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O governo federal anunciou, recentemente, a volta de contratações no Parque Naval do país. Neste sentido, o prefeito Axel Grael (PDT) articulou, em encontro com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloísio Mercadante, em Brasília, o apoio da instituição, no financiamento de empresas niteroienses que atuam no setor.
“A gente precisa estabelecer qual é a nossa demanda, em termos de financiamento, de parcerias. Uma outra questão importante é o terminal pesqueiro de Niterói. Ele foi inaugurado três vezes, mas nunca funcionou, porque não tem calado e as traineiras não conseguem encostar ali para descarregar a produção. Com a dragagem, a gente vai viabilizar o porto pesqueiro, que vai ser provavelmente uma das áreas mais importantes, em termos de indústria pesqueira no país”, apontou.
Com a dragagem do Canal de São Lourenço, o setor naval e pesqueiro acelera, junto com o poder público, as discussões em busca de união para fortalecer o segmento. Nesta quinta-feira (16), com a presença de Axel, foi lançado o Polo Naval de Niterói. Dele fazem parte a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan); o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e empresários do segmento; Cluster Naval e a Prefeitura de Niterói, por meio da Secretaria de Ciência e Tecnologia.
O polo é uma iniciativa do Ecossistema local de Inovação, conduzido pela Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia, para promover inovações para o desenvolvimento de políticas públicas, criando um ambiente favorável à competitividade de mercado, unindo esforços para que os protagonistas da área apresentem e consolidem também, junto ao poder público, ações que possibilitem a revitalização do setor naval do município.
De acordo com o prefeito, a cidade já tem com um Parque Naval, que chegou a contar com mais de 20 mil trabalhadores, num passado recente.
“Só um dos estaleiros tinha 10 mil trabalhadores. A Prefeitura de Niterói está fazendo o seu papel, realizando a dragagem do Canal de São Lourenço. O serviço vai começar em janeiro. Este processo vai avançar muito mais, com a participação organizada de todos os setores interessados. Já temos um Parque Naval em Niterói, com condições de formar mão de obra para atender rapidamente à demanda. O cenário é propício, porque a Petrobras está pronta para anunciar novos investimentos na Indústria Naval. Então, temos um ambiente muito favorável com nossos parceiros, incluindo a Firjan, Sebrae e os empresários”, ressaltou.
Iniciativa
Apesar da responsabilidade da dragagem do Canal de São Lourenço ser do governo federal, o prefeito observa que a sua administração decidiu “não esperar mais”: realizou estudos de impacto ambiental e todos projetos necessários.
“Então, com isso, nós vamos aumentar a competitividade dos estaleiros de Niterói e a gente espera que, com eles, voltem a contratar. A gente tem a expectativa que só essa ação já gere cerca de 20 mil empregos na cidade”, almejou.
A ideia do prefeito é fazer com que Niterói seja um dos polos nacionais que voltará a exigir conteúdo nacional, nas contratações das obras da Petrobras. Ele afirma que os estaleiros da cidade têm uma “grande vantagem” nesse sentido, porque, ao longo da história foi o principal local de promoção naval do país.
“Muita gente ainda tem muita experiência e está aí, no mercado. Temos como recompor essa força de trabalho. Lógico que o tempo passa, a tecnologia e as características da atividade mudam; mas a gente tem uma cultura naval em Niterói. Temos como resgatar a mão de obra. A dragagem traz várias vantagens competitivas. Sem ela, a gente tinha uma grande dificuldade, por conta da quantidade de plataformas”, sublinhou.
A secretária municipal de Ciência e Tecnologia, Valéria Braga, destacou a forma pela qual a cidade está se preparando e apoiando inovação, de forma sustentável, em diversas áreas que se complementam.
“Estamos num momento favorável. Temos cinco eixos dentro do Ecossistema de inovação sendo fortalecidos, que inclui Economia Criativa, Saúde, Tecnologia, Clima e, agora, o fortalecimento naval. Temos aqui uma gama de pessoas com estruturas portuárias, como a engenharia naval, a logística, os serviços de suprimentos às navegações. Além disso, as ações do poder público para fomentar o desenvolvimento de negócios em Niterói, fazendo com que seja mostrada a verdadeira vocação da cidade para o desenvolvimento da Economia do Mar”, disse a secretária.
O 1º vice-presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, considerou a medida um “diferencial estratégico para o setor industrial” e enfatizou que a federação tem atuado fortemente para a retomada do mercado naval. A iniciativa foi oficializada durante um café da manhã, com a participação de empresários do setor, no Solar do Jambeiro.
“A indústria naval enfrenta um ambiente de negócios cada vez mais competitivo. Nossa indústria possui um grande potencial de geração de empregos qualificados, com remuneração acima da média, além da demanda constante por inovação”, destacou Caetano, reforçando que a iniciativa tem total apoio da federação.
Participaram ainda, Karolina Maggessi, coordenadora do Polo, Juliana Ventura (Sebrae) e Walter Lucas da Silva, diretor-presidente do cluster tecnológico Naval do Rio, entre outros.
Canal de São Lourenço
A Prefeitura de Niterói assinou, em setembro deste ano, o contrato para a execução da obra de dragagem do Canal de São Lourenço. A intervenção começará após a execução do projeto básico de engenharia e será executada pelo Consórcio Fluminense, vencedor da licitação e formado pelas empresas DTA Engenharia Ltda e SK Infraestrutura Ltda. O investimento da Prefeitura é de R$ 138 milhões. A previsão é de término da obra em até 15 meses. A dragagem faz parte do Plano Niterói 450 Anos.
A dragagem do Canal de São Lourenço tem o objetivo de ampliar o acesso da infraestrutura aquaviária ao Complexo Industrial e Portuário de Niterói e vai revitalizar todo segmento voltado para Economia do Mar, como os setores de petróleo, gás e pesca. Está prevista a geração de cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos.
O desassoreamento do trecho da Baía de Guanabara acontecerá entre a Ilha da Conceição e a Ponte Rio-Niterói e aumentará de 7m para 11m a profundidade, o que permitirá o aumento da função operacional dos estaleiros, o estímulo a novas construções de embarcações e a movimentação do setor de reparos e offshore.
Para garantir a execução das obras, a Prefeitura de Niterói custeou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) com um investimento de R$ 772 mil. O estudo foi entregue ao Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e, após a análise para liberação das licenças, os resultados foram apresentados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) aos órgãos do Governo Federal.
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