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Gilson Peranzzetta tem um piano elegante (João Donato)
Gilson Peranzzetta tem um piano elegante (João Donato)
Foto do autor Aquiles Reis Aquiles Reis
Por: Aquiles Reis Data da Publicação: 25 de setembro de 2024FacebookTwitterInstagram
Foto: Reprodução

O pianista, compositor, arranjador e maestro Gilson Peranzzetta está lançando Aprendi com Donato (Mills Records), uma homenagem ao saudoso João Donato, com quem já dividiu palcos e gravações. Para tanto, Peranzzetta convidou instrumentistas virtuosos e, ao seu piano, ajuntou a batera de João Cortez e os baixos acústicos e elétricos de três contrabaixistas que se revezaram para tocar com ele: Alexandre Cavallo, Zeca Assumpção e Didier Fernan, além da participação especial de Mauro Senise (sax alto e flauta). Criou também arranjos para canções que distinguiram a carreira de Donato. O repertório é uma extraordinária amostra da genialidade de João Donato. Eis algumas músicas.

“Aprendi Com Donato” (Gilson Peranzzetta): o piano inicia. Logo vem o sax alto. A batera de Cortez pulsa. A delicadeza da melodia prevalece. O suingue ajusta a pegada com o baixo acústico (Alexandre Cavallo). O piano improvisa num intermezzo com o DNA de Gilson. Pinta o sax alto, encorpado, puxando o improviso para si, e é como se “chorasse”  o som de Senise é raro.

“Emoriô” (João Donato e Gilberto Gil): batera, piano e baixo acústico (Didier Fernan) dão conta do recado. Simplicidade é mais, é tudo de belo, inclusive pela consciência musical de Gilson, pois seus arranjos revelam empatia com a obra de Donato. O suingue impera.

“A Paz” (João Donato e Gilberto Gil): o piano toca a intro e vai à melodia. Cortez toca a batera levemente. O baixo acústico (Zeca Assumpção) segura as pontas. O arranjo é lindo. O intermezzo do piano antecede a volta da melodia, que nos induz a cantar a letra de Gil.

“Simples Carinho” (João Donato e Abel Silva): bela música com letra inspirada do Abel. O trio a tudo engrandece, revelando a capacidade que tem Donato de criar belezas como se fosse fácil. Gilson fez um arranjo sem prosopopeias desnecessárias, que nada acrescentariam.

“A Rã” (João Donato e Caetano Veloso): o balanço da música pulsa no piano, acende na batera e pontifica no baixo acústico (Zeca Assumpção). O arranjo de Peranzzetta tem levada sagaz. Novamente o piano sola a melodia, permitindo que se cantarole os versos.

“Até Quem Sabe” (João Donato e Lysias Enio): Donato e seu irmão Lysias Enio compuseram a canção, um clássico da música brasileira. Desde a intro, o piano se mostra irrepreensível, com destaque para a harmonia de Peranzzetta. A reverência paira no ar, mas sem descuidar de criar detalhes que embelezem ainda mais a obra de Donato.

“Valsa” (João Donato): obra inédita de João Donato, dos anos 1970, quando ele vivia nos Estados Unidos. A flauta toca a intro. Logo a tampa vai fechando devagar, como se não quisesse acabar, querendo prolongar a sensação causada durante toda a audição de um trabalho feito por instrumentistas que sabem o valor de seu ofício para a vida de quem os ouve.

 

Aquiles Rique Reis

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Ouça o álbum:

https://drive.google.com/drive/folders/1-_kPrWvkPXEEWjzzRe2vVyzYjFqPp__q?usp=drive_link

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