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A Prefeitura de Maricá deu início a uma importante obra ambiental que vai desassorear o Canal da Costa da praia do Recanto, em Itaipuaçu. A cargo da autarquia Serviços de Obras de Maricá (Somar), a intervenção consiste na colocação de um espigão de fixação, também conhecido como guia-corrente, que vai manter o fluxo de renovação de águas do canal
A estrutura de aproximadamente 400 metros lineares trará também melhorias de macrodrenagem, permitindo escoar rapidamente a água causada por chuvas na bacia hidrográfica, além de proteger a navegação de pequenas embarcações de pesca. A obra está prevista para ser concluída no primeiro semestre de 2026.
“Essa obra vai permitir a troca de águas entre o Canal da Costa e o mar, garantindo toda a estabilidade hídrica. O canal se fecha em períodos de marés elevados. A intervenção vai garantir que o trecho fique aberto permanentemente, permitindo que embarcações consigam atracar dentro dessa área do guia corrente. É uma obra de grande porte que trará muito ganho para a cidade”, disse o presidente da Somar, Jorge Heleno, destacando que esta é a primeira obra portuária realizada pelo município.
Licenciamento e estudos ambientais
A Secretaria de Cidade Sustentável solicitou um planejamento de engenharia para examinar a viabilidade da execução do projeto. O trabalho inicial foi desenvolvido e testado em laboratório pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidrográficas (INPH) do Ministério dos Transportes, responsável pelos estudos de cálculos por meio de modelagem matemática da propagação das ondas vindas da região offshore, até chegar ao resultado final.
No relatório, foram apresentados cálculos estruturais referentes aos volumes dos enrocamentos de proteção (estrutura amortecedora formada por pedras, destinada à proteção de taludes e canais contra efeitos erosivos), desde a seleção de rocha na pedra até a sua colocação no local. O guia-corrente, chamado informalmente de molhe de fixação, receberá ainda gradis, bancos, luminárias e escadas em pontos selecionados nos taludes.
Também foram elaborados diversos planos ambientais relacionados à fauna, à poluição do ar e à poluição sonora, transporte de carga de pedras para o mar, entre outros planejamentos, para então obter todas as autorizações necessárias dos órgãos. Entre os documentos, estão licenças concedidas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), pela Capitania dos Portos e pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU).
De acordo com o INPH, outros guia-correntes já foram construídos no Canal da Joatinga, na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e no rio Camboriú, na cidade de mesmo nome em Santa Catarina.
Características e logística da obra
O espigão do guia-corrente foi submetido a estudos de estabilidade em modelos físicos reduzidos, de forma a otimizar sua estrutura, sob as condições extremas de projeto. A rocha a ser empregada terá de três a seis toneladas e deverá ser inalterável à ação dos agentes atmosféricos, ao ataque químico pela água do mar e às alternâncias de imersão.
Para o transporte e arrumação dos blocos de rocha, a Somar utilizará maquinários pesados, como caminhões, guindaste e tratores com lanças e caçambas com capacidade de içamento e lançamento adequados. A construção contará ainda com um serviço especializado de mergulhadores para verificações e acompanhamentos topográficos periódicos do local.