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O ex-delegado de Polícia Civil, Maurício Demétrio Afonso Alves, foi denunciado nesta terça-feira (23) pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro, pelos crimes de discriminação e injúria racial. A denúncia relata três episódios em que ele exteriorizou seu desprezo por pessoas de cor preta ou fez ofensas racistas.
De acordo com o MPRJ, todas as falas ocorreram por meio do aplicativo WhatsApp. Em um dos casos, em outubro de 2018, Maurício chama uma delegada aposentada de "macaca" e "criola". Da mesma forma, em 2020, o ex-delegado utiliza em uma conversa a expressão "tinha que ser preto" ao se referir ao então ministro da Educação Carlos Alberto Decotelli.
Outro episódio ocorreu em março de 2018, quando Maurício ironiza a morte da vereadora Marielle Franco, "que, no contexto do que restou demonstrado com a prova dos autos, assim o fez por preconceito racial, certo que a falecida vereadora era mulher de cor preta", diz a denúncia.
O ex-delegado está preso desde 2021, quando foi condenado a mais de 9 anos de prisão, e ainda terá que pagar multa de R$ 367 mil reais. Também foi determinado que o montante de dinheiro apreendido na casa dele no dia da prisão (R$ 240 mil) deve ser depositado em uma conta do estado. Maurício também perdeu o cargo e está impedido de assumir qualquer outra função pública.
Além da condenação pelos dois crimes, o Ministério Público requer que o ex-delegado seja condenado a pagar R$ 100 mil pelos danos morais causados à delegada, bem como R$ 100 mil a título de dano moral coletivo.
Maurício foi detido em 2021 acusado de lidarar um esquema através do qual exigia subornos de comerciantes para permitir a comercialização de produtos falsificados. À época, ele era o delegado titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), que combate o crime de pirataria.
De acordo com o MPRJ, Maurício ainda organizou um plano para obstruir as investigações da Corregedoria da Polícia Civil, além de ser acusado de abuso de autoridade, denunciação caluniosa e manipulação fraudulenta de processos.
Maurício foi condenado pela 1ª Vara Criminal a nove anos e sete meses de prisão por obstrução da justiça e acabou perdendo o cargo público do delegado de polícia.