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Com: JOÃO EDUARDO DUTRA
A bola oval promete deixar de ser o símbolo de um esporte meramente popular nos Estados Unidos e se internacionalizar no restante do planeta. Para isso, está sendo feito um investimento intenso por parte da National Football League (NFL), a liga de futebol americano, em popularizar o campeonato fora da terra do Tio Sam.
Um símbolo dessa empreitada pode ser observado na entrada do Flag Football nas Olimpíadas de Los Angeles em 2028. Afinal, os jogos são nos Estados Unidos, então o esporte mais popular do país, não poderia ficar de fora.
Apesar dos Estados Unidos serem a maior potência no esporte, é praticado pelo menos há duas décadas no estado do Rio.
No Brasil, a principal liga de futebol americano no Brasil possui 72 equipes, com cinco mil praticantes, sendo que, existem outras ligas de “FABR”, como é chamado pelos praticantes em solo tupiniquim.
O jornalista Ubiratan Leal, do canal ESPN, afirma que o Brasil tem chances de fazer boa participação nas Olimpíadas, porém, o maior problema seria se classificar. Afinal, nossa seleção competiria com outras seleções do continente, que são as maiores potências do esporte.
“O Brasil é até relativamente competitivo no flag football, mas ainda é um esporte que está crescendo. Se as Américas entrarem com uma vaga só, o Brasil tem problema, porque vai ter que competir com a seleção dos Estados Unidos, do Canadá e do México, que são países mais estruturados no futebol americano como um todo”, afirma o jornalista.
Para Rodrigo Moizéis, que joga na posição “cornerback” no Floripa Ghosts, de Santa Catarina, o cenário brasileiro ainda está em desenvolvimento.
“Ainda é um esporte amador. Ninguém ganha para jogar Flag no país. Mas é um esporte que tem crescido muito. O número de participantes, o desenvolvimento de projetos de base. O flag é um esporte novo, que nasceu nos anos 2000. No Brasil, desde 2013 temos campeonatos nacionais, e desde 2018 com times de todas as regiões”, diz o atleta.
Além dos clubes que praticam o Flag Football, Rodrigo Moizéis ainda destaca o trabalho realizado pela seleção brasileira no esporte.
“O projeto da seleção do Brasil é bem estruturado. Além das seleções principais, tanto masculino quanto feminino possuem seleções regionais. Então tem seleção norte, seleção sul e eles trabalham o desenvolvimento da seleção. Então dá mais de 100 atletas envolvidos com o projeto tanto da seleção masculina quanto da feminina”, diz Rodrigo Moizéis.
Para Rodrigo, apesar do cenário amador, o esporte está bastante difundido no Brasil, e, para quem tem interesse, não é difícil achar times locais espalhados por diferentes cidades.
“Se você mora numa cidade de mais de 100 mil habitantes e, até algumas menores também, você, com certeza, vai encontrar um time de Flag ou de Futebol Americano da sua região. Se você tem realmente interesse em participar é só procurar nas redes sociais o seu time que, com certeza, tem”, explica Rodrigo Moizéis.
A bola oval em Niterói
Niterói é um exemplo disso. A bola oval também voa pelos ares da Cidade Sorriso, através da equipe Dark Owls, que joga torneios nacionais de futebol americano, bem como, também pratica flag football.
“Particularmente, o Futebol Americano é o esporte mais democrático que tem. O Futebol Americano permite todos os biotipos a jogarem no mesmo campo, e em certos casos, ao mesmo tempo. Isso que torna esse esporte tão especial, ele não te limita fisicamente, abrindo espaço para pessoas que amam esportes, mas por alguma limitação ou outra não possam praticá-los”, destaca o vice-presidente do Dark Owls, Rafael Miranda.
A equipe nasceu da junção de dois times do Leste Fluminense em 2017, o São Gonçalo Shadows, que tinha como mascote o “carrasco sombrio” e o Niterói Federals, que era representado pela “coruja”. Assim foi criada a “Coruja Sombria”, em inglês, Dark Owls.
Uma conversa entre os antigos presidentes, deu um fim e uma pequena rivalidade que ambos os times tinham, assim chegando no acordo da fusão e que seria melhor para ambos não disputarem os mesmos atletas e criando uma equipe forte do lado de cá da poça.
O Niterói Federals foi criado em 2013 e disputou diversos campeonatos em diferentes modalidades, principalmente as Full Pads, com todo o equipamento tradicional do esporte nos Estados Unidos, mas o primeiro torneio da história da equipe foi o Mangaratiba Bowl, de Futebol Americano de areia. O São Gonçalo Shadows veio três anos depois, em 2016, a princípio jogando sem Pads, mas realizou seu primeiro jogo com todo o aparato no final desse mesmo ano.
Após a fusão no final de 2017, o Dark Owls disputou a série B do nacional de Futebol Americano em 2018 e 2019.
Em 2023, o Dark Owls voltou a suas origens e disputou mais um campeonato de areia, o Carioca Bowl. A equipe surpreendeu no torneio e conquistou a terceira posição na tabela. No último domingo (22), as Corujas do Leste Fluminense enfrentaram os campeões da competição, os Falcões, em um amistoso na Praia de Botafogo, e saíram vitoriosos, mostrando a evolução da equipe e a perspectiva de briga por títulos em futuro não tão distante.
A equipe tem autorização para treinar no campus da Universidade Federal Fluminense (UFF), mas com as obras que estão sendo realizadas, o local ainda não está liberado para o uso. Esse também é o principal motivo para a modalidade Full Pad não ser mais praticada pela equipe, que pretendia voltar após a pandemia, mas ainda aguarda a liberação para treinar na UFF.
Atualmente, o Futebol Americano de areia é o carro chefe da equipe. Porém, o time pretende voltar com a categoria Full Pad assim que os treinamentos foram liberados na UFF. Além disso, o Dark Owls começou a dar seus primeiros passos no Flag Football, quem sabe até visando uma Olimpíadas em 2028.
“Estamos engatinhando ainda. Estamos treinando para em breve entrar no circuito de campeonatos de flag”, finaliza o vice-presidente, Rafael Miranda..