O Centro de Inovação em Aquicultura de Maricá (Ciamar) iniciou, na última quinta-feira (23), os testes com sua ração própria para camarões. A unidade, localizada na Fazenda Pública Joaquín Piñero, no Espraiado, faz parte de um complexo industrial pesqueiro que inclui a produção de crustáceos, tilápias e a fabricação de rações específicas para cada espécie.

Os testes já mostram resultados promissores. Tilápias alimentadas com a ração própria apresentaram um ganho de peso 90 gramas superior ao das que consumiram a ração comercial. Esse desempenho reforça a vantagem de um alimento produzido localmente, com controle total da formulação e qualidade dos ingredientes. “Além disso, a proximidade da fábrica garante que a ração chegue mais fresca aos tanques, preservando melhor os nutrientes”, explicou Rosana de Oliveira, engenheira de pesca e nutricionista da Fábrica de Rações.

Atualmente, o Ciamar mantém quatro tanques povoados: dois com camarões e dois com tilápias. Em cada espécie, um grupo recebe ração comercial e o outro, a ração produzida no centro. Segundo Khauê Vieira, coordenador do Ciamar, todos os fatores ambientais são controlados para que a única variável seja a alimentação. “A diferença no crescimento se deve exclusivamente à ração balanceada que desenvolvemos aqui”, afirma. O ganho de peso mais rápido acelera a produção, permitindo mais ciclos em menos tempo.

A fabricação própria também considera as necessidades específicas de cada espécie. Tilápias, que se alimentam na superfície, recebem uma ração flutuante, enquanto camarões, que se alimentam no fundo, precisam de uma ração mais densa. Além disso, as tilápias exigem menos proteína do que os camarões, que possuem uma dieta mais carnívora.

Outro diferencial é a adição de nutrientes essenciais. Como camarões não possuem memória imunológica, a ração específica inclui aditivos para fortalecer seu sistema imunológico. “Na ração comercial, esses aditivos ficam na superfície do grão e parte se perde na água. Com a produção própria, garantimos que eles estejam incorporados na ração, assegurando que os animais recebam a quantidade necessária”, destacou Khauê.

O projeto, uma iniciativa da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), busca fortalecer a produção local, reduzir custos e aumentar a eficiência da aquicultura no município.