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Especialistas apontam caminhos sobre a proibição dos celulares nas escolas
Lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mais de 90% dos jovens do país usam internet e 84% possuem celular.
Especialistas apontam caminhos sobre a proibição dos celulares nas escolas
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Por: Leonardo Brito Data da Publicação: 14 de janeiro de 2025FacebookTwitterInstagram
Foto: Agência Brasil

Os celulares, tablets e computadores fazem parte da nossa vida e estão com a gente em todos os momentos. 

E cada vez mais cedo, as crianças e adolescentes estão integrados com a vida digital. 

Estudos já mostraram que 93% das crianças e jovens de nove a 17 anos são usuários de internet no país. 

Dados do IBGE de 2023, apontam que 54,8% das crianças e adolescentes entre 10 e 13 anos de idade tinham um celular e que esse percentual chega a 84% em jovens acima de 14 anos.

A desigualdade entre classes socioeconômicas, porém, continua: enquanto nas classes AB quase a totalidade da população dessa faixa etária possui aparelho celular (97%), o número cai para 80% na classe C e 77% nas D e E.  

Outro estudo mostrou que a taxa de uso de celular desse público no Brasil chega aos incríveis 96%, bem acima da média global tornando o Brasil um dos líderes nesse quesito.

Todo esse assunto vem a tona justamente com a sanção do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)  da Lei 15.100/2025 que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos, em especial o celular durante todo o período de aulas, recreios e intervalos na educação básica. 

A única permissão para o uso dos dispositivos será para o que é chamado de uso pedagógico, determinados pelas instituições de ensino.

Os estados e municípios, em parceria com as comunidades escolares, serão responsáveis por definir os formatos mais adequados para a implementação da lei.

O Ministério da Educação (MEC) diz que garantirá o apoio técnico às redes de ensino para que a adaptação às novas normas seja tranquila e eficiente.

Para Hugo Silva, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), não basta apenas proibir o celular, é preciso que a escola e as aulas sejam mais atrativas. 

“Não é proibir o celular na sala de aula que vai garantir que os estudantes tenham mais atenção nas aulas ou que se interessem mais pela escola. Com toda certeza, eu vou preferir, enquanto estudante, olhar dez TikToks do que assistir uma aula que eu acho chata ou que eu acho que não me agrega em nada. Então, acho que a gente precisa fazer essa discussão.”, diz o estudante.

Para a diretora do Instituto GayLussac, Luiza Sassi, a proibição dos celulares na escola é uma ação fundamental e preventiva em relação a saúde mental das crianças e jovens.

Luiza Sassi, Diretora do Instituto GayLussac/Divulgação

"O Instituto GayLussac adotou essa medida em 2005 durante as aulas e em 2021 estendemos para os horários de recreio e intervalo. 

"Na volta as aulas pós pandemia já era evidente a fixação e a relação dependente dos aparelhos celulares. O importante a ser ressaltado é que isso não impede o uso de tecnologias e inovação que as escolas podem fazer uso de modo pedagógico. 

"O que está se tentando prevenir com essa medida é o comportamento passivo e danoso das redes sociais que o maior canal utilizado pelas crianças e jovens. Na minha opinião o que urge ser discutido é a regulação das redes sociais que vem afetando a estrutura psíquica das crianças e violando a proteção a criança.", afirmou a educadora.

Já para o professor do departamento de Psicologia da Universidade Federal Fluminense (GSI/UFF), Elton Hiroshi Matsushima, autor do artigo “Crianças/adolescentes e a internet: ameaças ao desenvolvimento cognitivo e socioemocional”, a exposição sem controle aos aplicativos de celulares gera efeitos nocivos ao desenvolvimento de crianças e adolescentes fazendo alterações no cérebro de quem faz uso excessivo de telas.

"Há uma série de evidências científicas que indicam que o vício em internet, diretamente associado ao uso excessivo de telas (TV, computador, videogame e celulares) altera a conectividade funcional no cérebro e as funções cognitivas e socioemocionais. 

"Os estudos sustentam a ideia de que as questões psicológicas são causadas pela reorganização funcional de amplas redes cerebrais.", afirmou o professor. 
 

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