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“Em terra de egos, quem vê o outro é rei”
“Em terra de egos, quem vê o outro é rei”
Foto do autor Patrícia Tavares Patrícia Tavares
Por: Patrícia Tavares Data da Publicação: 05 de abril de 2025FacebookTwitterInstagram

Talvez não precisássemos de religião se as pessoas conseguissem, de fato, se colocarem no lugar do outro e evitassem fazer aos outros aquilo que não gostariam que fizessem consigo.

A Bíblia já dizia:

“Façam aos outros aquilo que vocês querem que eles façam a vocês. Isto é, em poucas palavras, o ensino da Lei de Moisés e dos Profetas.” (Mateus 7:12)

Palavras de deboche, brincadeiras de mau gosto, falas preconceituosas... Tudo isso representa desrespeito. Cada pessoa é única, tem sua história, suas dores, suas conquistas e sua forma de ser.

Alguém pode estar enfrentando um problema sério — algo que, para você, parece engraçado — e ainda assim se tornar alvo de uma “brincadeira”. No entanto, para quem vive a dor, não há graça alguma. Pode ser motivo de profunda tristeza, limitações e grandes desafios. Respeitar a história do outro é um dos pilares mais importantes da convivência.

O respeito absoluto à singularidade de cada ser humano é a base da empatia, da amizade e da cooperação.

Vivemos em uma sociedade extremamente competitiva. Desde pequenos, somos treinados para competir. Mas o que isso representa nas relações humanas?

Desde cedo, as crianças competem como se precisassem diminuir o outro para se destacar. Como se o valor pessoal dependesse da capacidade de apagar o brilho alheio para que a própria “grandeza” se sobressaísse. E, para isso, vale tudo: evidenciar os defeitos dos outros, dar ênfase ao que há de pior, zombar das vulnerabilidades.

Contudo, esse é um grande equívoco.

Ninguém se torna melhor por diminuir alguém. Cada um tem seus pontos fortes e fracos, sua essência, sua história. Ninguém é perfeito. Apontar as fragilidades do outro não elimina as suas. Pelo contrário, quando reconhecemos e valorizamos as qualidades de alguém, contribuímos para que essa pessoa floresça, colabore mais com o grupo e some forças.

Família, amigos, amores, colegas de trabalho — todos podem ser pontos de apoio e de inspiração. Podem destacar o que o outro tem de melhor, em vez de reforçar suas vulnerabilidades.

Quando alguém desmorona diante de você, sente-se triste ou fragilizado, não é momento para julgamento ou crítica. É momento de cooperação. É hora de enxergar que aquela pessoa é muito mais do que o instante de fragilidade. Ela carrega potências, histórias, afetos, talentos.

Todos nós temos pontos vulneráveis, dificuldades, dores. E, só porque não estão aparentes, não significa que não existam. A vida é ampla, e o tempo, extenso. Não sabemos por onde os pés do outro caminharam. Aquilo que você hoje julga pode, amanhã, ser uma experiência sua.

E, por melhor que alguém seja, inevitavelmente cometerá erros. Todos enfrentaremos adversidades. Somos humanos. Somos imperfeitos. Somos perecíveis.

A melhor forma de atravessar a jornada da vida é com cooperação. É exercendo a fraternidade, reconhecendo o tempo como mestre, compreendendo em vez de acusar, acolhendo em vez de excluir. É perceber que cada pessoa possui sua condição, seu tempo, seu valor.

Li uma frase que me tocou profundamente:

“Em terra de egos, quem vê o outro é rei.”

(Autor desconhecido)

Essa frase expressa, com simplicidade e profundidade, a necessidade de sair do olhar centrado em si mesmo e enxergar verdadeiramente o outro. Isso exige coragem e humildade — mas é possível. Sempre é possível construir pontes entre as pessoas, em vez de cavar abismos.

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