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“Ney Matogrosso – Homem com H” a saga de um artista à frente do seu tempo
A TRIBUNA acompanhou o musical, que encerrou sua temporada no Rio, e conta os melhores momentos da produção teatral
“Ney Matogrosso – Homem com H” a saga de um artista à frente do seu tempo
Foto do autor Gabriel Ferreira Gabriel Ferreira
Por: Gabriel Ferreira Data da Publicação: 23 de outubro de 2023FacebookTwitterInstagram
Foto: Adriano Dória

Antes de seguir em turnê pelo Brasil, o musical “Ney Matogrosso – Homem com H” esteve em cartaz no Teatro Riachuelo.

Foi uma curtíssima temporada que conquistou os cariocas diante da brilhante encenação que destaca o elenco que teve Renan Mattos interpretando Ney.

O início

 

“Homem com H” começa ao som de “Sangue Latino”, onde o jovem Ney de Souza Pereira batia de frente constantemente com o seu pai, o militar Antônio Pereira Matogrosso.

Desde sempre, Ney sonhava em ser artista, mas o pai queria o filho como um homem tradicional. Só que a vocação artística foi mais forte e o rompimento foi inevitável.

O musical passa a retratar a saída da casa dos pais e o ingresso à Aeronáutica; a mudança para Brasília, onde passa trabalhar em um hospital e ao mesmo tempo, dá os seus primeiros passos para o teatro e a música; e por fim, o retorno ao Rio de Janeiro, onde conhece a Luhli, a hippie moradora da Tijuca.

A amiga que acabara de conhecer, coincidentemente, passa a ser o amuleto da sorte de Ney. Ele foi levado por Luhli para fazer um teste na TV Tupi do Rio de Janeiro, mas foi reprovado por não ter voz grave como os cantores da época.

Vendo a dificuldade do amigo em querer alcançar o estrelato, Luhli apresenta a Ney os músicos Gérson Conrad e João Ricardo, integrantes da banda “Secos e Molhados”, de São Paulo. Ney passa a se dividir entre Rio, São Paulo e Brasília.

Secos e Molhados e o início da trajetória solo

Desde o início da formação do Secos e Molhados, Ney aparentava um brilho a mais que os outros integrantes. Ele se destacava por sua voz angelical e suas danças, consideradas um tabu para a época.

Mesmo com o sucesso em todo o Brasil, chegando a ultrapassar a vendagem de discos de Roberto Carlos, as brigas no S&M eram frequentes nos bastidores. O musical diz que João Ricardo se mostrava um falso amigo que sonhava em ter o sucesso somente para si, enquanto Ney queria alcançar o estrelato, mostrando que não precisava ser igual aos demais artistas da época. Já Gérson Conrad procurava apaziguar os embates do grupo.

Apesar das brigas nos bastidores, o sucesso de Secos e Molhados só crescia, sendo convidados por programas de TV e Rádio da época, além de turnês em todo o Brasil. No entanto, conforme eles cresciam, as críticas surgiam. Diversos jornalistas da época criticavam os músicos pelo modo de se vestir e se apresentar nos shows.

Cazuza

No fim dos anos 1970 para o início dos anos, Ney conhece Cazuza numa festa. Eles passam a ser amigos e a amizade começa a ficar intensa e vira um fruto de relacionamento amoroso. Mas por causa das drogas os dois passam a discutir constantemente.

Entre idas e vindas do relacionamento com Cazuza, Ney também passa a se relacionar com o médico Marco de Maria. Era um relacionamento intenso e ao mesmo aberto.

Como se sabe, Cazuza e Marco acabaram morrendo de Aids.

A redenção

O álbum “Interpreta Cartola” marcaria um divisor de águas na vida de Ney, desolado após a morte de Cazuza e de Marco de Maria, o cantor se viu sem rumo e decidiu apostar em algo diferente. Era a primeira vez que Ney arriscava uma canção fora da MPB e do Pop. O samba que inicialmente era visto com estranheza por seus empresários, mostrou que Ney estaria certo ao arriscar o diferente.

Com o poema “Não interesso pelo futuro, a minha vida é agora” de Caio Fernando Abreu, o musical encerra com Ney cantando um de seus maiores sucessos “Homem com H” reunido de todos os personagens que integraram a sua infância desde os dias de grande sucesso da sua carreira pessoal e profissional.

Provido de um figurino harmônico, o ator Renan Mattos, vencedor de duas categorias do prêmio Bibi Ferreira, finaliza o espetáculo fazendo uma referência ao versículo bíblico de Mateus 22:37-39, afirmando que a sociedade precisa respeitar as diferenças do nosso próximo e amá-los como a nós mesmos. 

Um grande espetáculo.

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