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Pedalar em Niterói está cada vez mais difícil. Principalmente no Centro, Icaraí e Santa Rosa. O número de casos de furtos de bicicleta aumentou em 74,54% em maio de 2024, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Houve um salto de 55 para 96 ocorrências, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP).
Isso dá uma média de pouco mais de três casos por dia. Se levar em consideração os cinco primeiros meses do ano, a média vai para aproximadamente 1,7 registros diários.
De janeiro a maio de 2024 foram 273 casos desta modalidade de crime na cidade, contra 153 no mesmo período de 2023. O que significa um aumento de 78,43%. A maior incidência ocorreu nas regiões da 76ª DP (Niterói) e 77ª DP (Icaraí).
Professor de jiu-jitsu, Adriano Sicoli teve a bicicleta preta da marca Lev furtada dentro do Shopping Camboínhas Mall, nesta sexta-feira (28). Imagens de câmeras de segurança do estabelecimento mostram um homem vestido de preto e usando mochila levando o veículo, que está a com tranca, sem ser incomodado.
Apesar de ainda não estar incluso nessas estatísticas, ele faz parte de um grupo que se sente cada vez mais inseguro de sair para andar de bicicleta.
"Nós vivemos um momento de insegurança. Eu trabalho aqui há oito anos e isso nunca havia acontecido comigo. E o shopping tem segurança, mas o cara foi audacioso. Ele conseguiu levar a bicicleta do estacionamento tranquilamente", disse Adriano, que já tinha sido alertado pelos alunos.
"Meus alunos já tinham comentado sobre uma onda de furtos a bicicletas elétricas na Região Oceânica. Eles (ladrões) vendem a bateria de lítio para comprar crack. Isso é um absurdo!", disse Adriano.
"E o mais triste é que a policial me disse que eles costumam ser presos, vão para o presídio e depois são soltos", complementou.
O ladrão, Antônio Miguel de Souza Junior, de 41 anos, acabou sendo preso por policiais da Operação Segurança Presente na tarde desta sexta-feira (28), na Rua Marquês de Paraná, no Bairro de Fátima, Centro de Niterói. A bicicleta foi recuperada sem a bateria, que acabou sendo vendida. Ele já tinha anotações criminais pelos crimes de furto e ameaça e foi encaminhado para a 76ª DP (Niterói).
Integrante do coletivo Pedal Sonoro, Luís Araújo acredita que o aumento do número de usuários de bicicletas gerou um mercado paralelo, com pessoas querendo comprar peças por um valor mais baixo.
"Aumenta o número de ciclistas, cria-se um mercado. A própria bicicleta passa a ter mais valor nesse submundo. Isso, na verdade, evidencia o aumento da utilização da bicicleta em Niterói. E isso é parte do aumento de furtos. Claro que existe um outro lado, que são fatores mais ligados à segurança pública. Mas não existem furtos de patins, porque não é tanta gente que usa patins, logo, não gera o mercado paralelo, explicou.
Ciclista há mais de 35 anos e líder do grupo Amigos do Pedal, Érlon Terra afirma que se sente preocupado com esse aumento dos casos de furtos de bicicleta. Ele diz não se sentir seguro quando sai para pedalar pelas ruas de Niterói.
"Me sinto muito preocupado, pois não me sinto seguro. Não vejo os órgãos e autoridades fazendo nada a respeito. Meu equipamento é bem caro. Foi um investimento alto para atender a demanda de lidar com centenas de ciclistas do grupo. Em abril invadiram a casa do meu irmão e furtaram uma bicicleta dele, no Fonseca", disse.
O que diz a PM
A Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que a corporação atua constantemente contra os roubos e furtos do patrimônio público e privado. Os comandos das unidades distribuem o policiamento por meio de viaturas e motopatrulhas diuturnamente, sempre de maneira estratégica e de acordo com a mancha criminal das regiões.
Além disso, os bairros de Niterói recebem policiamento com viaturas baseadas e com rondas. As regiões também recebem apoio dos militares de equipes através do Regime Adicional de Serviço (RAS), com policiais intensificando as abordagens sistematicamente e cumprindo roteiros ostensivos e de baseamento definidos estrategicamente.
Os casos citados podem ser considerados como crimes de oportunidade, em que o criminoso espera uma brecha para agir após observar a vítima.
A Secretaria de Estado de Polícia Militar ressalta a importância do acionamento de suas equipes para casos imediatos através da Central 190 e do App RJ 190, assim como a importância dos registros dos crimes nas delegacias, o que proporciona um direcionamento das análises das manchas criminais locais mais preciso e efetivo.