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Juliana Marins não resistiu e é encontrada morta
Equipe de resgate chegou até o corpo da niteroiense nesta terça-feira (24)
Juliana Marins não resistiu e é encontrada morta
Foto do autor João Eduardo Dutra João Eduardo Dutra
Por: João Eduardo Dutra Data da Publicação: 24 de junho de 2025FacebookTwitterInstagram

A niteroiense Juliana Marins, que havia caído em um trilha guiada no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia, na última sexta-feira (20) e aguardava resgate há mais de 85 horas, infelizmente não resistiu e faleceu. Os resgatistas conseguiram chegar até o local onde a brasileira estava, mas já a encontraram sem vida.

A informação foi confirmada pelo perfil Resgate Juliana Marins, criado pela família da niteroiense no último domingo (22), para compartilhar informações sobre o caso, após uma série de notícias falsas vindo da Indonésia. “Hoje (24), a equipe de resgate conseguiu chegar até o local onde Juliana Marins estava. Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebidos”. Disse a nota.

O acidente aconteceu às 19h da última sexta-feira (20) e a brasileira aguardou por mais de 85 horas o resgate que não veio. Foram mais de três dias de angústia, com informações falsas, buscas interrompidas e uma geral falta de urgência com o caso. Nas primeiras imagens, captados por drones de turistas, mostravam Juliana se movimentando enquanto aguardava, porém, nesta segunda-feira (23), o Parque Nacional Gunung Rinjani informou que novas imagens mostravam a niteroiense “visivelmente imóvel”.

Segundo informações, Juliana caiu há cerca de 300 metros da trilha, mas acabou escorregando mais a fundo e chegou a ficar mais de mil metros de distância do local. Juliana, que é publicitária e de Niterói, foi com uma empresa de viagens da Indonésia realizar a trilha. Ela estava realizando um mochilão pelo sudeste asiático e já havia passado por outros países antes de chegar à Indonésia.

A tentativa de resgate frustrou todo o Brasil, que acompanhou o desenrolar do caso desde sábado (21). Primeiramente, autoridades locais divulgaram informações falsas que diziam que as equipes tinham alcançado Juliana e entregado água e comida para ela. Além disso, o ritmo lento em que as tentativas foram feitas também foram alvos de críticas, com as buscas sendo interrompidas ao anoitecer, equipamentos inadequados e a não utilização de um helicóptero até esta terça-feira (24).

O descaso foi tanto que, apesar de ter sofrido o acidente na sexta-feira (20), o Parque Nacional Gunung Rinjani só suspendeu as visitas e as trilhas no local onde o resgate deveria ser feito nesta terça-feira (24), três dias depois em que o drama de Juliana começou. 

Quem acompanhava o caso ainda tentava manter a esperança, torcer por um milagre, mas cada hora que se passava mais difícil era a situação de Juliana. Nesta terça-feira (24), infelizmente, a confirmação do pior chegou. Juliana aguardou mais de 85 horas, com sede, com fome, com frio, pelo resgate que não veio. 

O Monte Rinjani, localizado na ilha de Lombok, Indonésia, é o segundo vulcão mais alto do país, com 3.726 metros. Ainda ativo, é um dos principais destinos turísticos da região, atraindo trilheiros e montanhistas. A trilha já registrou 180 acidentes e 8 mortes nos últimos cinco anos, segundo dados oficiais do governo indonésio.

Buscas interrompidas

As tentativas de resgate foram feitas em um ritmo frustrantemente lento, tendo que ser interrompidas por diversas vezes devido às condições climáticas e ao anoitecer. As equipes que estavam trabalhando para salvar Juliana pararam na parte da noite, quando escurece, e só retornavam pela manhã. Além disso, segundo informações, por volta das 16h no horário local, uma forte neblina toma conta da montanha, o que impossibilita a continuidade das buscas.

Especialista comenta

Montanhista há mais de 50 anos e guia amador do Centro Excursionista Petropolitano (CEP), André Ilha comentou o caso. Segundo ele, além da falta de água e comida, que já é grave, a exposição prolongada aos elementos poderia levar a um quadro de hipotermia. “É uma situação crítica. O corpo humano tem limites, principalmente em altitudes elevadas e sob baixas temperaturas.”

Questionado sobre os riscos desse tipo de aventura, André é categórico: “Essa atividade não beira o perigoso, ela é perigosa. O ideal é que a pessoa vá se preparando aos poucos, com caminhadas cada vez mais exigentes, para entender como reage diante das dificuldades.”

Campanha pelo resgate

A família de Juliana Marins criou um perfil nas redes sociais para divulgar informações sobre o caso e fazer uma campanha pedindo que as autoridades locais resgatem a brasileira. Criado na manhã deste domingo (22), após a família desmentir as informações de autoridades locais e brasileiras, o perfil já passa dos 1,5 milhão de seguidores e gerou uma corrente de solidariedade nacional com artistas e influenciadores divulgando o caso e pedindo a prontidão das autoridades para salvar Juliana.

Além disso, diversos brasileiros “invadiram” os perfis de autoridades da Indonésia e do Brasil, cobrando a solução para o resgate. A página do presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, a página oficial do país e da Embaixada Brasileira em Jacarta são algumas que foram invadidas com milhares de comentários brasileiros, pedindo o salvamento da niteroiense. Além dessas, a página do presidente Lula também recebeu uma avalanche de mensagens sobre o caso.

Prefeitura de Niterói se manifesta

A Prefeitura de Niterói se manifestou através de um post em suas redes sociais: “É com imensa tristeza que recebemos a notícia do falecimento de Juliana Marins, jovem niteroiense que perdeu a vida em um trágico acidente durante uma trilha no vulcão do Monte Rinjani, na Indonésia. Neste momento de luto, manifestamos nossa solidariedade aos familiares, amigos e a todos que estão sentindo a ausência de Juliana. Desejamos força e serenidade para atravessar este período de profunda dor.”

Itamaraty se pronuncia

O governo brasileiro comunica, com profundo pesar, a morte da turista brasileira Juliana Marins, que havia caído de um penhasco que circunda a trilha junto à cratera do Mount Rinjani (3.726 metros de altura), vulcão localizado a cerca de 1.200 km de Jacarta, na ilha de Lombok. Ao final de quatro dias de trabalho, dificultado pelas condições meteorológicas, de solo e de visibilidade adversas na região, equipes da Agência de Busca e Salvamento da Indonésia encontraram o corpo da turista brasileira.

A embaixada do Brasil em Jacarta mobilizou as autoridades locais, no mais alto nível, para a tarefa de resgate e vinha acompanhando os trabalhos de busca desde a noite de sexta-feira, quando foi informada da queda no Mount Rinjani. O governo brasileiro transmite suas condolências aos familiares e amigos da turista brasileira pela imensa perda nesse trágico acidente.

 

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