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Em uma época em que guerras vêm assombrando a humanidade, a exposição “Sulear” tem como objetivo levantar bandeiras a partir de uma perspectiva inédita, dos povos “do Sul”, se contrapondo à forma colonial de visão de mundo, tanto em prol da preservação ambiental e mudanças climáticas, quanto a temas caros à contemporaneidade.
O evento será inaugurado nesta quinta-feira (9), as 16 horas, e vai permanecer até 16 de dezembro, com curadoria de Isabela Simões e produção cultural de Augusto Herkenhoff, que propõem aos artistas do Coletivo Zagut a ocupação do pátio externo do Centro Cultural dos Correios do Rio de Janeiro (CCC –RJ), de forma a dialogar com o transeunte que, apesar de passar pelo corredor cultural carioca, nem sempre entra nas instituições culturais.
A COP28, encontro anual das Nações Unidas em torno do clima, será concomitante à exposição e é uma esperança para que avanços substanciais ocorram com a reunião de líderes mundiais, após passados 31 anos da pioneira ECO92, ocorrida em terras cariocas, e mais de cinco décadas da instituição pela ONU do Dia Mundial do Meio Ambiente.
O objetivo é que até 2050 se consiga a emissão "zero de carbono", de forma a garantir a sobrevivência da espécie humana, entre outras, em seu planeta.
As obras também poderão ser vistas por meio de um catálogo de arte, em formato de livro, em plataforma editorial e em galeria virtual.
“A arte feita por artistas latino-americanos reflete a vivência de povos que têm enorme sabedoria, mas que em geral não são considerados centrais nas reflexões mundiais. Em especial em relação à ecologia, essas nações têm uma perspectiva bastante interessante quando comparada aos países considerados centrais do norte”, aponta a curadora da mostra Isabela Simões.
Quando Torres Garcia realizou em 1943 o desenho “América Invertida”, de forma a explicitar o que escrevera em 1935, a “Escuela del Sur”, simbolizou a importância da América Latina se conscientizar de forma a que o posicionamento norte-cêntrico não seja o seu guia, construindo suas próprias perspectivas, incluindo a sabedoria dos povos originários e a revisão de princípios normalizados pela colonização europeia (decolonização), ampliando a visão de mundo para uma maior aceitação de diferenças e fortalecendo a democracia.
O brasileiro Marcio D’Olne Campos contrapôs “sulear” a “nortear”, e o neologismo foi usado por Paulo Freire.
O artista uruguaio também é um modelo para a Zagut, através da criação de coletivos de artistas que partilham o amor pela arte, sérias pesquisas em seus trabalhos e alguns posicionamentos comuns, como ocorreu nos grupos que criou “Cercle et Carré”, enquanto morava em Paris e no Ateliê Torres García/ “Escuela del Sur”, ao voltar para Montevideu, após 40 anos no exterior.
O Relatório Síntese do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) foi divulgado em março deste ano. Coloca claro o maior impacto da crise ambiental em países com menor poder de riqueza, por déficit de estruturas para planos e prevenção.
Vale ressaltar que ao longo do tempo foram os países mais ricos que emitiram a maior parte das emissões de carbono.
A COP28 que ocorrerá este ano em Dubai, representa importante esperança para que se haja união para organizar financiamentos para países mais pobres, de forma a que o mundo consiga efetivamente avançar no assunto, crucial para a sobrevivência da humanidade.
O Brasil, apesar de atrasos ocorridos nos últimos anos, tem inúmeras práticas inovadoras em relação ao meio ambiente. Sua população originária tem conhecimento profundo em relação ao convívio pacífico com a natureza, que pode e deve ser melhor aproveitado. Há um posicionamento político de forma a que a questão seja gerenciada prioritariamente, com ambiciosos indicadores.
A Zagut vem sistematicamente propondo aos artistas do coletivo temas que abordem a questão da ecologia e do meio ambiente, assuntos já comuns entre artistas, assim como outros de importância para o mundo contemporâneo, como desigualdades, cultura brasileira, etc. É uma forma de ativar a reflexão de cada um que participe como artista e como fruidor da exposição, tocando em nosso íntimo, de forma a nos comprometer, fazendo com que mudanças ocorram, possibilitando o futuro.
Os artistas que participarão da Sulear 2023 são Adriana Montenegro, Alê Silva, Ana Cristina Teixeira, Ana Luiza Mello, Ana Mattos, Ana Paula Alves, Ana Schieck, Andres Papa, Augusto Herkenhoff, Bahie Banchik, Belladonna, Betty Zajdenwerg, Carla Crocchi, Cerise E., Christiano Whitaker, Conceição Durães, Daniela Versiani, Daniele Bloris, Débora Guimarães, Deneir, Dora Portugal, Dulce Lysyj, Gilda Goulart, Graci Kaley, Hortensia Pecegueiro, Ilda Fuchshuber, Isabella Marinho, Iraceia de Oliveira, Jaci Rabelo, Jarbas Paullous, Jeferson Lopes, Jorge Cerqueira, Lando Faria, Laudy Mendes, Leila Bokel, Lénn Cavalcanti, Leticia Potengy, Lia do Rio, Liana González, Lucia Lyra, Lu Guedes, Malu Mattos, Marcelo Veiga, Marcio Kozlowsky, Maria Beatriz Trevisan, Maria Cecília Leão, Marise Barros, MarQo Rocha, Marta Bonimond, Mauricio Theo, Mauro Kleiman, Miro PS, Morgana Souto Maior, Patricia Torelly, Pujolll, Regina Moura, Renato Shamá, Roberta Costa, Roberta Salgado, Ronald Duarte, Rose Aguiar, Rose Nobre, Salazar Figueiredo, Sandra Schechtman, Silvana Godoy Câmara, Silvio Moréia, Sissi Kleuser, Sonia Xavier, Teresinha Mazzei, Theo Gomes, Vanize Claussen, Victor Pereira, Vilma Lima, Vitoria Sztejnman, Yannick Nouailhetas, Zacarias Gama, Zaba, Zizi Pedrossa.
Serviço:
Local: Centro Cultural Correios RJ. Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro, Rio de Janeiro – RJ
Visitação: de 9 de novembro a 16 de dezembro