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A exposição “Tesouros Ancestrais do Peru” entrou em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB Rio).
As 162 peças apresentadas, em cerâmica, cobre, ouro, prata e têxteis, permitem uma viagem pelas antigas civilizações andinas até a cristalização do Império Inca.
A entrada é gratuita e os ingressos podem ser retirados na bilheteria ou pela internet (bb.com.br/cultura). A exposição funciona de quarta a segunda, das 9h às 20h.
Reconhecido como patrimônio pelo Ministério da Cultura do Peru, o conjunto raro de objetos descobertos em diversas expedições arqueológicas pertence à Fundação Mujica Gallo e faz parte do catálogo do Museo Oro del Perú y Armas del Mundo.
Com curadoria de Patricia Arana e Rodolfo de Athayde, a mostra é dividida em cinco blocos temáticos: Linha do tempo, Mineração, Divindades e Rituais, Cerâmica e Têxteis e Colonização, além de apresentar ao público um dos mais importantes acervos da história das civilizações.
“A escolha dessa exposição no aniversário de 34 anos do CCBB Rio estimula um importante debate sobre a memória latino-americana e seus processos de colonização”, afirma Sueli Voltarelli, Gerente Geral do CCBB Rio de Janeiro. “É uma oportunidade e tanto de conferir a complexidade de técnicas e saberes de civilizações que habitaram a região quanto de reconhecer o apagamento do legado desses povos em decorrência da ação de colonizadores”, completa.
Após a temporada na capital fluminense, Tesouros Ancestrais do Peru segue para os Centros Culturais Banco do Brasil Belo Horizonte (21 de fevereiro a 6 de maio), Brasília (28 de maio a 11 de agosto) e São Paulo (4 de setembro a 26 de novembro).
A exposição foi selecionada no Edital de Patrocínio CCBB 2023-2025, sendo a primeira dentre as aprovadas a serem realizadas pelos Centros Culturais Banco do Brasil. A mostra é patrocinada pelo Banco do Brasil e BB Asset Management, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A organização é da Arte A Produções.
Para Mário Perrone, Diretor Comercial e de Produtos da BB Asset, o apoio da gestora à exposição demonstra o compromisso em valorizar a arte e a cultura como pilares para uma sociedade mais inclusiva e participativa.
"Essa iniciativa evidencia não apenas nossa contínua dedicação à difusão de atividades culturais e artísticas, mas também reforça nossa convicção no valor intrínseco que essas atividades conferem à sociedade. Vamos além do nosso core business, pois entendemos que iniciativas como esta são essenciais para a valorização da diversidade e da história de diferentes povos", destaca o diretor.
As peças em exibição foram produzidas entre 900 a.C e 1600 d.C. Traços culturais dos povos andinos são revelados em utensílios como depiladores, bolsas, penachos, máscaras funerárias e coroas feitas de ouro. Há também blocos dedicados à cerâmica e aos objetos têxteis, como jaquetas, gorros e sapatos. No catálogo estão ainda cinco Tumis, espécies de facas ornamentais usadas durante cerimônias de sacrifícios de animais e, em casos excepcionais, de humanos.
“O desenvolvimento de todas essas culturas revela um acúmulo histórico notável de conhecimentos e a maestria em diversas técnicas e ofícios, refletidos na elegância e complexidade das peças apresentadas. A habilidade na mineração e na confecção de objetos feitos de ouro, prata, cobre e outros minerais atinge um nível de sofisticação excepcional, mesmo nas civilizações mais antigas”, explicam os curadores.
Se destaca ainda que essas sociedades não faziam uso do dinheiro como instrumento de intercâmbio econômico, em contraste com a valorização do ouro e da prata acumuladas como reservas de capital pelos europeus.
Para essas culturas, os metais possuíam valor simbólico e ritualístico, além de conferir distinção social, evidenciada na arte meticulosamente elaborada nas peças da exposição.
“Cada objeto contém em seu feitio informações preciosas sobre religiosidade, rituais, cotidianidade e técnicas empregadas. Eles revelam também estruturas sociais complexas e uma vasta gama de conhecimentos, representados em itens como tigelas, copos, ornamentos, machados, cerâmicas e têxteis que compõem a mostra”, comenta Athayde.
Os curadores da mostra apontam que, apesar de essas civilizações não terem um sistema de escrita alfabética e desconhecerem os fundamentos da economia comercial e monetária no sentido dos europeus, desenvolveram noções sofisticadas de matemática e contabilidade. Usavam objetos como os Quipus, um complexo sistema de cordas e nós pelo qual faziam os registros, e as Yupanas, instrumentos de cálculo baseado no sistema decimal, que permitiam uma administração funcional da economia desse enorme império.