de Niterói: freguesias próximas passaram a constituir o município de São Gonçalo.
Com a amenização da revolta e devido à necessidade da proximidade da capital do agora estado do Rio de Janeiro com o Distrito Federal, em 1903, Niterói voltou a ser a capital do estado do Rio de Janeiro. Isso ocasionou um novo impulso de modernização na cidade, com construção de praças, deques, parques, estação hidroviária e rede de esgotos, além de alargamentos das ruas e avenidas principais.
Mas o maior marco para o crescimento econômico da cidade foi a inauguração da Ponte Rio-Niterói, que utilizou um sistema muito avançado de sustentação, em 1974. Foi o sinal para o redirecionamento de investimentos públicos, da especulação imobiliária, da infraestrutura e ocupação de bairros da Região Oceânica.
Em 1975, Niterói deixou de ser a capital do estado do Rio de Janeiro, por causa da fusão do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro. Com a nomeação da cidade do Rio de Janeiro como capital do estado unificado, Niterói se viu a uma crise econômica-social.
Hoje, a cidade apresenta índices de desenvolvimento que a tornam mais do que simples coadjuvante da capital do estado. Referência em setores essenciais como educação, saúde, qualidade de vida e cultura, o município cresce e ganha espaço no cenário nacional.