Memórias de Niterói: doutor Altamyro Vianna
Memórias de Niterói: doutor Altamyro Vianna
Foto do autor Célio Junger Vidaurre Célio Junger Vidaurre
Por: Célio Junger Vidaurre Data da Publicação: 11 de Novembro de 2023FacebookTwitterInstagram

 

Quando em 1916 nascia o menino Altamiro Vianna no município de Campos, no norte fluminense, ninguém poderia imaginar como o último de uma família de seis irmãos teria uma vida dura, muito dura, na infância, pois, desde cedo, pelas circunstancias que foi obrigado a passar, foi professor de si mesmo. Birinho, como era chamado, estudava matemática em papel de pão com livros que haviam sido usados e enviados por seu irmão mais velho, que estudava na capital. Chegou a ter que dividir os sapatos com o irmão Alberto, depois o vitorioso Dr. Alberto Belga Vianna. 

Depois da morte do pai, Altamiro e Alberto vieram morar em Niterói com uma irmã. Estudaram no Liceu Nilo Peçanha. O destino do menino pobre, que era hábil em matemática e que sonhava ser engenheiro começou a ser transformado quando conheceu sua amiga, esposa e companheira de todas as horas, Dra. Florisbela Vianna, a Dra. Belinha e, aí, as portas se abriram para que seguisse medicina na então nova Faculdade Fluminense de Medicina. Estudante destacado, formou-se em 1940 e entrou para o exército (O Brasil vivia tempos complicados na Ditadura de Getúlio Vargas) e foi transferido para Foz do Iguaçu. Lá foi realizado o casamento entre o Dr. Altamiro e Dra. Belinha, mulher destemida para os padrões da época, tendo aceitado casar indo para uma Foz do Iguaçu selvagem. 

Fizeram amigos e criaram animais silvestres de estimação por lá. Posteriormente, ainda no exército, retornaram a Niterói, tendo o Dr. Altamiro atuado no Forte Imbuí, em Jurujuba. Logo o casal teve sua primeira filha Gilda e cinco anos mais tarde, Alexandre, ambos nascidos pelas mãos do amigo pessoal, Dr. Carlos Tortelly. A vida desse nobre médico foi de muita luta, passou a dar aulas de ginecologia e obstetrícia da UFF e logo, logo, sagrou-se professor titular. Dr. Altamiro obteve êxito por todos os lugares que passou, era de uma inteligência privilegiada

Seus contemporâneos sabiam de sua personalidade vivaz, de grande humor e genialidade. Cientista, deu à medicina inúmeras contribuições cientificas. Foi um dos fundadores da Academia Fluminense de Medicina e seu ex-presidente em 1977. Participou de inúmeras associações, entre elas a AMB. Consagrou-se emérito da Academia Fluminense em 1985. Foi fundador e diretor do Hospital e Maternidade Santa Rosa e fez nascer milhares de niteroienses, operou e fez curar outros milhares de pacientes, que vinham de todo o Estado para com ele se tratar. 

Foi por mais de 50 anos um dos mais notáveis seres aplicados à sua profissão. Conseguiu aliar alta técnica e competência ao amor e humildade. Sempre de conduta retilínea, sua força de espírito inabalável e sua paixão ardorosa pela medicina, associadas a uma competência profissional e um raciocínio rápido e criativo fizeram de Altamiro Vianna um vulto reconhecido por todos os setores que passou. Ainda deu grande contribuição no combate a AIDS, tendo estudado arduamente a doença. Isso ocorreu quando já passava dos 50 anos de profissão no início de 1990. 

Infelizmente, faleceu aos 87 anos quando vivia lutando contra o Mal de Alzheimer em 2004. Contudo, ainda bem que, o Dr. Altamiro, sem precisar exatamente o que seria da vida de seus pacientes que, aparentemente, ficariam órfãos após a sua morte, mas, não, sabia, perfeitamente, que aqui já estava seu filho e também ginecologista, obstetra e mastologista, Dr. Alexandre Vianna, de mesma índole e também de grande competência e humildade. Então, quase 20 anos se passaram e o eterno médico jamais foi esquecido. Gratidão ao Dr. Altamiro Vianna!...  

 

O DESTINO É UMA QUESTAO DE ESCOLHA E QUE PRECISA SER CONQUISTADO.

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