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Morre o jornalista Luiz Antonio Mello, aos 70 anos
Conhecido como LAM, ajudou a revelar grandes nomes da música e do jornalismo e deixou a sua marca com a histórica Rádio “Maldita”
Morre o jornalista Luiz Antonio Mello, aos 70 anos
Foto do autor A Tribuna A Tribuna
Por: A Tribuna Data da Publicação: 30 de abril de 2025FacebookTwitterInstagram
Reprodução

Com muito pesar, o Jornal A TRIBUNA informa a morte do jornalista Luiz Antonio Mello, conhecido como LAM, aos 70 anos, em Niterói, vítima de uma parada cardíaca enquanto fazia um exame de ressonância. Ele estava internado no Hospital Icaraí. LAM se recuperava de uma pancreatite.

LAM, um apaixonado por Niterói, por rock e por jornalismo, começou sua carreira em 1971, no Jornal de Icaraí e no ano seguinte, foi para a Rádio Federal, em 1972. Passou ainda pela Rádio Tupi, Rádio Jornal do Brasil e Jornal Última Hora.

Até que em 1981, foi o cérebro do projeto "Maldita", da Rádio Fluminense FM. A rádio Fluminense revelou grandes nomes na música, especialmente a geração 1980 do rock nacional e grandes profissionais da imprensa. Foi um marco na história da comunicação do país.

 

 



“Um dia, eu e o Samuca (Samuel) Weiner, meu amigo já falecido, fomos levar um programa chamado “Rock Alive”.  Chegando lá, falamos com o superintendente do Grupo Fluminense, que era o Ephrem Amora, e ele disse que o negócio dele era mais jornal, não rádio. Nós saímos de lá cabisbaixos, achando que não ia dar certo. No dia seguinte, ele deixou um recado na secretária eletrônica do Samuca, dizendo que queria falar conosco. Chegando lá, ele perguntou se, em vez de um programa, não queríamos montar a rádio inteira. Eu fiquei em uma euforia. Porém, 15 dias depois, o Samuca disse que não daria pra ficar.

Acabamos ficando eu, Sérgio Vasconcellos e Amaury Santos, que é meu colega também  editor em A TRIBUNA e começamos a montar a rádio, em junho de 1981. Vale ressaltar que a construção da rádio foi muito técnica. Já que íamos tocar bandas de som pesado, íamos falar com voz suave, para compensar. Além disso, não havia nenhuma rádio com vozes femininas. Era um machismo enorme.

Fizemos um concurso para locutoras, e mais de 300 mulheres se candidataram. A estreia foi na madrugada de 1º de março de 1982 e estávamos eu, Sérgio e Amaury. Nos abraçamos e dissemos “Fluminense FM Maldita!”. Não sabíamos, mas estávamos carimbando o apelido, já que ela era maldita por tocar o que era considerado maldito pelo mercado”

Em 1985 deixou a Fluminense para participar da implantação da Globo FM.

De 1985 a 1990 foi consultor de marketing avançado do departamento internacional da gravadora Polygram, responsável pelas campanhas de lançamento de álbuns do Dire Straits, Tears for Fears, Jimi Hendrix, Supertramp, Janet Jackson, Eric Clapton e outros 82 artistas. Foi responsável pelo lançamento da gravadora Windham Hill Records no Brasil (label norte-americano líder mundial em new age music) e do projeto Música dos Anos 1990 da Warner Music.

Em 1986 foi para a Rede Manchete, onde atuou como diretor do Domingo Especial e redator-chefe do programa Shock, dirigindo aproximadamente 200 musicais internacionais para a emissora.

Como produtor musical, trabalhou nos discos de Celso Blues Boy (Som Na Guitarra) e de Antônio Quintella (Araribóia Blues, Os Intocáveis), coletâneas do The Who, Jimi Hendrix e na série On The Road, entre outros.

 

 

Assumiu em 1989 a presidência da Funiarte (Fundação Niteroiense de Arte). Nos anos 1990, coordenou um projeto chamado "Música dos Anos 90", pela gravadora Warner Music.

Foi colunista ainda dos jornais O Pasquim, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo, Jornal Opinião e Folha de Niterói e desde 2021, era editor do jornal A TRIBUNA.

Foi diretor de criação da Tech & Midia Comunicação Integrada, editor de cultura da revista de arte Caffè Magazine, cronista do jornal International Magazine e vários outros veículos.

Em 2005 fez parte da equipe que fundou a BandNews FM, sucursal Rio de Janeiro e onde era colunista até hoje. Além disso criou a rádio online Rádio LAM, com milhares de acessos.

Escreveu ainda os livros Nichteroy, Essa Doida Balzaka (1988), A Onda Maldita (1992), Torpedos de Itaipu (1995), Manual de sobrevivência na selva do jornalismo (1996), Jornalismo na Prática (junho de 2006) e 5 e 15, Romance Atonal Beta (junho de 2006)

 

 


LAM era um apaixonado pela vida, pela música e pelo jornalismo. Revelou e projetou profissionais que estão em todos os segmentos da imprensa e tinha uma visão única musical, a ponto de ser o cérebro de uma rádio que revolucionou a forma que se ouvia música.

Essa história está no filme  "Aumenta que é Rock'n Roll". Dirigido por Tomás Portella, o filme retrata o surgimento da primeira rádio de rock brasileira, que foi um marco na década de 1980. O longa acompanha a trajetória de Luiz Antônio (Johnny Massaro) e seus colegas, que criaram a rádio em Niterói e revolucionaram a programação musical no país. A história desse gênio está eternizada.

 

 



O cantor e amigo Lobão, prestou uma homenagem em suas redes sociais: 
“Luiz Antonio Mello, meu amado amigo, irmão e herói nos deixou hoje. Com ele encerra-se uma era de ouro do Rock .Vai com Deus, meu irmão querido”

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