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Cerca de 100 mil famílias de São Gonçalo e Niterói ainda estavam sem energia elétrica na noite desta segunda-feira (20), 48 depois que as fortes chuvas afetaram a infraestrutura de energia da Enel.
Na ocasião, a Justiça determinou que a energia fosse restabelecida em Niterói em até 6h, sob multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento. O prazo já chegou ao fim e a falta de luz persiste em algumas regiões.
"É absolutamente compreensível que, em primeiro momento, pudéssemos todos ter que suportar a interrupção de energia que se verificou, notando-se a sabida fragilidade da rede de distribuição, exposta que é. Porém, realmente não se pode entender como minimamente razoável que após longo período ainda não se tenha normalizado a prestação do serviço essencial", afirma parte da decisão do Juiz Marcelo Chaves.
O Terminal Rodoviário João Goulart, localizado no Centro de Niterói, vem sofrendo com a falta de energia desde sábado. Quem passava pelo local precisou acender a lanterna do celular para chegar as baias dos ônibus. Lojas e quiosques deixaram de funcionar, e hoje pela manhã não foi diferente.
A TRIBUNA entrevistou Fernando, que é guarda municipal do terminal. Responsável por fiscalizar a segurança do local, ele relatou que comerciantes e lojistas amargam prejuízo devido a falta de energia.
“Em decorrência das fortes chuvas iniciadas no último sábado, muitos comerciantes acabaram ficando no prejuízo, pois a partir do momento que a loja ou quiosque se fecha, eles acabam perdendo dinheiro. E como você pode ver, isso aqui é cercado de lojas e quiosques, imagina o prejuízo na hora de pagar os funcionários? É um absurdo esse descaso da Enel”, ressaltou.
Em nota, divulgada no começo da tarde desta terça-feira (21), o Terminal Rodoviário de Niterói detalhou:
" A interrupção de energia em Niteroi e São Gonçalo, desde sábado, dia 18 de novembro de 2023, que se estende até hoje em muitos locais na região, atingiu também o Terminal Presidente João Goulart. Desde sábado trabalhamos com diesel, que atende somente, mas ainda de forma precária, o escritório da empresa e as áreas comuns do Terminal, como banheiros, plataformas, pequenas lojas etc.
Estamos ainda sem elevador e as grandes lojas - que tem medidores próprios e contas na ENEL - ainda estão sem luz, causando grande prejuízo aos comerciantes. Confiamos nas autoridades a cobrança de providências urgentes pela empresa ENEL, responsável pela energia de Niteroi, São Gonçalo e região."
A Prefeitura informou que as unidades de saúde do município estão com o funcionamento normal, com energia elétrica. No entanto, sete escolas municipais estão sem energia.
“A Secretaria Municipal de Educação comunica que sete unidades escolares ainda estão sem energia elétrica. São elas: UMEI Profª Marilza Conc. Rocha Medina, UMEI Nilo Neves, UMEI Rosalina Araújo Costa, UMEI Portugal Pequeno (funcionando apenas em uma fase), E. M. Anísio Teixeira, E. M. Darcy Ribeiro, E. M. Jorge Nassim Vieira Najjar e E. M. Paulo Freire (funcionando apenas com uma fase). Das sete unidades, seis estão com as aulas suspensas hoje, com exceção da E. M. Paulo Freire que recebeu os alunos para garantir a alimentação”, informou por meio de nota.
Em São Gonçalo, o problema continua. A Prefeitura informou que as redes de educação e saúde também foram afetadas pela falta de energia.
Em nota, o órgão municipal informou que 15 escolas municipais, cerca de 4,5 mil alunos, e nove postos de saúde permanecem fechados. Foi informado, ainda, que equipes seguem nas ruas realizando reparos e dando suporte às ações da Enel, na tentativa de dar mais celeridade aos trabalhos.
Houve protestos nas regiões de Niterói, São Gonçalo, Maricá e Itaboraí por conta da falta de energia. Em Niterói, moradores chegaram vias importantes como a Avenida Marques do Paraná, no Centro, ateando fogo e impedindo a passagem dos motoristas. A Alameda São Boaventura, no Fonseca, também conteve interdições devido à falta de luz.
Já em São Gonçalo, a BR-101/RJ foi paralisada no sentido Gradim por conta de manifestações. Moradores chegaram a cercar um dos carros da concessionária devido à falta de energia elétrica no bairro de Trindade.
Nas redes sociais, internautas chegaram a compartilhar informações sobre a morte de um funcionário enquanto tentava reparar os postes de energia, entretanto a informação só veio a ser confirmada na noite desta segunda-feira (20), pela própria empresa. O caso teria acontecido no bairro do Boassú, também no município gonçalense.
"A Enel Distribuição Rio lamenta profundamente o acidente ocorrido hoje (20/11) com um Eletricista de uma empresa prestadora de serviços da companhia durante um atendimento de emergência em São Gonçalo. A Enel está em contato permanente com a empresa parceira desde que tomou conhecimento do acidente, para apurar as circunstâncias do ocorrido.", informou a empresa, por meio de nota”, informou por meio de nota.
Uma equipe também foi cercada por moradores no bairro de Itambi, em Itaboraí. Na ocasião, os populares ficaram tão irritados com a demora no restabelecimento de energia que chegaram a 'sequestrar' uma equipe da empresa distribuidora de luz.
Em nota, a Enel informou que 97% dos clientes afetados pela intensa tempestade registrada na noite de sábado (18/11), na área de concessão da empresa, tiveram o serviço normalizado. O evento climático, com chuva, fortes rajadas de vento e descargas atmosféricas, causou danos severos à rede elétrica de várias cidades fluminenses, interrompendo o fornecimento de energia. Seguimos com reforço adicional de equipes em campo, trabalhando 24 horas por dia para finalizar o atendimento às ocorrências de todos os clientes afetados.
Em Niterói e São Gonçalo - cidades mais atingidas neste momento - houve um reforço ainda maior de equipes entre ontem (20) e hoje (21) para acelerar o atendimento das ocorrências remanescentes.