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'Ela deixa um legado de muita alegria', diz Manoel, pai de Juliana Marins
Amigos e familiares se despediram da publicitária, que morreu aos 26 anos, ao cair de uma trilha na Indonésia
'Ela deixa um legado de muita alegria', diz Manoel, pai de Juliana Marins
Foto do autor Leonardo Brito Leonardo Brito
Por: Leonardo Brito Data da Publicação: 04 de julho de 2025FacebookTwitterInstagram
Foto: Jullia Paiva/A TRIBUNA

Muita tristeza e emoção. Uma dor irreparável de uma perda incompreensível, no auge de sua alegria e juventude.  Amigos e familiares deram o último adeus a niteroiense Juliana Marins, que tinha apenas 26 anos quando morreu após cair em uma trilha no Vulcão Rinjani, na Indonésia.

A cerimônia aconteceu no cemitério Parque da Colina, em Pendotiba, Niterói e começou às 10 da manhã. No início era aberta ao público que logo marcou presença para prestar sua última homenagem. De familiares, amigos, até populares e curiosos: Todos foram dar o último adeus a quem tinha uma alegria linda de viver. A tristeza era nítida para quem chegava mas havia a certeza de que Juliana jamais será esquecida.

Por volta de 11h da manhã, Manoel Marins, pai de Juliana, chegou ao lado da mãe, Estela Marins e parou para falar com a imprensa sobre a negligência que a filha sofreu e sobre o legado deixado pela jovem. Manoel em longo pronunciamento, ainda agradeceu aos jornalistas pelo trabalho realizado durante a cobertura do caso.

 

 

"Foi um descaso com a vida humana, negligência, precariedade de serviços para a aquele país. 
Deveria ter mais estrutura. Se a Defesa Civil fosse acionada imediatamente, certamente daria tempo de salvar a minha filha. O parque, quando entrou em contato com o Serviço de Defesa Civil, foi muito tempo depois do acidente. Se eles tivessem agido assim que o diretor do parque recebeu a informação do acidente provavelmente o desfecho seria outro. Mas quando eles entraram em contato, já era tarde demais. Aquela primeira imagem de drone que aparece Juliana acenando, ela foi feita no ângulo que parece que Juliana está em um platô, digamos assim, mas não. Ela estava já em uma ribanceira, outras imagens mostraram. Então, era um lugar muito íngreme. Certamente, Juliana não aguentaria muito tempo ficando ali com aquele declive tão grande. Eu soube agora pela embaixada que o próprio governo central da Indonésia está revendo os protocolos de resgate. E eu disse a eles: Se vocês conseguirem fazer essa revisão e evitar que novas mortes aconteçam, sentirei que tudo isso não será em vão.“, afirmou Manoel.

O pai relatou que se não fossem os voluntários, Juliana provavelmente não seria resgatada

“Quando alguém sofre um acidente na Pedra da Gávea ou em qualquer outro lugar, a gente vê os bombeiros nossos chegando rapidamente para o socorro.”Só que fora do Brasil, principalmente nesses países mais pobres, as coisas não acontecem assim. Mas deveriam acontecer, porque os recursos para isso não são muito grandes. Não é necessário despender muito recursos. O pessoal do Bassarnas, coitado, o Bassarnas é o nome da Defesa Civil de lá, eu ficava até com pena deles. Eles têm boa vontade, eles têm muita vontade, mas eles não têm recurso. Inclusive, se os voluntários não tivessem chegado, é bem provável que Juliana não fosse resgatada. Porque o pessoal da Defesa civil de lá conseguiu chegar até 400 metros. Juliana estava a 600 metros. Aqueles últimos 200 metros só foram alcançados pelos voluntários”, afirmou

Manoel ainda explicou o porquê da filha ser enterrada e não cremada, o que era desejo dela e da família e se especulava.

“Ela foi enterrada porque nós tínhamos solicitado ao juiz através da Defensoria Pública que ela pudesse ser cremada mas o juiz tinha negado porque, pela forma da morte, o ideal seria que ela fosse enterrada, para o caso de precisarem fazer uma exumação futura. Só que agora, de manhã, quando eu acordei, eu fui surpreendido pela notícia de que a defensoria tinha conseguido que ela fosse cremada. Mas aí nós já tínhamos decidido mesmo pelo sepultamento. Então, ela vai ser sepultada. E o laudo ainda vai sair. Nós estamos de posse apenas da que foi feita na Indonésia, mas que também não tem valor aqui no Brasil. Então, precisa mesmo que seja feito aqui no Brasil, como foi feito, mas o resultado ainda vai demorar um pouco. Provavelmente na semana que vem.”, afirmou.

 

 

 

Estela Marins, mãe de Juliana

A lembrança que Juliana deixa, segundo o pai, é a melhor possível.

"Muita alegria. Bate saudade dela. Ela era meiga e tinha um sorriso maravilhoso. Será que um dia essa saudade vai diminuir ? Não sei. Ela não está presente mas espiritualmente está. Está presente em nosso coração"

Por volta das 11h30, Mariana, irmã de Juliana, chegou ao cemitério mas não deu entrevistas. A cerimônia aconteceu até às 15h com o enterro, onde contou apenas com parentes e amigos próximos.  Juliana se vai mas fica o sorriso doce, a alegria de viver e paixão pelas coisas que fazia.


Em depoimento logo após o enterro, Mariana Marins fez uma declaração em que ressaltou o amor pela irmã e agradeceu a todos que fizeram parte da busca e a quem mandou boas mensagens e energias.

"Juliana tinha muita força, ensinou a gente a amar. Ela teve uma passagem muito rápida por aqui. Ela nos ensinava a acreditar mais nos nossos sonhos.  Sinto muitas saudades dela. Ela não era só uma irmã, ela era minha amiga. E quando a gente perde uma amiga é ruim, uma irmã é pior ainda. ", afirmou.
 

Mariana Marins

 

O corpo de Juliana Marins está no Rio desde a noite da última terça-feira (1), após chegar de São Paulo, vinda de mais de 20 horas de viagem da Indonésia, em um avião da Força Aérea Brasileira. O exame de necropsia ocorreu na última quarta-feira (2) no Instituto Médico Legal, na zona portuária do Rio e o resultado deverá sair até a próxima quarta (9), já que a família não reconhece o resultado do exame feito na Ásia. A Polícia Civil continuará participando do caso para saber também o que causou de fato a morte de Juliana.
 

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