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Dois universitários britânicos, em viagem de comemoração à graduação em engenharia, foram vítimas do golpe conhecido como “Boa Noite, Cinderela” na Zona Sul do Rio de Janeiro. O caso, que já ganhou destaque na imprensa internacional, é investigado pela Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat).
A história teve início na noite da última quarta-feira (7), quando os turistas conheceram três mulheres durante uma roda de samba na Lapa, região boêmia do Centro do Rio. O grupo seguiu para bares na Zona Sul, chegando até a praia de Ipanema.
De acordo com a Polícia Civil, as suspeitas, identificadas como Amanda Couto Deloca, 23 anos, Mayara Ketelyn Américo da Silva, 26, e Raiane Campos de Oliveira, 27 — todas moradoras do complexo do Chapadão — compraram caipirinhas para os universitários.
Um dos turistas relata que tomou dois goles da bebida e logo em seguida perdeu a consciência. “Não lembro de mais nada depois disso”, disse. O vídeo que viralizou mostra o momento em que um dos britânicos cambaleia na orla e cai desacordado na areia da praia. O outro amigo, ainda alterado, tentou ajudar, mas também foi prejudicado pela substância dopante.
Prejuízo financeiro e perda de celulares
A quadrilha roubou o celular de um dos turistas — que, antes de apagar, jogou o aparelho na areia e depois não o encontrou mais — e realizou gastos no valor de 2 mil libras, cerca de R$ 15 mil na cotação atual. O banco confirmou que fará ressarcimento da maior parte do valor.
A polícia apurou que os dispositivos levados foram um iPhone 16 e um iPhone 14, pertencentes às vítimas. O entregador que filmou a cena, ao notar que algo estava errado, pediu socorro e auxiliou no acionamento da polícia, ajudando na identificação das suspeitas.
Suspeitas e histórico criminal
Raiane Campos de Oliveira, uma das mulheres identificadas, tem mais de 20 passagens pela polícia, incluindo prisões recentes pelos mesmos tipos de crime — dopar e roubar turistas.
“Ela acabou de sair da prisão, foi presa outras duas vezes e tem antecedentes por associação criminosa, ameaça e vários roubos com esse mesmo modus operandi. É um crime muito grave. Precisamos de leis mais duras para que essas pessoas fiquem mais tempo presas”, afirmou a delegada Patricia Alemany, responsável pela investigação.
As outras duas mulheres também são conhecidas de investigações por praticarem crimes similares em pontos turísticos como Lapa, Pedra do Sal, Copacabana, Ipanema e Leblon.
Novas linhas de investigação
A polícia solicitou imagens das câmeras de segurança na orla de Ipanema, onde ocorreu o incidente, e aguarda o resultado do exame toxicológico para identificar a substância usada nas vítimas. Além disso, investiga se outras pessoas podem ter participado do golpe, já que as suspeitas foram vistas conversando com terceiros por telefone durante o ocorrido.
“Durante a noite, elas estavam constantemente em contato com outra pessoa, aparentemente recebendo orientações. Queremos descobrir quem mais está envolvido nessa quadrilha”, disse a delegada.
Repercussão internacional
O caso ganhou destaque em importantes tabloides britânicos. O The Sun classificou o episódio como um “momento chocante” e destacou o aumento da prática do golpe no Brasil, citando substâncias como Rohypnol e GHB.
O Daily Mail publicou o vídeo do turista cambaleando na orla, ressaltando que o crime aconteceu “na famosa praia de Ipanema”. Já o The Mirror enfatizou que investigadores brasileiros procuram o grupo suspeito de conspirar para drogar e roubar turistas.
Os dois britânicos, em sua primeira visita ao Brasil, passaram 10 dias no Rio sem problemas até o incidente. “Talvez não tenha sido um dia, mas por enquanto já foi suficiente de Brasil”, disse um deles.
Alerta aos turistas
A delegada Patricia Alemany reforça o alerta a todos que visitam o Rio de Janeiro: “Tenham cuidado ao conhecer pessoas na rua, não aceitem bebidas oferecidas por desconhecidos e nunca bebam no mesmo copo. Esses golpes são extremamente perigosos e podem causar danos graves.”
As investigações continuam em andamento, e a polícia solicita que qualquer vítima de golpes semelhantes registre ocorrência e forneça provas para auxiliar na captura dos criminosos.