A expressão "menos um bandido na rua" não é uma realidade para comerciantes da Avenida Ewerton da Costa Xavier, mais conhecida como Avenida Central, em Itaipu, Região Oceânica de Niterói. Pelo menos quatro deles tiveram suas lojas invadidas e furtadas na semana passada, todas durante à noite ou madrugada.

O ladrão, que foi preso por policiais da Operação Segurança Presente de Niterói nesta segunda-feira (2), furtou também um veículo. Apesar dos crimes confessos e das quatro anotações criminais que já tinha por tráfico de drogas, violência doméstica e injúria, ele acabou sendo liberado para responder aos inquéritos em liberdade.

Vídeos de ações dele, que foi identificado apenas como Felipe, de 24 anos, morador de Itaipu, circulam por grupos do WhatsApp. Informados sobre descrição do bandido, os agentes avistaram ele, por volta das 16h35, na esquina da Avenida Ewerton da Costa Xavier com a Rua Professora Angelina Petrópolis. Ao ser abordado e questionado sobre os crimes, o acusado assumiu os furtos.

Os responsáveis por três das lojas foram até 81ª DP (Itaipu) e o reconheceram graças as imagens das câmeras de segurança, que foram entregues aos policiais.

"O delegado pediu a prisão temporária dele, mas ele foi para casa com a mamãe, que foi buscá-lo na delegacia", disse o proprietário da Luigi Sorvetes, Humberto Campero.

Humberto teve a sua loja invadida e furtada no dia 31 de agosto, por volta das 1h47. A ação do criminoso durou três minutos, tempo suficiente para levar R$ 550 em espécie e três potes de sorvetes de R$ 10. As imagens mostram ele chegando à loja e forçando a porta de vidro até conseguir abri-la.

Após entrar no local, ele coloca um capuz para tentar esconder o rosto, que foi filmado pelas câmeras de segurança antes dele cobrir a cabeça. A ação durou menos de dois minutos.

"Foi a primeira vez que isso ocorreu desde 2018. Pretendo colocar porta de aço novamente, pois eu acreditava que já podíamos colocar porta de vidro blindex, uma vez que esse tipo de atitude não corresponde à Região Oceânica", disse o comerciante.

"Eu retirei a porta de aço para dar lugar a porta de correr de vidro, para dar um clima mas moderno e sofisticado, porém me arrependo. Temos que voltar aos tempos da grades e nos esconder", complementou, indignado.

Outros casos

Na mesma rua e na mesma noite, uma loja de luminárias foi invadida e furtada pelo mesmo homem, por volta das 22h40. O bandido conseguiu abrir a porta após forçá-la, cobriu o rosto e ficou no local por menos de dois minutos. Em um certo momento, ele tira a camisa do rosto, mas as câmeras não conseguem captar a face dele.

O criminoso mexeu nas prateleiras do balcão de atendimento e conseguiu levar um celular, uma caixa de som e um biscoito. O proprietário não quis falar sobre o caso, mas esteve na delegacia registrando ocorrência.

No dia seguinte, 1º de setembro, entre 4h e 4h30, o ladrão invadiu e furtou uma loja que vende açaí e sorvetes. A ação dele durou menos de três minutos, e o acusado estava sem o rosto coberto.

O dono do estabelecimento comercial contou que teve um prejuízo de mais de R$ 1 mil, incluindo cinco picolés, uma gaveta do caixa eletrônico quebrada, o dinheiro que estava dentro dela levado e a porta estourada. 

"O rapaz pulou o portão e estourou a porta. Roubou cinco picolés, num total de R$ 15, e estourou a gaveta do caixa no chão. Ela custa em torno de R$ 500. Levou R$ 240  que estavam dentro dela. Além disso, teve a porta estourada", contou o lojista Gustavo Branco.

"Eu fui ontem à delegacia fazer o boletim de ocorrência, ele confessou todos os crimes, todas as lojas que ele invadiu, e saiu de lá com a mãe impunemente. Nós temos testemunhas, pessoas que fizeram reconhecimento dele através de vídeos, imagens e presencial, ele e réu confesso, mas foi embora pra casa, como se nada tivesse acontecido", reclamou.

O quarto comerciante não quis prestar queixa na delegacia e não respondeu as mensagem e ligações da reportagem do jornal A Tribuna. A ação do criminoso durou pouco tempo. Ele usou a camisa para cobrir o rosto e revirou o estabelecimento atrás de algo que pudesse levar. Nosso espaço está aberto para que ele possa falar sobre o caso.

A Tribuna não conseguiu contato com o dono do veículo furtado na  Avenida Ewerton da Costa Xavier. Nosso espaço está aberto para que ele também possa falar sobre o caso.

O que dizem as polícias Civil e Militar

Nós entramos em contato com a equipe da 81ª DP (Itaipu), que não respondeu as mensagens e ligações. De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, os agentes informaram que o homem foi conduzido por policiais militares à delegacia e liberado porque não houve flagrante.

A Polícia Civil informou ainda que, de acordo com os agentes, ele é investigado por envolvimento em furtos cometidos na região. Diligências estão em andamento para concluir esses inquéritos e, posteriormente, encaminhá-los à Justiça.

Já a Polícia Militar informou que o comando do 12º BPM (Niterói) realiza o planejamento operacional através da análise da mancha criminal da região e das informações de inteligência.

A PM disse ainda que a unidade tem empregado reforço de equipes através do Regime Adicional de Serviço (RAS), com policiais intensificando as abordagens sistematicamente e cumprindo roteiros ostensivos e de baseamento definidos estrategicamente.

A Polícia Militar ressalta a importância de que a população colabore realizando denúncias - o telefone do Disque-Denúncia é (21) 2253-1177 - ou, para casos urgentes, faça o acionamento através da Central 190 ou pelo App 190. Os registros em delegacias da Polícia Civil também são essenciais para que os envolvidos sejam identificados.